Colunistas / Esportes
Zé de Jesus Barrêto

CONQUISTA põe a mão na taça e bode sorri

Futebol se decide no campo e ainda há mais uma partida. O Conquista, no entanto, se preparou para ser campeão baiano
27/04/2015 às 18:14
O Primeiro Passo Esporte Clube de Vitória da Conquista, fundado há 10 anos no Sudoeste baiano, tem tudo para se sagrar Campeão Baiano de 2015 no próximo domingo, na Fonte Nova, após vencer o Bahia,  na tarde do domingo, pelo placar de 3 x 0. Sem contestações. Nada deu certo para o tricolor, que jogou mal defensivamente e o Bode foi melhor, mandou taticamente e sobrou fisicamente em campo.

   Para barrar as pretensões do time conquistense o Bahia vai ter de se superar e ganhar, diante de sua torcida, por três gols ou mais de diferença. Difícil, muito difícil pelo que vimos nessa primeira partida. O Vitória, o da Conquista, parece disposto a fazer história.  E preparou-se para isso muito bem, com trabalho competente. Está invicto na competição e, pelo que jogou nesse domingo, merece a taça. 

   Já o Bahia vai ter varrer e juntar os cacos. Pior, tem um compromisso dificílimo no meio da semana, lá em Fortaleza, pelo título do Nordestão, contra o Ceará.  Vai ter de correr muito para vencer, já que levou um gude preso ( 1 x 0 ) no primeiro jogo, na Fonte Nova, fruto daquele badalado frango de Jeanzinho. A viagem cansa, desgasta. O treinador Sergio Soares vai ter uma semana braba, achar um jeito de levantar o moral do grupo, achar forças para duas batalhas medonhas... Contudo, as duas guerras ainda não estão perdidas.  Será ?

*
  Caso ganhe o Baianão, e nunca esteve tão próximo disso, o Vitória da Conquista será o quarto clube do interior a conseguir o título. O primeiro foi o Fluminense de Feira em 1963 (em cima do Bahia), feito que repetiu em 1969; o segundo foi o Colo-Colo de Ilhéus, em 2006, em cima do Vitória da capital, pleno Barradão. O terceiro foi o Bahia de Feira, em 2011. Acontece, pois.

** 
 Sò deu Bode    

 Conquista, sudoeste, domingo à tarde: 13 mil ingressos vendidos, casa cheia, o clima nublado, sem chuvas. A grama alta do belo Lomantão, cercado de eucaliptos, é bem diferente da Fonte Nova; o tapete verde é mas irregular e pesado... a bola não corre tanto, o atleta cansa mais, sobretudo quem não está acostumado.  Arbitragem?  A mesma, manjada ( o redondo Lúcio Araújo e seus ‘auxiliares’, Raimundo da Hora, olhe ele!, e Lucimar Dias), trio bem caseiro.  

 O torcedor tricolor, que marcou presença no aeroporto, recepcionando a equipe, deu força nas arquibancadas, em menor número;  a torcida ‘kriptonita’, do verde, zoando pelo Bode, com alegria e fé. 


O jogo começou tenso, pegado. Em dois minutos, cinco faltas marcadas. Aos 12’, começou o tormento de Tatu pra cima da insegura zaga tricolor:  Tite vacilou, se enroscou com a bola, o Tatu apertou e o zagueiro fez falta, quase pênalti.  Aos 14’ Tatu dividiu e chutou Jean, que catimbou demais, mas o árbitro não foi na onde dele. Muito equilíbrio nas ações. Aos 19’, Tatu levou fácil na conversa a dupla de zaga e arrancou livre desde o meio campo, Jean saiu, fechou e Tatu perdeu a chance, bateu por cima. 

  O Bode era  rápido nos contragolpes. O Bahia cadenciando, tentando  por a bola no chão, atacando sempre pelo lado direito, com a subida de Tony. Aos 24’, Maxi tentou de cabeça, nas mãos de Viáfara. Aos 26, Jeanzinho socou a bola em falso, pra frente, Carlinhos pegou de prima e Titi salvou em cima da linha.  Minutos depois,Tony rolou  do fundo e Maxi chutou fraco, nas mãos de Viáfara.  Aos 32’, Carlinhos, sem marcação, de cabeça, pra fora. Aos 40’, Tatu mais uma vez ganhou da zaga e arriscou da meia lua, Jean defende bem. 

Na primeira etapa o Vitória da Conquista foi mais agudo, teve mais chances de golear, mas o gol não saiu. 

