Colunistas / Esportes
Zé de Jesus Barrêto

BAHIA e VITÓRIA na lama, abraçadinhos na segundona

Decepção no futebol baiano
08/12/2014 às 10:31
 Não, não teve reza ou bozó. Não teve milagre. Afinal,  os santos dos céus devem ter assuntos da humanidade bem mais importantes a resolver do que classificação de times de futebol,  jogo de bola. Não é mesmo ?

Então, por absoluta incompetência, falta de qualidade e erros cometidos durante a competição e o ano inteiro, a dupla Ba Vi está desclassificada, rebaixada para a segunda divisão no ano de 2015, vai disputar mais uma vez a famigerada Série B, onde ‘filho chora e a mãe não vê’.  Ba Vi, juntinhos, de mãos dadas, caídos. 


O Palmeiras continua, salvou-se , continua na elite, a Série A. Bastou-lhe um duro empate, em casa, contra a meninada do Atlético PR, garantindo-lhe os 40 pontos necessários. Porque o Bahia levou uma virada 3 x 2 em Curitiba, após estar vencendo por 2 x 0. Os dois gols decisivos do Coxa, na despedida de Alex, aconteceram já no finalzinho do jogo em que o tricolor baiano foi bem melhor em campo.  Também no finalzinho, já nos acréscimos, o Vitória levou 1 x 0 do Santos, pleno Barradão, quando precisava vencer, fazer um golzinho apenas para se classificar. 

Haja castigo ! Triste futebol baiano. 

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Última cartada

Todas as emoções, todas as atenções da derradeira rodada estavam  voltadas para os jogos dos times que buscavam fugir  do rebaixamento. O foco maior era na zona de baixo da tabela de classificação, a cortina fechando, a saideira.

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Em Curitiba, o Couto Pereira cheio na festança de despedida do meia Alex, aos 37 anos.  Homenagens merecidas ao craque.  Bahia e Coritiba em campo, o tricolor baiano com a missão de vencer a todo custo e torcer pela derrota do Palmeiras e tropeço do rival Vitória. Só um ‘milagre’. 

O rubronegro jogando em casa contra o jovem time do Santos, o Barradão com muito claros nas arquibancadas, numa tarde domingueira  limpa de quase verão. O veterano meia-lateral  Richarlysson, já decadente, confirmou que está se despedindo dos campos de bola, injuriado com as arbitragens.

Em São Paulo, a nova Arena Palmeiras lotadinha, empurrando o ‘verdão’. Do outro lado, o time de garotos montado pelo Atlético paranaense, com apenas três jogadores  tidos como titulares. Marmelada ou jogo pra pirão ? 

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Passo a passo

  O Bahia entrou em campo muito nervoso, atarantado, alguns jogadores se atrapalhando com a bola. Peso da responsa ou tremedeira com as arquibancadas lotadas?  Aos poucos, o time se estabilizou, fechadinho no meio e saindo rápido com Bárbio pela direita, em contragolpes. Assim o tricolor surpreendeu e fez   1 x0, aos 14 minutos:  Henrique empurrou para as redes, após boa jogada de Galhardo e Barbio pela direita. 

Em Sâo Paulo, o Atletico (PR)  fez 1 x 0, numa cabeçada do garoto Ricardo. O x O no Barradão. Naquela  altura,  com todos os jogos  aos 20 minutos, o Bahia classificaria. Acreditas ?

E o tricolor ampliaria o placar, num trama do ataque, tabela com Bárbio, Bruno Paulista, Henrique e Rômulo chegou antes do goleiro: 2 x 0, golaço ! Um belo trabalho coletivo. Mas, depois dos 35’, Zé Love escorou um cruzamento da direita, ganhando no alto de Lucas Fonseca e testando  no cantinho, num lance bobo, cochilo da zaga.

Vitória x Santos com bolas na traves, goleiros trabalhando muito, jogo movimentado, mas nada de gol.    

 O Palmeiras empatou, de pênalti (duvidoso, arranjado ?) , 1 x 1. E  assim, no intervalo dos três jogos a situação era de classificação do Palmeiras, com 40 pontos, e um maior número de vitórias que o tricolor, também com 40. O Vitória, com empata, travava nos 39 pontos. Nos vestiários será que os jogadores quiseram saber dos resultados dos outros?

A segunda etapa  prometia ser pródiga em... emoções, nos três jogos.  Quem ficaria? Quem cairia?

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O Bahia começou melhor, perdendo chances com Henrique, Feijão (que substituiu Bruno Paulista, machucado) e Bárbio...  Jean entrou no lugar de Henrique, lesionado. Jogos bem movimentados, lá e cá, dos times baianos.  Ambos na pendência do jogo em SP, torcendo por mais um gol do Atlético paranaense, o Palmeiras com mais volume de jogo e o Atlético dando sustos nos contragolpes.   

