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14/01/2021 às 15:02

RELEMBRANDO SERRINHA E A INESQUECÍVEL SNOB DISCOTECA,p VALDOMIRO SILVA

Um encontro com os nossos melhores amigos, com as nossas mais cobiçadas paqueras, com as nossas grandes paixões.

Valdomiro Silva

  Hoje vamos relembrar uma das épocas mais lindas da juventude da nossa querida Serrinha.

  Era início dos anos 80 e a gente acabava de sair da fase dos filmes de faroeste e de artes marciais, nas matinês do Marajó.

  Mas não é este o assunto. Quero fazer uma viagem no tempo para rememorar um outro momento mágico do nosso domingo daquela época. Era um dia muito, muito especial para todos nós.

  Há quase 40 anos, o domingo era o dia em que a gente escolhia a melhor calça jeans, a camisa mais bonita, o mais radical sapato bico fino. Usava o shampoo que mais "grudava" e fazia brilhar o cabelo. Tudo isso para...

  ...Dançar. Isto mesmo, dançar. E muito! por várias horas, quase sem parar!

  O que você vai fazer, domingo à tarde? pergunta o Nelson Ned, na bela canção de encerramento  do programa Arquivo Musical, do José Ribeiro, na Regional.  

   Não havia nenhuma dúvida. Iríamos todos, de norte a sul da cidade, para o mesmo lugar e  uma mesma diversão.

  Jovens da faixa de  15 a 25 anos saíam da Manoel Novais, da Barão, da Rodagem, do Matadouro, do Cruzeiro... de todo lugar, para aquele encontro dominical de muita cerveja e rock and roll.

  Um encontro com os nossos melhores amigos, com  as nossas mais cobiçadas paqueras, com as nossas grandes paixões.

  Havia algumas mesas, ao redor da pista de dança, mas não tinha cadeira pra todo mundo e muitos ficavam em pé mesmo,  da hora que chegavam, as 4 da tarde, até ir embora, por volta das 8 da noite.

  Ninguém ficava cansado. Pelo contrário, a gente queria mais e, se pudesse, continuava ali até a madrugada.

   Apenas alguns bebiam cerveja. A maioria, adolescente, preferia refrigerante, tudo muito diferente dos dias de hoje. A paz reinava, nem era necessário segurança, pois todos só queriam se divertir.

  No salão enorme, não havia ar-condicionado e como a gente dançava frenéticamente, uma música atrás da outra, o suor escorria pelo rosto, molhava a camisa dos meninos e a blusa das meninas. Não estávamos nem aí!

  A luz negra refletia os detalhes das nossas roupas e mostrava a gente dançando em câmera lenta. Nesse momento, as garotas e os rapazes exibiam todo o seu charme.

  Quando se formava um círculo no salão, era Cafezinho, o dançarino número 1 do lugar, que fazia todo mundo ficar em volta dele para  apreciar a sua apresentação pessoal.  Nosso Michael Jackson!

  Todas as músicas eram especiais, mas algumas nos levavam à loucura. Duas delas, vinham coladinhas.  "Amada mio, amore mi-i-o", de El Pasador, e o hit do La Bionda: "One for you! One for me!"

  Ninguém  ficava quando o Jonh Paul Young dizia "Love is in the air..."

   Como era gostoso imitar  Jonh Travolta e Olivia Newton Jonh e os seus Embalos de Sábado à Noite... "I got chills, they're multiplyin"...

  A gente  se deliciava também com uma linda sequência dos Bee Gees:  "Stayn alive", primeiro. Em seguida, "fever night, fever night, fever..."

  Mas o melhor momento musical da tarde era quando o DJ convida a gente a dançar coladinho. Os rapazes saíam procurando uma menina para compartilhar duas ou três  cançoes que tocavam o nosso coração.

  E dava um arrepio gostoso, no corpo todo, quando a menina sorria, ajeitava o cabelo, e com apenas o olhar, dizia sim, ao nosso convite. A gente partia pro abraço. Afinal, "Woman in love!".

  Terminava a série romântica, recomeçavam os embalos. Alguns felizardos continuavam dançando com aquela amiga ou desconhecida,  como se ainda fosse música lenta. Era a senha: ali, estava começando um namoro.

  Inesquecível Serrinha. Como eram lindas as nossas jovens tardes de domingo.

  Obrigado, João Sá. Jamais esqueceremos da sua mais incrível invenção.


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