Turismo

TURISMO DO ABANDONO: Praça do Reggae no Pelô vira Praça do Rato

Praça do Reggae foi fechada no ano de 2011 na gestão Jaques Wagner
Tasso Franco , da redação em Salvador | 07/12/2016 às 09:45
Já são 5 anos de abandono em pleno coração do Pelô
Foto: BJÁ
    O Espaço do Reggae ou Praça do Reggae no Pelourinho virou Praça do Rato. Foi fehcada em 2011 e anunciado, na época, um projeto mirabolante incluindo uma passarela e outras maluqauices. Nada foi feito. Quando Márcio Meireles entrou como secretário da Cultura, no governo Wagner, levou a primeira dama Fátima Mendonça a Rocinha do Pelô, igualmente abandonada. Há um Minha Casa por lá nunca inaugurado.

   O governador Rui Costa poderia revitalizar esses dois espaços. Custa pouco. Na Praça do Reggae é só limpar, instlar um palco e colocar uma bilheteria. No Minha Casa da Rocinha só terminar a obra. Tá tudo abandonado.


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5 DE JULHO DE 2015

A Praça do Reggae, situada no Pelourinho, foi durante muitos anos um dos principais veículos para a difusão e sobrevivência da cultura Reggae em Salvador. Representa, também, uma conquista daquelas pessoas que tiveram no Reggae uma de suas principais inspirações no combate ao racismo imperante na sociedade baiana da década de 1980, que naquele momento lutava contra a forte repressão da ditadura militar. 

Este espaço se consolidou ao longo de gerações como um ponto de encontro para pessoas de todos os gêneros, etnias e classes que confraternizavam ao som da música Reggae. No entanto, era a grande massa da juventude preta e parda soteropolitana que se fazia presente e elevava a consciência através das mensagens de redenção presentes nas letras do Reggae. 

A Praça do Reggae tem uma importância histórica inestimável para toda a população afro descendente baiana e seu fechamento no ano de 2011 representa um retrocesso na gestão cultural do nosso Estado e um grave atentado à diversidade étnica existente na sociedade soteropolitana. A interrupção das atividades neste local foi, também, um duro golpe para o conjunto de profissionais ligados ao Reggae em Salvador, músicos, produtores, engenheiros de som, entre outros, que perderam um espaço garantido de atuação em uma cidade com tão poucos espaços voltados para a realização de eventos musicais. 

Ao longo dos anos que culminaram com o seu fechamento, a Praça do Reggae e seus frequentadores sofreram um intenso processo de criminalização racista por vários veículos da mídia soteropolitana, que em diversos momentos fizeram questão de associar aquele espaço à criminalidade. Foram vítimas, também, da negligência por parte dos diversos órgãos do Estado cuja função deveria ser a gestão e manutenção daquele espaço, mas, que em seus últimos momentos se encontrava em estado insalubre e com sérios problemas de segurança que desencadearam os diversos incidentes de violência ocorridos naquele local. Atualmente o espaço encontra-se totalmente destruído e ocioso, vigiado por um segurança cuja função é “tomar conta” de escombros, incorrendo em mau emprego do dinheiro público. 

Simultaneamente a esta situação, a maioria das bandas de Reggae de Salvador enfrentam grandes dificuldades para encontrar espaços que ofereçam a estrutura adequada para a realização de eventos musicais, e em especifico, de música Reggae, pois esta vertente musical ainda sofre com o estigma racista a ela associado. 

Paralelamente à exclusão sofrida pela maioria das bandas, são realizados anualmente grandes festivais de Reggae em Salvador, gerando uma grande soma de lucro para um pequeno grupo de empresários que contemplam somente um pequeno grupo de bandas para se apresentar nestes eventos e, geralmente, repetem as mesmas nas programações relegando à invisibilidade toda uma cena de bandas locais que sustentam o Reggae ao longo do ano em Salvador. Estes fatos demonstram a necessidade de revitalizar este espaço crucial para a cultura soteropolitana onde já se apresentaram grandes nomes do Reggae nacional, com uma nova gestão comprometida com os princípios culturais de edificação espiritual e formação da consciência crítica que diferenciam o Reggae dos demais ritmos musicais. 

Diante dessa situação desigual a que estão submetidas a maioria das bandas de Reggae em Salvador, exigimos que o Estado cumpra com o seu dever de contribuir para a democratização das oportunidades para expressão artística e cultural em nossa cidade e devolva este aparelho público à sociedade soteropolitana.