Findo o Campeonato Baiano de Futebol, com o chorado bi rubronegro, não há tempo para muita comemoração, porque já no sábado próximo começa o Nacional, bem mais difícil e complicado. O Vitória, bi baiano, enfrenta o sempre poderoso Cruzeiro, campeão mineiro e com jogadores que conhecem muito bem o terreno do Barradão - Apodi, Leandro Domingues e o artilheiro Boliviano.
O rubronegro não fez um grande campeonato baiano. Andou tropeçando, com muitas mudanças no setor de meio campo e uma defesa frágil. O título só veio na chegada da reta final, foi decidido por fração de segundos, graças à experiência, fundamental, de Ramon Menezes nos jogos finais, e às brilhantes atuações do insinuante atacante Marquinhos, menino do Prado, no Sul da Bahia.
Para um campeonato de primeira divisão, onde joga a elite, competem os melhores do futebol brasileiro, esse time do Vitória carece de reforços. Um bom goleiro, alas, reservas para o meio campo (sobretudo para Ramon), mais um goleador para fazer sombra a Rodrigão e entrosamento - conjunto, um sistema de jogo que dificulte a ação dos adversários e consiga fazer gols.
Apesar da euforia toda da conquista arrancada a fórceps, esse time não merece a confiança da torcida. Precisa melhorar muito ou corre o risco de ficar entre os últimos e cair novamente para a segundona, uma condenação.
Já o Bahia, até que fez até um bom campeonato - nos limites do seu elenco, longe da torcida, sem a Fonte Nova -, mas não levou. E a série B é um desafio e tanto. Começa enfrentando o Fortaleza, campeão cearense e osso duro de roer, em Feira de Santana (portões fechados???), distante da massa tricolor, fundamental na história do clube.
O time entregou o campeonato ao Vitória em dois jogos. Um em Feira de Santana, contra o próprio rubronegro, quando Ramon Menezes mandou em campo e tudo conspirou a favor do triunfo do Vitória: arbitragem, expulsões, nervos à flor da pele, um placar adverso e elástico.
A porrada foi tamanha que o tricolor entrou grogue, totalmente desarrumado contra o Itabuna, levando um chocolate de 3 x 0, fatal para sua pretensões ao título. Ali, o Bahia entregou a taça ao rival, por força das mudanças que o treinador fez na escalação do time, em todos os setores. O Itabuna passeou em campo.
De nada adiantou a exibição heróica nos impensáveis 5 x 0 de domingo sobre o PP Vitória da Conquista. O rubronegro chegou um nariz à frente e papou o caneco.
Mas é bom que se diga: com esse timeco aí, o Bahia está longe, muito longe de disputar uma vaga na série A e, ouçam bem, corre o risco de ficar entre os últimos, o que seria o enterro derradeiro do clube.
O time resiste no gramado graças a um esquema de três zagueiros e quatro marcadores no meio campo, implantando ainda pelo treinador Arturzinho, ano passado. Faltam bons reservas para os bons zagueiros titulares (Marcone, Rogério, Alison, Fausto), faltam bons meias criadores (e não me citem Elias, por favor) e inexistem os chamados atacantes goleadores.
Ou seja, há deficiências graves em todos os setores do time e o campeonato é longo, desgastante, não se ganha com apenas os onze em campo.
Embora culpado (e assumiu a culpa) pelo fiasco em Itabuna, fatal para a perda do tão esperado e até merecido título, o treinador Comelli mostrou trabalho e deve ficar - até porque mudar agora é um suicídio -, mas precisa de plantel, de opções, de jogadores que decidam, assumam a responsabilidade em campo, chamem o jogo e façam gols.
Gol é o objetivo maior do futebol e é inconcebível que atacantes passem três, quatro jogos sem tentar um só chute, uma só cabeçada ao gol adversário.
Os artilheiros do campeonato baiano foram Souza, do Fluminense e Tatu, do Conquista.
Alguma proposta? Os melhores meias do baianão foram Cleber, Rafael e Jânio; o melhor zagueiro foi Artur. Todos do Conquista e do Itabuna. Bons, melhores e mais baratos do que os Didis, Aleluias e companhia.
Portanto, rubronegros e tricolores, é pra valer:
Preparem a coramina, agora é que eu quero ver!
https://bahiaja.com.br/artigo/2008/05/06/agora-e-que-eu-quero-ver,199,0.html