As declarações do professor Antonio Natalino Dantas Manta, coordenador do Colegiado da FAMED/UFBA sobre o "baixo QI (Quoficiente de Inteligência) dos alunos" e comentários sobre a cultura baiana foram interpretadas, em diferentes dimensões, sob a ótica da imbecilidade, da ignorância e do racismo institucional, entre outras.
Houve, sem dúvida, um patrulhamento excessivo em relação ao professor e doutor pela USP em cirurgia cardiovascular, como se as pessoas não pudessem mais expressar suas opiniões acerca de temas polêmicos, o que é perfeitamente natural e concebível num regime democrático de estado de direito.
Certo fizeram o reitor Naomar e o governador Wagner em taxá-lo de "ignorante" e "imbecível", cada qual, obviamente, dentro dessa concepção do contraditório na democracia. São contextos naturais próprios do embate intelectual.
Agora, querer imputar a pecha de racista no professor Dantas, trata-se de uma falta de argumentos lapidar no momento em que o livre pensar é pleno e o debate deve ser posto no campo das idéias, e não no plano da justiça, dos tribunais inquisitorias, das investigações de indícios de racismo e outras baboseiras, próprias de quem não tem argumentos.
O professor disse, no plano da cultura, o que muita gente gostaria de dizer e até pensa igual a ele. Cabe aos atores envolvidos com o tambor, com a axé e outras manifestações da cultura local se manifestarem nesse mesmo plano, do debate cultural, e não sob o argumento da ofensa aos baianos, do racismo de toda natureza e assim por diante.
O foco da questão, a rigor, é qualidade de ensino da Faculdade de Medicina da UFBA posta com nota 2, no Enade, quando o mínimo aceitável seria 3, o bom 4 e o ótimo 5.
Esse é que representa o foco central das discussões com QI ou sem QI, com berimbau ou violão de sete cordas. Se o foco for desviado, com o Ministério Público e outras instituições enveredando por outros caminhos, inverte-se a equação.
O professor, de certo modo, cometeu excessos em suas declarações. Mas, não existem questões polêmicas desde a época do padre Antonio Vieira, quase posto na fogueira da Inquisição, ou de Gregório de Mattos, que não tenha passado por declarações fortes e irreverentes.
Vmos, portanto, reconduzir o foco da questão para seu devido lugar.
O professor Dantas, ao contrário, colocou pimenta no caldeirão cultural da Bahia que, com o todos sabem, anda com fogo baixíssimo.
https://bahiaja.com.br/artigo/2008/05/01/o-professor-dantas-e-a-cultura-baiana,196,0.html