Colunistas / Esportes
Zé de Jesus Barrêto

BAVI pegado e com técnica sofrível, 1x1

O Carnaval ainda é domingo mas a galera do Bahia e do Vitória pareciam com ressaca do Momo
24/02/2014 às 10:15
O primeiro clássico baiano do ano tinha atrativos: Maxi jogando com a camisa tricolor pela primeira vez contra o ex-clube, as estréias do apoiador Uéliton e do centroavante Marcão, o rubronegro buscando uma fórmula melhor de jogar com a ausência do meia Escudero (e como faz falta o gringo), o mando de campo do Vitória em Pituaçu, alguns garotos das divisões de base em ambas as equipes em campo e bebida alcoólica liberada nas arquibancadas, expectativas de parte a parte e ... 

Os cerca de 19 mil torcedores que compareceram ao estádio na tarde nublada do domingo viram um jogo tecnicamente sofrível mas muito disputado, e um empate 1 x 1, justíssimo pelo que os times produziram em campo. A partida foi muito brigada pelo meio campo, com muitos marcadores e pouca criação de jogadas bem trabmadas. Resultado: as defesas prevaleceram, ganharam quase todas e os gols saíram em lances fortuitos.

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O baba

O jogo começou nervoso e o Vitória melhor, ocupando melhor o gramado, tendo mais a bola, buscando o jogo com um melhor conjunto. Aos 10’, o garoto Ze Wélisson arriscou o primeiro chute, de longe, e Lomba abraçou. Aos 16’, Marquinhos limpou, na entrada da área, bateu forte e errou. O Bahia foi equilibrando o jogo aos poucos e, aos 20, Fahel testou um escanteio, ganhando da zaga adversária no alto, assustando. Aos 31’ o gol saiu após um chutão da defensiva do Vitória, Marquinhos disputou na velocidade com Titi e ganhou, após o escorregão do zagueiro, cruzou alto para Dinei, Mádson tirou de cabeça mas a bola sobrou para Juan que bateu prensado, a bola reboteou e sobrou novamente para o lateral que bateu enviesado acertando o canto: 1 x 0 Vitória.
 
Ainda no primeiro tempo o Bahia criou duas boas chances de empatar; uma com Rhainer, que levou na velocidade pela esquerda, cortou a zaga para dentro e chutou forte e rasteiro para boa defesa de Wilson. Aos 44’, após uma boa trama de todo o ataque tricolor, Marcão teve a bola de frente para o gol e bateu forte, colocado, para uma ótima defesa de goleirão rubronegro, no rodapé. 

O empate veio logo no primeiro minuto da segunda etapa, após a cobrança de um escanteio; a defesa do Vitória não achou a bola, Marcão tentou de calcanhar na pequena área e Fahel, quase em cima da linha, disputou com o zagueiro Defendi e a redonda espirrou nas redes: 1 x 1. Aos 12’, Maxi recebeu de frente e errou. Aos 13’, Marquinhos bateu bem da entrada da área e a bola passou perto do poste de Lomba. Aos 14’, a melhor chance: Maxi foi ao fundo e lançou rasteiro para Rhainner, de cara, mas o becão Salustiano tirou o pão da boca do atacante, de biquinho de chuteira, provocando a furada e salvando o gol.

O Vitória parecia melhor fisicamente, os dois treinadores fizeram substituições, modificações táticas, e o jogo perdeu a velocidade, ficou muito marcado e sem jogadas de área, até o final. Um placar justo o empate no clássico que me fez lembrar o grande amigo e ex-cronista esportivo, o jornalista Armando Oliveira: “ um jogo de muita transpiração e pouca inspiração’. . 
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Destaques: 

A boa arbitragem de Arilson Bispo da Anunciação, sem erros, controlando a partida sem a necessidade de distribuir muitos cartões. 

No rubronegro, duas boas intervenções do bom goleiro Wilson; o becão Salustiano, um garoto ainda, é uma boa promessa, encostou bem no veterano Marcão, sem dar espaço. O menino Zé Wélisson também atuou com personalidade, enquanto Mauri sumiu. Juan foi o melhor no meio campo e Marquinhos se mexeu muito mas não achou espaço para golear, marcado; Dinei ficou preso entre os zagueiros e nada produziu.
No tricolor, o goleiro Lomba quase não trabalhou e os zagueiros Lucas e Titi deram conta do recado. Rafael Miranda correu o campo inteiro, todo tempo.
 O estreante Uéliton mostrou-se bem gordinho, fora de forma, sem agilidade e jogou só um tempo; foi substituído pelo esperto Wangler. Bom trabalho do lateral Guilherme e, melhor ainda, o do menino Pará, que o substituiu. Maxi, vaiado pela torcida rubronegra e bem marcado, pouco apareceu. Marcão brigou com a zaga adversária e quase fez o dele, mas precisa de mais ritmo. O melhor, pela luta o tempo inteiro, foi Rhainer. 
O treinador Marquinhos Santos escapou por um triz, no clássico, de ser demitido. Ganha mais de uma semaninha de sobrevida e treinamento. Talvez a equipe tenha feito taticamente seu melhor jogo do ano, no Vi x Ba de Pituaçu. 

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Depois do clássico a torcida perguntava, perplexa: cadê o craque em campo ? Muita correria, muito esforço, mas muito pouco talento, nenhuma criatividade. O futebol baiano carece de craques, essa é a verdade. Não temos jogadores que individualmente possam decidir, nenhum diferenciado. Pobre futebol baiano. Sinto falta dos ídolos, aqueles que faziam valer a pena pagar ingresso para vê-los jogar. Cadê? Nem unzinho só temos. 

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No meio da semana teremos rodada decisiva pela Copa do Nordeste, com o nosso representante estadual, o Vitória, viajando até Fortaleza para enfrentar o Ceará, com a obrigação de vencer se quiser continuar na competição e ainda sonhar com o título. 
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Domingo próximo é Carnaval na cidade.