A primeira vez que trabalhei numa campanha para eleição na Seccional baiana da Ordem dos Advogados do Brasil, deparei-me com uma galeria de ex-presidentes sem nenhuma representação feminina. É claro que essa não é uma realidade apenas da OAB/BA. Infelizmente, no cenário ao nosso redor e em diversos setores da sociedade, ainda persiste uma desigualdade entre homens e mulheres.
Aos poucos, entretanto, isso vem mudando, com as mulheres conseguindo ocupar espaços antes inatingíveis. Daí, quando focamos numa instituição quase centenária, como a Ordem baiana, é preciso olhar adiante, sob pena de não nos adaptarmos aos novos tempos.
A OAB/BA possui em seus quadros uma composição equilibrada entre homens e mulheres em condições de assumir condignamente a presidência da entidade, cada vez mais preocupada em debater a presença feminina na advocacia.
No último pleito da Ordem estadual, um seminário discutiu o empoderamento da mulher advogada e tive a oportunidade de assistir memoráveis participações de nomes como Geyse Fiedra, Cristhiane Gurgel, Cláudia Viana, Juliana Damasceno e Sílvia Cerqueira, dentre tantas outras, defendendo a importância de suas atividades.
São muitas as profissionais que estão presentes na história e no presente da advocacia baiana. Sou testemunha, como filho e pai de advogadas e, em razão disso, defendo a importância de se promover um debate sobre o tema. E mais do que isso: entendo a importância de, desde agora, se estimular esta instituição de vanguarda a amadurecer a ideia de, já nas próximas eleições, lançar mulheres como candidatas à presidência.
Estamos com o país em meio a um processo eleitoral e, apesar de todas ações realizadas no últimos anos, objetivando ampliar a presença feminina no meio político, ainda é visível o desequilíbrio de gênero. O Congresso Nacional, por exemplo, tem 54 mulheres dentre 513 deputados federais e 12 entre 81 senadores. Neste contexto, vale lembrar que a Assembleia Legislativa do Estado da Bahia e a Câmara Municipal de Salvador jamais tiveram, ao longo da história, uma presidente.
A OAB/BA é uma das vozes legítimas da sociedade e, em tempos de debates inclusivos em diversas áreas, não se pode esquecer de um campo tão importante como o social, a exemplo do Direito.
*Leo Varjão foi assessor de comunicação do presidente da OAB/BA, Saul Quadros, entre os anos de 2007 e 2012
https://bahiaja.com.br/artigo/2018/08/12/a-ordem-dos-advogados-da-bahia-ja-exige-uma-presidente,1108,0.html