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07/04/2021 às 14:18

O LEGADO DE ELIEZER VARJÃO COMO CHEFE DE REPORTAGEM

Lenilde Pacheco é jornalista

Lenilde Pacheco

Os jovens jornalistas que ingressavam em A Tarde na década de 1990, encontravam Eliezer Varjão no comando da reportagem. Exigente, mostrava logo que as metas eram ambiciosas naquele território. A excelência era o mínimo para enfrentar os concorrentes e consolidar o jornal como o maior da região Nordeste.

  Anteriormente, Varjão foi repórter e amava o bom jornalismo. Sabia que a qualidade dependeria de uma estrutura bem montada para buscar a notícia. Por isso, mantinha olhar atento sobre o trabalho de apuração do reportariado e,  se fosse preciso oferecer mais tempo ou novos deslocamentos, estaria pronto a ouvir e liberar os recursos que assegurassem o melhor resultado.

  Para Varjão, essa era uma questão conceitual: a reportagem teria que ficar perfeitamente clara, isenta e plural. Não estávamos disputando quem seria capaz de produzir mais. A meta era o topo do ranking regional com o melhor jornalismo -  só possível em equipe e com o empenho máximo de todos.

  Trabalhei muitos anos sob a coordenação de Eliezer Varjão. Ele articulava o grupo de trabalho com entusiasmo e bom-humor.  Conhecia o processo como poucos porque compreendia as peculiaridades geográficas, econômicas e culturais da Bahia. Investia tempo em questionamentos sobre a abrangência de um fato, sua gravidade e implicações, ajudando apresentar a importância do todo.

  Ações de órgãos públicos, assim como da iniciativa privada, foram revisadas e modificadas por órgãos responsáveis para melhor atender ao cidadão baiano, a partir do noticiário de A Tarde. Isso porque a tarefa do repórter era analisar o contexto, ampliar a compreensão dos fenômenos contemporâneos e formular questões sobretudo nas áreas de saúde, educação, transporte, economia, política, saneamento, meio ambiente, movimentos sociais etc.    

  Junto com a saudade, Eliezer Varjão deixa um relevante legado para os jornalistas que estão em campo e também para as próximas gerações. O jornalismo em modo digital ganhou velocidade, detém hoje a vantagem de ser acompanhado em multi-plataforma, está ao alcance da palma da mão na tela touch screen, mas não pode prescindir de uma boa coordenação, olhar crítico, qualificação profissional e dedicação máxima.


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