Cultura

EXPO DE PINTOR SIMBOLISTA AUSTRIACO NO ATENEO VALENCIA, p TASSO FILHO

A exposição acontece no Ateneo Mercantil de Valencia até o dia 15/08 e é promovido pela Nomad Art

Tasso Filho , Valencia, ES | 12/06/2021 às 19:57
Arte e tecnologia no trabalho de Klimt
Foto: TFF

Mesmo em tempos de pandemia, a cidade de Valencia, na Espanha, continua a promover a cultura e arte para seus habitantes e visitantes. Desde maio, seguindo os protocolos de segurança da WHO, a capital valenciana recebe a “Exposição Inmersiva El Oro de Klimt”, que comemora a vida e a fase dourada da obra do austríaco Gustav Klimt. Em um formato totalmente inovador, a exposição virtual acontece até o dia 15/08 no Ateneo Mercantil de Valencia e é promovido pela Nomad Art. 

       Mas afinal, quem foi Gustav Klimt?

Gustav Klimt (14/07/1861 - 06/02/1918) foi um pintor simbolista austríaco, muito importante dentro do movimento Art Noveau. Estudou na Escola de Artes Decorativas, foi um dos fundadores do movimento da Secessão de Viena e foi membro honorário das universidades de Munique e Viena. 

Aos 14 anos de idade, Klimt foi admitido na Escola de Artes Decorativas ligada ao "Museu Austríaco Imperial e Real de Arte e Indústria de Viena" onde teve excelentes professores e incentivadores. Ali, ele adquiriu prática de desenho ornamental, além de noções sobre teoria de projeções, perspectiva e estilo. Ele foi o segundo filho de sete. Junto com seus irmãos, Ernst e George, ele deu início a sua carreira artística profissional com uma empresa de construção de teatros e vitrais chamada “Companhia dos Artistas˜.

Após importantes trabalhos realizados nas escadarias do Teatro Imperial e com o grande sucesso de sua empresa, Gustav é premiado com a “Cruz Mérito de Ouro” em 1888 e obteve assim o reconhecimento da sociedade vienense. Sua obra passa por diferentes fases: a primeira é marcada pelo caráter histórico-realista, sendo também associada à dualidade de Viena(realidade e Ilusão). Desta época datam os desenhos “A Escultura”(1986) e “A Tragédia(1897)”.

Klimt era casado, teve 14 filhos e diversas amantes. Suas pinturas e vitrais retratavam a mulher austríaca e suas experiencias extraconjugais com as burguesas que iam ao seu ateliê para que ele as pintasse. Com um toque de ouro, suas obras são inconfundíveis.

A fase mais importante de sua obra é o chamado “Período Dourado”. Ao ser contratado por uma magnata Belga para construir um palácio, o pintor faz a sua última grande pintura mural, Friso Stoclet, e começa a experienciar uma mudança no seu estilo, surgindo aí os motivos geométricos repetidos, deixando aparecer apenas algumas partes essenciais realistas que permitem o seu entendimento. Nessa obra, foi utilizada uma cobertura ao estilo bizantino bastante cerrada, onde o realismo e a abstração se confrontam.

Sua obra mais importante foi “O Beijo”(1907-1908) ou “Der Kuss”(em alemão). Baseado em si mesmo e em sua amante, Emilie, a mulher aparece submissa e comunica uma sexualidade latente. Essa pintura constitui o auge do período dourado e tornou-se o emblema da Secessão de Vienna. 

Em "Dánae" (1907/08), a sua provocação afirma-se de modo mais óbvio. Junto à figura da mulher ruiva adormecida, surge aquilo que muitos interpretam como uma torrente de moedas de ouro e espermatozóides. A lenda de Dánae, amada por Zeus na forma de uma chuva dourada; tem em Klimt, a representação da procriação captada como um instante eterno, sagrado e superior. Em Danae, Klimt projetou a feminilidade pensada de forma autônoma, descrita mergulhada e absorta em si, entregue às suas energias instintivas. Nessa medida, Danae é um “ícone do narcisismo feminino” de tal forma preocupada com ela própria que exclui qualquer outro objeto de amor para além do seu próprio corpo. Isto é, o princípio masculino não se encontra presente.

No início do século XX, o Expressionismo faz com que o estilo dourado deixasse de ser usado e o pintor passou a dedicar seu tempo a pinturas de paisagens, jardins e a natureza. As suas últimas obras são voltadas para o lado mais erótico, que muitos da época julgaram ser exagerado. Mais de 3000 desenhos constituem essa nova fase, entre eles “Mulher sentada com as coxas abertas", "Adão e Eva", "A Noiva"” e "Masturbação feminina “. Gustav Klimt morreu em 6 de fevereiro de 1918 de AVC e infarto. 

       Após a Segunda Guerra Mundial, muitas de suas obras foram roubadas e queimadas pelos nazistas; virando inclusive o tema de diversos filmes. O mais famoso deles foi A Dama Dourada, que conta a história real de Maria Altmann (Helen Mirren), uma judia sobrevivente da Guerra que decide processar o governo austríaco para recuperar o quadro "Woman in Gold" que pertencia a sua família.

      ATENEO MERCANTIL

A Exposição Imersiva El Oro de Klimt, nos leva a esse mundo do austríaco, passando por todas essas fases de sua obra de uma forma totalmente inovadora e diferente. A exposição é divida em 2 partes: a primeira, uma sala menor com telas interativas onde as pessoas podem interagir e conhecer sobre a vida do autor; e a segunda parte, uma sala maior com cadeiras e puffs, rodeada de telas e projetores, onde a cada 30 minutos acontece a exibição de suas obras. 

A experiência é fantástica, a projeção é de alta qualidade e as pinturas parecem dar vida às telas e ao chão da sala, ao se mexer junto a música clássica que nos transporta ao mundo do artista. Apesar de ter cadeiras e puffs, o recomendado é assistir a apresentação passeando pela sala e descobrindo cada detalhe pintado por Klimt. Caso deseje ficar sentado e olhando apenas para uma tela, 50% da apresentação não será vista. 

O Ateneo Mercantil de Valencia fica localizado na Plaza de Ayuntament de Valencia, 18. As entradas custam 11€ dias de semana e 13€ nos finais de semana e podem ser compradas com antecedência e hora marcada. Idosos, estudantes, crianças até 15 anos e deficientes pagam 9€ na semana e 11€ nos finais de semana.