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FRANCESA E AMERICANA GANHAMA NOBEL DE QUIMICA PELA TESOURA GENÉTICA

Por que será que brasileiros (as) nunca ganham Novel?
Tasso Franco , da redação em Salvador | 07/10/2020 às 09:08
Emanuelle e Jennifer
Foto: DIV
   As pesquisadoras Emmanuelle Charpentier e Jennifer A. Doudna foram laureadas na manhã desta quarta-feira, 7, com o Prêmio Nobel de Química por seus trabalhos pelo "desenvolvimento de métodos para editar o genoma". O secretário geral da Academia Real de Ciências da Suécia, Göran Hansson, resumiu as descobertas como a "reescrita do código da vida".

A dupla da França e dos Estados Unidos recebeu o prêmio pela descoberta, como definiu o comitê do prêmio, de "uma das ferramentas mais afiadas da tecnologia genética: a tesoura genética CRISPR / Cas9". Segundo a academia, a partir dessa ferramenta hoje é "possível alterar o DNA de animais, plantas e microrganismos com extrema precisão".

O trabalho é considerado revolucionário ao abrir caminho para novas terapias contra cânceres, assim como "pode tornar realidade o sonho de curar doenças hereditárias", aponta o comitê. As duas vão dividir igualmente o prêmio de 10 milhões de coroas suecas.

"Há um poder enorme nessa ferramenta genética, que afeta a todos nós. Não só revolucionou a ciência básica, mas também resultou em colheitas inovadoras e levará a novos tratamentos médicos inovadores", disse Claes Gustafsson, presidente do Comitê do Nobel de Química, durante a apresentação do prêmio.

Segundo ele, essa "tesoura genética" transformou a ciência molecular. "Hoje podemos editar basicamente qualquer genoma e responder todos os tipos de perguntas. E isso pode ser usado para corrigir falhas genéticas, como a que causa anemia falciforme. Você pode praticamente tirar a célula hematopoética, consertar e voltar para o paciente", explicou.

"Fiquei muito emocionada, muito surpresa, parece que não é real", afirmou Emmanuelle Charpentier, em participação na coletiva, com a voz embargada.

Charpentier publicou sua descoberta em 2011. No mesmo ano, ela começou a trabalhar com Jennifer Doudna, uma experiente bioquímica com vasto conhecimento em RNA. Juntas, elas conseguiram recriar as tesouras genéticas da bactéria em laboratório, simplificando seus componentes de forma a torná-las mais fáceis de usar.

Quem são as vencedoras do Nobel de Química de 2020

Emmanuelle Charpentier nasceu em 1968 em Juvisy-sur-Orge, França. Obteve seu Ph.D. em 1995 no Instituto Pasteur, em Paris, França. É diretora da Unidade Max Planck para a Ciência de Patógenos, em Berlim, Alemanha.

Jennifer A. Doudna nasceu em 1964 em Washington, D.C, nos EUA. Obteve seu Ph.D. em 1989 na Escola Médica de Harvard, em Boston, EUA. É professora da Universidade da Califórnia, em Berkeley, EUA e pesquisadora do Instituto Médico Howard Hughes.

As duas cientistas se somam a um grupo de pouquíssimas mulheres que já receberam o Nobel de Química desde 1901. Antes delas, apenas cinco outras pesquisadoras tinham sido laureadas.