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31/08/2007 às 14:13

NOVOS RUMOS PARA AS ARTES VISUAIS

Lígia Aguiar é artista plástica

Lígia Aguiar

   No início deste ano escrevi um artigo ponderando sobre o descaso e o marasmo que se encontravam as Artes Visuais na Bahia. Hoje, sinto que, aos poucos, novas ações estão sendo pensadas para a melhoria da classe. Uma das boas novas é que os artistas da Bahia, finalmente, estão se organizando.
  

   Recentemente foi criada mais uma associação, desta vez, a de Artes Visuais de Salvador (AAV). A já existente Associação dos Artistas Modernos da Bahia (Arplamb) foi constituída na década de 70.


   Além de desenvolver e estimular a pesquisa e produção em artes visuais no Estado, um dos principais objetivos, deste primeiro momento, da AAV é a realização do I Fórum de Artes Visuais da Bahia, que acontece hoje e vai até 2 de setembro, no Museu de Arte Moderna da Bahia - (MAM).


   Para tanto, convidou a Arplamb com o fim de facilitar a adesão de um maior número de artista ao evento, e em parceria criaram uma comissão executiva com integrantes das duas associações para produzir o Fórum.


   Serão formados grupos de trabalhos para discutir assuntos que dizem respeito à área, com o fim de trocar experiências e fazer surgir medidas que fortaleçam a classe.


   Uma grande idéia a atitude dessas entidades. A união é que faz acontecer. Na Bahia, fora a música Axé, que há anos vem estrelando a cena musical - em detrimento a outros estilos musicais -, as demais áreas culturais se digladiam para ver quem primeiro chega ao pódio. Aí já é outra história.


  Voltemos às Artes Visuais. Essa parceria será o começo para os artistas tomarem consciência de que podem se organizar para o desenvolvimento da classe. As Artes Visuais também podem se tornar um bom negócio. Para isso é necessário o diálogo, a união, e que todos conjuguem das mesmas idéias. Só assim iremos reverter a situação atual e atingir um grau desejável de satisfação profissional.


  Compartilhar: palavra chave para conhecer e entender o outro. Não se faz uma guerra sozinho. Várias cabeças pensantes e afins geram, muitas vezes, proposições inimagináveis.

  Os artistas, que são por natureza pessoas dotadas de mentes privilegiadas, deveriam procurar sair dos seus casulos para empreender e tornar a sua arte um meio de sobrevivência, sem, contudo, deixar de produzir a sua verdadeira essência, de forma a não ser conduzido pela sedução meramente econômica.


  Sim. Ser artista plástico não é um hobby - como muitos pensam - é uma profissão como outra qualquer e que precisa ser remunerada. Um trabalho árduo e constante, um exercício diário, um aperfeiçoamento infinito. Difere das demais profissões no ponto aposentadoria: nunca deixa de produzir.


  Os tempos são outros, o mecenato já não existe e não se pode esperar somente pelas verbas públicas ou privadas.Outro ponto importante é a adequação aos novos meios de expressões, principalmente o tecnológico.  Quem não colocar o olhar para o fazer contemporâneo, para entender que a arte hoje, por si só, é um mix de linguagens vai ficando para trás.


  Os recursos da tecnologia principalmente aqueles oferecidos pelos programas do computador, o vídeo, e outros conceitos permitem ao artista uma interação com os meios tradicionais, como a pintura, escultura, desenho, gravura, e a fotografia, podendo surgir daí obras inovadoras e originais.


  Outro fato que aponta para o fomento das artes é a atitude da Secretaria da Cultura em lançar editais públicos. Coube às Artes Visuais dois editais: Portas Abertas Para As Artes Visuais, - que visa conceder através de concurso público, espaços para exposições artísticas -, e Salões Regionais de Artes Visuais da Bahia, com o objetivo de premiar artistas do interior do Estado.


  A idéia de ampliar o número de espaços públicos para a realização de exposições é muito boa. Com isso somam-se aos poucos locais existentes na cidade, mais quatro espaços culturais: Foyer do Espaço Xisto Bahia; Foyer do Teatro ICEIA; Galeria do Conselho (Palácio da Aclamação) e o Terraço das Esculturas, no Teatro Castro Alves (TCA).


  Para os espaços ainda não conhecidos para tais fins, como o do ICEIA será preciso uma maior atenção no que diz respeito à formação de público a fim de ser consolidado para não ser fechado após o término da atual gestão, como é comum em Salvador.


  Com essa ação formam-se ambientes ideais para o surgimento de novos valores e a efervescência da área.


  A reabertura do Palacete das Artes - Museu Rodin, como também do MAM, com duas excelentes exposições, vem revigorar a cena artística baiana.    


  O que se espera para o fortalecimento da classe é, sem dúvidas, uma maior visibilidade para as suas ações e implemento de políticas públicas por parte das autoridades, seja na esfera estadual, municipal e federal, para que daí surjam novas realizações artísticas e oportunidades que as Artes Visuais merecem.





https://bahiaja.com.br/artigo/2007/08/31/novos-rumos-para-as-artes-visuais,110,0.html