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Zé de Jesus Barrêto

NA VARANDA DA COPA: Começamos com pé direito

Fora de campo teve gente ferida, quebra-quebra, cabeças quebradas, sangue e imagens de violência que vão varar mundo. Vale?
13/06/2014 às 10:19
Ganhamos porque fomos melhores, tivemos o domínio da bola e do campo na maior parte do jogo e temos jogadores que decidem. Sem essa de que ganhamos ‘roubado’, isso é papo de argentino e dos que querem criar um clima favorável para que os árbitros apitem contra o Brasil. O jogo foi limpo. Brasil 3 x 1 Croácia, bela estréia. 

Aquele pênalti em Fred eu também não marcaria (vendo pela tevê), mas o atacante, vivido, foi malandro no lance: protegeu a bola com o corpo e, ao sentir a mão do adversário em seu ombro puxando-o sim, caiu como se tivesse sido derrubado, bem diante das fuças do árbitro asiático que nem teve dúvidas, marcou a penalidade, enxergou o puxão. Faz parte, são coisas do jogo do jogo de bola esse ‘estica-empurra-puxa’ na área que muitos árbitros deixam correr frouxo e outros não, pois tudo depende de interpretação no momento e do posicionamento (ação e árbitro) em campo. 

O resto é chororô de quem perde. Ganhamos porque merecemos e jogamos melhor. 
Senão vejamos: afora o gol aos 14 minutos, num lance em que toda a defensiva brasileira perdeu o tempo da bola, num contragolpe rápido nas costas de Dani Alves e Marcelo fez contra por pura infelicidade, o que mais a Croácia aprontou no primeiro tempo? Nada!

Ganhamos o meio campo, acuamos a Croácia, criamos situações de gol e empatamos aos 28 minutos com um belo gol de Neymar, num chute de canhota de fora da área que acertou o cantinho, no pé da trave. Merecido. E louve-se a briga de Oscar pela bola contra três croatas, até a pelota chegar a Neymar, que decidiu. 

Talvez na segunda etapa o time de Felipão tenha entrado meio desligado, afrouxando a marcação, perdendo os rebotes e divididas no meio campo. Mas, mesmo assim, antes da penalidade máxima marcada pelo ‘japa’ o time de Felipão já tinha ameaçado o gol adversário perigosamente... e qual defesa fez o Júlio Cesar? 

O gol de pênalti saiu aos 24 minutos e tia Dilma vibrou ! 

Prefiro louvar a calma de Neymar, com uma tonelada de ‘responsa’ nos ombros , batendo na bola colocado e com força , o que impediu a defesa do goleiro croata que ainda tocou nela. Daí o time de camisetas ‘quadriculadas’ foi pra cima, claro, e nosso goleiro Julio Cesar trabalhou um pouco... e assustou também, dando rebotes, saindo mal do gol numa bola alçada. Mas nada de grandes sufocos. 

Foi então que , no final, aos 45’, Oscar fez um golaço, arrancando e rasgando pelo meio da zaga adversária e tocando de bicuda, de fora da área, no cantinho. Esse gol veio coroar uma atuação brilhante, guerreira do nosso meia, a estrela do jogo ao lado de Neymar. 

Jogaram muito também o David Luiz e o Luis Gustavo. Hulk destoou, Fred pouco viu a bola e Paulinho cansou... 

Para o ‘hexa’ almejado faltam ainda seis jogos, um de cada vez, cada um com sua história. Demos o primeiro passo, acertadamente. 

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Neymar e a estrela que brilha: estreou em Copas do Mundo fazendo dois gols, decidindo. 

Temos equipe.
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A Festinha de abertura foi colorida mas chinfrim. Áudio sem referência e sem graça, a música oficial da copa é infame e as coreografias mostradas sem sincronias nem simetrias. Enfim, aquela bagunça bem brasileira, uma mistura sem pé nem cabeça do que eles chamam de brasilidades. Durou pouco mais de 20 minutos mas todos já estávamos torcendo para acabar logo. De vergonha. 

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Nas arquibancadas, com a presença da presidente Dilma, do presidente do STF Joaquim Barbosa, de representantes e chefes de estado de 12 países, a máfia inteira da Fifa, convidados mis ... vaias dirigidas à nossa presidente-candidata. Não é um bom retrato do Brasil lá fora. 

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Fora de campo, desde cedo, no dia dedicado aos namorados, à histórica abertura da Copa do Mundo no país, as festa juninas e feriados mudando toda a rotina de norte a sul... e grupos organizados preferiram ir às ruas, preferencialmente em São Paulo, Rio, Porto Alegre e Belo Horizonte para protestar, se manifestar e também provocar confrontos com as tropas policiais de segurança. 
Teve gente ferida, quebra-quebra, cabeças quebradas, sangue e imagens de violência que vão varar mundo. Vale?
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Não acho que valha, até porque meu coração mostra-se contente, hoje: minha netinha de nove anos, Ananda, foi sorteada e vai entrar nos gramados da Fonte Nova, nessa sexta, acompanhando os times da Espanha e da Holanda, que se enfrentam, reeditando a final da Copa Africana, em 2010. Está feliz da vida, rindo à toa. O papai dela, Marco Antonio, que faria 41 anos se aqui estivesse, nesse dia 13, sexta, consagrado a Santo Antonio, deve estar vendo isso lá de cima e rindo, feliz por sua Anandinha. E o riso dele, Marco, era muito bonito, nunca esqueço. 

Ah, a bola me tras tanta alegria, o jogo de bola me faz sentir emoções únicas, ainda hoje, já um jovem ancião. Arrepio-me e os olhos lacrimejam com o jogadores e arquibancadas entoando o Hino Nacional, por exemplo. Por quê ?