O tempo passando...  30 minutos, nada acontecia. O Vitória precisando de um golzinho apenas. O Bahia lutando para manter o triunfo e...  a torcida inteira da dupla baiana torcendo pro Atlético (PR) fazer mais um, pra derrubar o Verdão paulista.

O Bahia tentou, tentou e cansou, recuou. Levou o empate aos 40’, após uma blitze, num chute mascado de Dudu que desviou na perna de Feijão e matou Lomba: 2 x 2.  Matando também qualquer chance de salvação para o tricolor àquela altura. O Vitória, em casa, para desespero do torcedor,  não mostrava competência (ou seria apetência ?) para fazer um gol sequer e, já nos acréscimos, o Santos fez 1 x 0, com gol de Tiago Ribeiro. Justo.  O Bahia, também nos acréscimos, levou o terceiro, golpe de misericórdia, de contragolpe e virada: 3 x 2. 

Já o Palmeiras resistiu bem ao assédio do Atlético e garantiu, mais na vontade do que na técnica, a classificação, com 40 pontos.  Sem grandes merecimentos.

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 Triste domingo, infeliz 2014 esse para o futebol baiano.  Mais ainda para o rubronegro, que perdeu tudo o que disputou, até o Baianão, até nas divisões de base, todas.  A derrocada final, nas últimas rodadas, da equipe de Ney Franco foi assustadora.  Balanço de 2014 no vermelho para a dupla Ba Vi. 

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Lero de boleiro

Tostão, ex-jogador genial  e, hoje, ótimo colunista de futebol:

“O que mais falta no futebol brasileiro, hoje, é um excepcional meio-campista, que jogue de uma intermediária à outra, chamado, no Brasil de segundo volante. É o jogador mais importante de uma equipe, pois é o que mais fica com a bola”.

 É o Xavi, o Yayá Touré, Kross, Modric, Pogba, Pirlo, Modric, Schweinsteiger...

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Baixando a bola para o futebol baiano, temos nessa posição o Zé Wélisson, do Vitória e o Bruno Paulista, do Bahia. São jovens de futuro, base para formação do meio campo da dupla Ba Vi. Precisam de mais cancha, experiência, manha e, sobretudo corrigir defeitos, levantar a cabeça para enxergar os espaços, o companheiro desmarcado,  aprimorar os passes de prima, mais perto, e  os lançamentos  mais longos , em profundidade, além de treinar muito os chutes a gol de média e longa distância...  trabalho de aperfeiçoamento técnico e tático, diário.  Fazer com que eles tomem gosto pelo treinamento específico, queiram melhorar, ser craques de bola de verdade.

Porque há muito atleta de futebol profissional no Brasil, hoje em dia, que não gosta de bola, não tem gana de jogar bola. Aprecia mesmo é a fama, o dinheiro, o carrão, a grife, o penteado... sempre de olho no foco, no microfone. São mais ‘celebridades’ do que boleiros.  Isso compromete a carreira, a busca da perfeição. 

Precisamos de craques, sobretudo os formados nas nossas divisões de base. Carecemos de ídolos de verdade. É preciso renovar, reformular o futebol baiano. Tudo começa com uma mudança de mentalidades que alcance dirigentes, atletas (desde a base), treinadores, mídia esportiva, torcedores...  

Ou vamos continuar pastando. 

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O Bahia na berlinda

Vale a pena repicar trechos da boa entrevista feita pelos jornalistas Ricardo Palmeira e Daniel Dórea ( A Tarde) com o presidente do Bahia, Fernando Schimidt, às vésperas de passar o mandato a outro que será eleito dia 13 com o voto livre dos associados que pagam mensalidade. Para refletir: 

- Sim, a culpa (do rebaixamento) é minha! Quem assinou os contratos e aprovou a vinda e saída de atletas e treinadores fui eu.

- ... Eu tive vários erros. O principal foi não ter mantido Charles como treinador. Ele reunia conhecimentos de futebol, de mercado e da base do Bahia; isso permitiria uma natural mescla entre atletas da base e os profissionais...

- ... E houve o erro na multiplicidade de gestores de futebol e treinadores nestes um ano e quatro meses (à frente do clube).

- ... E mais uma vez a responsabilidade de acabar com o racha era minha... (sobre a briga e o racha entre os integrantes da sua diretoria)
- ...  Deixo um clube com patrimônio  e dinheiro em caixa. 



Integro, honesto, mas...  

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As eleições para presidente e conselho deliberativo do E C Bahia acontecem na próxima sexta, dia 13, nas dependências da Fonte Nova. Sete mil associados estariam credenciados a votar. Tem candidato pra todo gosto: torcedor folclórico, radialista, jornalista, ex-preparador físico, empresários, administradores ...   Que Santa Luzia, a padroeira do dia, alumie a decisão dos sócios votantes e clareie os caminhos do tricolor, para que ele possa amanhã retomar a sua  história de tantas glórias e títulos, assim trazendo alegria e felicidade a essa nação que á a verdadeira dona desse time.

Amém.