Já se passaram 15 anos da queda de Fernando Collor! Como o tempo é veloz.
Fui cara-pintada com muito orgulho e de muitas passeatas participei, saindo do Campo Grande e seguindo até a praça Castro Alves.
Na época, estudava jornalismo na Ufba. Pertenço ao que hoje é chamada de geração Jurássica da Faculdade de Comunicação (Facom), naquela época, situada no campus do Canela, a sua redação era de máquinas de escrever.
Hoje a Facom está em Ondina e se destaca nacionalmente por seus estudos sobre as novas tecnologias da comunicação.
Voltando às passeatas, era uma euforia só. Lembro que nos preparávamos na área da Cantina do Vovô. Combinávamos antes o que cada uma iria levar e pintávamos uma a outra, numa deliciosa bagunça. De lá, seguíamos em grupo para o Campo Grande.
Recordo que o marcante do movimento era a alegria dos caras-pintadas manifestada na rua, por cada esquina, por onde passassem. Aquela foi uma novidade agregada às manifestações.
Havíamos saído a alguns poucos anos de um processo de transição para a democracia. As antigas manifestações não mostravam uma juventude alegre, sorridente reivindicando os seus direitos legais à honestidade. Mas sim com medo da perseguição dos militares, ou receosa da ação da polícia, no caso das Diretas Já.
O Fora Collor foi diferente. Ajudado, ou não, pela minissérie da Rede Globo Anos Rebeldes, conseguimos conquistar a opinião de todos. O Congresso se viu acuado pela imprensa, pelo o que acontecia nas ruas e Collor cabisbaixo renunciou.
Lembro que, numa de minhas idas na Castro Alves, num acinte, um petista acusou-me de burguesa, de ter votado em Collor e naquele instante estava lá para tirá-lo.
Achei muita ousadia. Minha aparência nunca me ajudou mesmo. Sou uma "branquela" do interior da Bahia e, naquela época, ainda tinha rostinho de boneca, enfim, parecia uma burra (nem sei se vocês merecem ler esses detalhes tolos). Bom, nada melhor que o tempo para mostrar quem é quem. Afinal 15 anos se passaram!!!
Sempre gostei de acompanhar política. Profissionalmente, já trabalhei para vertentes políticas distintas. Contudo, procuro ser ética e exerço meu trabalho da melhor forma possível.
Mas tenho um censo crítico muito apurado para andar defendendo bandeiras e siglas. A única que carrego é a da honestidade e da vontade de construir um mundo melhor. Todos dizem esses verbetes, mas sem muita convicção. Prefiro acreditar na transformação do ser humano.
Ao petista impertinente, desejo que hoje esteja acompanhando jornais e revistas. Embora saiba que seus argumentos sejam algo assim: trata-se de perseguições da imprensa comprada pelo capital, precisa compreender o que está acontecendo na América do Sul, com Hugo Chavez, na Venezuela, Evo Morales, na Bolívia, e ainda tem a resistência de Cuba.
Acompanho tudo. Inclusive lembro que o braço direito de Collor na Câmara de Deputados era Renan Calheiros, hoje presidente do Senado defendido nas coxias pelo atual governo. Mas é bom sempre lembrar e lutar para que os fins nunca justifiquem os meios. No mais, quem está lucrando é a jornalista Mônica Veloso, recheando as páginas da Revista Playboy.
Afinal, onde estão nossas caras!!!
https://bahiaja.com.br/artigo/2007/10/11/o-collorido-movimento-que-derrubou-collor-mas-mantem-renan-no-poder,128,0.html