*

  Logo aos 2 ‘ da segunda etapa aconteceu o gol de Fausto, de cabeça, livre, depois de cruzamento de Carlinhos, batendo  falta da direita. Abriu a porteira. O Bode apertou, em cima, querendo mais, mas aos poucos o time da capital conseguiu equilibrar. Aos 4’, Kieza cruzou e Gamalho cabeceou,mas deu Viafara. Aos  8’ Titi tentou de cabeça, Viáfara.  Cruzamentos seguidos, o experimentado  goleirão colombiano fez a festa.  Aos 10’, Maxi  recebeu de Gamalho, projetou-se na área e bateu forte, bola no travessão, no chão e não entrou por capricho. Foi a melhor chance do Bahia no jogo. Mas ... 

  Aos 22’, num contragolpe, o meia Diego Aragão pegou uma sobra de um erro bobo de Talles, agradeceu o presente, levou pra canhota e bateu firme acertando o ângulo, num belo gol, ampliando: 2 x 0.  Aos 28, noutro contragolpe, a defesa tricolor escancarada, André Beleza driblou Tony e bateu no cantinho: 3 x 0, liquidando o adversário, a essa altura batido mentalmente, fisicamente também. Aos 30’, Ze Roberto ainda tentou de cabeça, no ângulo, Viáfara espalmou.  Aos 47, Kieza perdeu a última oportunidade, de cabeça.   

  A equipe e o torcedor tricolor sentiram a pancada. Atordoou.  O Bode atuou com raça, muita vontade, velocidade, intensidade, inteligência e determinação tática. Sobrou fisicamente, seus atletas voando em até o último minuto, enquanto o tricolor se arrastava. Venceu com sobras. 

*

Melhores e piores

Destaque no time vencedor para o experiente goleiro Viáfara, com boas defesas, malandragem e liderança. Boa atuação da dupla de zaga: Belém e o veteraníssimo Silvio. Fausto, Maicon... incansáveis. Diego Aragão, que golaço! Carlinhos, o bate tudo, André Beleza foi o autor do golaço que fechou o caixão tricolor e o centroavante Tatu que destroçou a zaga do Bahia, brigando, ganhando as divididas, velos, incomodando todo tempo. Elogios especiais para o treinador  Evandro Guimarães pela arapuca armada, bem treinada, e tudo deu certo.

No tricolor, Jeanzinho inseguro, é preciso ser preservado, sem discussão. Comprometeu sim.  Douglas Pires, mais vivido, deve ser o titular. Tony foi explorado e rendeu pouco ofensivamente, Bruno Paulista não é lateral, prejudica jogando ali pelo lado esquerdo. Péssimo jogo da dupla Talles e Titi, sobretudo o primeiro, que não achou Tatu. Souza, Tiago Real, Pittoni sentiriam muito o gramado alto, não produziram bem;  Lerdo Gamalho e Kieza, nada. Maxi foi o melhorzinho, o que mais fustigou na frente.  No mais, acorda Sérgio Soares !!! 

**

Notas rubro-negras

- O presidente recém eleito do E C Vitória, o advogado Raimundo Viana deu entrevista de página pro jornal A Tarde, edição deste domingo, que nos remete aos tempos de Osório Villas Boas e Ney Ferreira, fala até em ‘macumba’ de tricolores contra o rubro-negro.  Tempos de Jones, Lourinho e Alvinho Barriga Mole.  Aff! 

- A propósito, segue trecho de um manifesto do Movimento Vitória Livre:

“O Esporte Clube Vitória padece de um paradoxo fundamental: quer se estabelecer como um time de massas, ampliando o número de associados, ao mesmo tempo em que deseja manter uma carcomida estrutura baseada na familiocracia e no mandonismo. Se, ao longo da centenária história, já tivemos glórias nas quatro linhas, no quesito respeito ao torcedor, principal razão da existência de um clube, a diretoria do Vitória permanece numa eterna e vergonhosa zona de rebaixamento”.

Irado!

- De bom, os 2 x 0 que a gurizada do sub-20 meteu nos meninos do Bahia, no Barradão. Tem jogo  volta pra decidir o título.
**

Começaram as decisões dos estaduais :

- Em São Paulo, o Palmeiras  saiu na frente no duelo contra o Santos 1 x 0. 

- No Rio, o Vasco achou no último minuto um gol e fez 1 x 0 no Botafogo, que foi superior em campo todo tempo.

- O Atlético (MG) empatou com a Caldense, sem gols. 

- O GreNal, no RGS, também terminou empatado, sem gols.

- No mais Ceará 1 x 2 Fortaleza.  O Ceará recebe o Bahia pela final do Nordestão no meio da semana.  

Todas esses duelos ainda têm jogos de volta, decisivos, entrega de taças.

A semana promete.