Turismo

MAIOR atração turística do Brasil está ameaçada por falta de apoio

Prefeitura do Rio, do crente Marcelo Crivela, quer cortar pelo meio o apoio à festa
Da Redação ,  Salvador | 15/06/2017 às 17:36
Desfile das escolas de samba ameaçado
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As escolas de samba do Grupo Especial da Liga Independente das Escolas de Samba (Liesa) divulgou nota no final da noite de ontem (14) comunicando 
a decisão de suspender os desfiles no carnaval de 2018. O anúncio foi feito após o prefeito do Rio, Marcelo Crivella, anunciar o corte pela metade dos recursos 
da subvenção destinados às escolas de samba.

Segundo a nota, presidentes das escolas de samba e a Liesa aguardam o agendamento de uma reunião - já solicitada - para tentar “encontrar uma solução para o problema”.

Em entrevistas, o presidente da Liga, Jorge Castanheira, destacou “os benefícios econômicos, financeiros, de geração e renda, além da valorização da imagem da cidade do Rio de Janeiro e do Brasil. 

Segundo a Liesa, o corte de 50% dos recursos “trará graves consequências para produção do espetáculo” e tornará os desfiles inviáveis de serem feitos com a mesma qualidade com que estavam sendo produzidos. A entidade lembrou que Crivella, na eleição, visitou a sede da Liesa e firmou um compromisso de manter o subsídio aos desfiles.

Já a prefeitura do Rio divulgou na segunda-feira (12) a decisão do corte e informou que os recursos destinados às escolas de samba serão transferidos para aumentar o repasse de manutenção de creches conveniadas com o município. De acordo com a prefeitura, as agremiações receberam cerca de R$ 24 milhões para os desfiles de 2017, e, agora, 50% do valor serão revertidos para melhorar a alimentação e o material escolar das crianças.

“São 12 mil crianças que hoje estão em creche conveniadas. O Rio de Janeiro paga per capita R$ 10 para cada criança. É preciso aumentar pelo menos para R$ 20. Agora, façam as contas. Isso tudo exige de nós austeridade e sacrifício. Todos precisam contribuir. A prefeitura está contribuindo. Nós cortamos secretarias, nós cortamos mais de mil cargos políticos. O carnaval precisa contribuir conosco, nos ajudar nesse esforço”, disse Crivella no dia do anúncio.

A polêmica promete esquentar nos próximos dias, quando o prefeito volta de viagem oficial à Holanda. A bancada do PSOL na Câmara de Vereadores garante que vai cobrar explicações mais detalhadas do prefeito e teme que outras festas sofram cortes e saiam do calendário de eventos da cidade. Já o mundo do samba aguarda com expectativa o desfecho do impasse, uma vez que o desfile movimenta a economia de diversas comunidades do Rio de Janeiro e da Baixada Fluminense. 

O desfile foi criado em 1932 pelo jornalista Mario Filho, irmão do dramaturgo Nelson Rodrigues, para movimentar o período de recesso dos times de futebol da cidade. O jornal Mundo Sportivo, dirigido por Mário, decidiu organizar o primeiro desfile competitivo das escolas de samba. A divulgação do evento pela imprensa ajudou a atrair um grande número de curiosos, que assistiu a 19 escolas passarem pela Praça Onze no dia 7 de fevereiro, domingo de carnaval. Os jurados elegeram a Mangueira como campeã.

O Mundo Sportivo acabou, mas o sucesso de público fez com que o jornal O Globo assumisse a organização do evento em 1933. Novamente a Mangueira foi campeã.

Os desfiles se popularizaram e continuaram a ser realizados mesmo durante a Segunda Guerra Mundial. Com a demolição da Praça Onze para a construção da Avenida Presidente Vargas, as escolas foram transferidos para a Avenida Rio Branco em 1943 e 1944 e para o Estádio de São Januário em 1945. Em 1978, as apresentações foram transferidas para seu local definitivo, a Avenida Marquês de Sapucaí, ainda sem o Sambódromo, inaugurado em 1984. 

Oitenta e cinco anos depois, o Rio de Janeiro corre o risco de ver uma de suas maiores tradições sair de cena. Mario Filho, que dá nome ao Maracanã, deve estar se contorcendo com o rumo da história. E o que diriam Cartola, Paulo da Portela, Joãozinho Trinta, Fernando Pamplona, João Nogueira e Clara Nunes?