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Zé de Jesus Barrêto

NA MESA DA COPA: As lições da bola em cada jogo

Torcida que vaia Dilma Rousseff é a mesma que canta nos estádios, em todos os jogos, "Eu sou brasileiro com muito orgulho, com muito amor"
20/06/2014 às 09:08
Resenhando: 

A Copa do Brasil, em campo, continua espetacular, com muitos gols, um nível técnico apreciável e jogos emocionantes. Que assim seja, até a final. 
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A queda de uma ‘monarquia’

Os dois dias de Copa após o melancólico empate ( 0 x 0) do Brasil com o México foi de grandes surpresas e pertinentes lições. 

A maior das surpresas, quiçá a atordoante surpresa e lição dessa Copa, foi a eliminação da Espanha, ‘La furia’, ‘La Roja’, a atual campeã do mundo, tri-campeã da Europa, tida por todos como uma das mais sérias favoritas ao título no Brasil, fora do torneio ainda na segunda rodada, com duas derrotas acachapantes. Desmoronou feio a equipe representante da combalida monarquia espanhola, comandada pelo Vicente Del Bosque, o badalado time do goleirão Casillas, dos zagueiros Piqué e Sergio Ramos, dos magistrais meias Xavi e Iniesta, de Koko, David Villa, Diego Costa ... a equipe que maravilhou o mundo com seu toque de bola, ocupação dos espaços em campo, o tic-tac nascido na escola Catalunha do Barcelona. Foi-se. Eis a marca implacável do tempo que não para, dos ventos que renovam.

O castelo espanhol começou a ruir numa sexta-feira 13, na Fonte Nova/Bahia, para perplexidade de todos: 5 x 1 para a Holanda. O que teria acontecido? Na quarta última, dia 18, quando imaginávamos uma reação da ‘fúria’, o golpe fatal: a derrota para o bom, veloz, bem treinado e aplicado time do Chile por convincentes 2 x 0. E ‘adiós España!’ 

A imagem desolada do genial e envelhecido Xavi, de olhos caídos e sentado no banco de reservas disse tudo: o fim de uma era, de uma geração, de um estilo de jogar bola que encantou o mundo. 

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O que vimos na arena Maracanã, derrubando o velho touro espanhol, foi um Chile arisco, insinuante, com estocadas certeiras, mostrando-nos um futebol renovado, uma equipe de respeito: o goleiro Bravo, o santista Mena, o colorado Aranguiz, o palmeirense Valdívia, os astros Vidal, Vargas e Sanches desbravando na frente, um futebol total. Arriba Chile! De olho neles, pois podem estar no caminho do Brasil, logo adiante. E surpreender. 

Atenção: o treinador do Chile é um certo Sanpaoli, discípulo do argentino Bielsa (EL Loco), estudioso do ‘carrossel holandês’ e da escola catalunha do ótimo Barcelona. 

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Ingleses no precipício 

Só por um milagre de combinação de resultados um outro campeão do mundo, a Inglaterra (em 1966), onde nasceu o futebol como esporte, não será eliminada dessa Copa de surpresas e emoções fortes. 

No feriado de Corpus Christi, quinta-feira, sob um frio europeu de 11 graus em São Paulo, o English Team perdeu de 2 x 1 para o Uruguai, com dois gols do iluminado Luizito Suarez (um de cabeça, passe de Cavani, e outro num balaço cruzado) para a Celeste Olímpica. Rooney marcou o de honra para o time da rainha, o primeiro dele numa copa do mundo. Foi mais um jogão de bola, disputado a ferro e fogo mas com lealdade, boa arbitragem, em que prevaleceu a qualidade latina, o talento individual. No final, abraçado pelos companheiros, Suarez derramou-se me prantos. 

O Grupo D, da morte, continua indefinido, com Itália, Costa Rica e Uruguai à frente, cada um somando três pontos. Ganha mais importância ainda a partida Itália x Costa Rica, nesta sexta-feira, 13 hs, em Recife. O vencedor já se garante para a fase seguinte. 

- O jogo no Itaquerão foi visto nas arquibancadas pelo astro sueco Ibrahimovic. A Suécia está fora porque foi eliminada por Portugal, numa das melhores partidas da carreira de Cristiano Ronaldo. Ibra, cracaço e goleador, faz falta sim nesse torneio de grandes jogos e craques. Já o ‘gajo’ CR 7 ‘está a nos dever’ um bom jogo, decepcionou na estréia contra a Alemanha, na Fonte Nova. Câmara nos olhos dele! 

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Pelo Grupo C, quinta, 13 hs, no Mané Garrincha, a Colômbia bateu Costa do Marfim ( 2 x 1) e está praticamente classificada, com duas vitorias seguidas, à fase seguinte da competição. Foi um jogo duro e os gols saíram na segunda etapa : a Colômbia abriu 2 x 0, com gols do craque camisa 10 Rodriges e de Quintero; Costa do Marfim diminuiu com bela jogada individual de Gervinho e briga ainda pela segunda vaga, caso vença a Grécia, pra semana.


Outra surpresa foi a atuação da Austrália, vendendo caro a derrota ( 3 x 2) para a favorita Holanda, em Porto Alegre. Quem imaginava? Depois daquele segundo tempo exuberante contra os espanhois, quando lembrou o ‘carrossel’ de Cruijff e Neeskens / ano 1974, todos previam um ‘estrago’ holandês sobre os modestos australianos. Qual o quê!

 A turma dos cangurus correu barbaridade e esteve à frente do placar (2 x 1), jogando de igual para igual e criando as melhores chances de golear. Perdeu por um erro do goleiro, que aceitou um chute de longe, já no meio da segunda etapa. 

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As lições: 

Cada jogo é um jogo, tem sua própria história, e ninguém vence de véspera. ‘Pelear’ é preciso. Futebol é um jogo inexplicável, onde muitas vezes prevalece o imponderável... os fados da deusa bola.

Mais: A bola é redonda e gira constante, como o universo, o planeta terra, a vida em evoluções, mudanças... cada novo dia. Assim é o futebol. 

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Na chave do Brasil, Camarões tomou uma balaiada da forte Croácia : 4 x 0. Sem Eto’o (com o joelho machucado) e depois da expulsão do meia Song, o time africano não parece páreo para o Brasil, na segunda-feira, dia de São João. Vencendo, ficamos em primeiro lugar do grupo, para enfrentar Chile ou Holanda, na sequência. A outra vaga do grupo será disputada a foice entre croatas e mexicanos. Os europeus têm uma equipe melhor, mais encorpada, têm o meia Modric e o artilheiro Mandzukic, mas os mexicanos são obstinados e podem surpreender. 
ssa sexta-feira promete. Teremos às 13 horas, em Recife, a buliçosa Costa Rica, do bom centroavante Campbell, enfrentando a vivida e manhosa Itália do maestro Pirlo. Vai ser jogão. 

E às 16 horas, na Fonte Nova/Salvador, a dura Suiça encara o talentoso e taludo time da França. Torcemos por mais um jogo de alto nível e muitos gols como foram os dois anteriores realizados na capital baiana. É mais um clássico europeu. Atenção para o meia Pogba, um garoto de 20 anos, negro, alto, esguio, clássico, companheiro de Pirlo na Juve de Turim; e para o atacante artilheiro Benzema, pelos ‘Bleus’. Na Suíça, o destaque é o atacante Shaqiri, de 21 anos, goleador. 

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E as arquibancadas cantam, mesmo quando a ‘canarinho’ não está em campo : “ Ah! Sou brasileiro! Com muito orgulho, com muito amor!” 

Os mesmos que vaiam e xingam a presidente Dilma ?