Tecnologia

Pegasus: Arma cibernética israelita que foi usada contra jornalistas

Com informações do DN de Lisboa
Tasso Franco , da redação em Salvador | 19/07/2020 às 19:12
Arma cibernética
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O nome do mítico cavalo alado branco não terá sido por acaso. Pegasus, o sistema de ciberespionagem da empresa israelita NSO que esta semana voltou a ser notícia por ter sido utilizado para espiar responsáveis políticos europeus, é capaz de chegar onde os seus congéneres não conseguem: voa tão velozmente pelo ciberespaço que é difícil de detetar e, pelo caminho, apanha até o que está nas "nuvens".

Produto do NSO Group, startup formada há dez anos, em Herzliya, perto de Telavive, por três ex-membros dos serviços de espionagem israelita, Niv Carmi, Omri Lavie e Shalev Hulio, o sistema informático na base do Pegasus é formalmente classificado como um serviço de cibervigilância com fins de segurança. Graças a uma autorização de exportação do Ministério da Defesa do Governo de Israel, este sistema é liceniado exclusivamente a entidades governamentais e não a empresas privadas.

A sua utilização devia ser, assim, estrita, regulada e limitada ao combate ao crime e ao anti-terrorismo. O que, dizem organizações Não Governamentais como a Amnistia Internacional e a Citizen Lab, está longe de acontecer.

O Pegasus tem por base um spyware - uma espécie de vírus informático que se instala no smartphone sem o utilizador saber, quando este clica num link fraudulento, por exemplo - que entrou em circulação pelo menos em 2011, segundo se sabe. Alegamente, foi nesse ano utlizado pelas autoridades mexicanas para capturar o narcotraficante El Chapo.

Mas foi a partir de 2016 que o sistema entrou no radar do Citizen Lab, quando apareceram relatos de que estava a ser utilizado pelos Emirados Árabes Unidos para vigiar ativistas de direitos humanos.

Desde então, os casos vêm-se sucedendo. Aproveitando vulnerabilidades dos sistemas operativos dos iPhones (Apple), dos Android (Google), bem como dos programas de mensagens instantâneas como Skype, Viber, Telegram ou WhatsApp. A ONG Citizen Lab tem somado casos atrás de casos de jornalistas, advogados ou ativistas de direitos humanos que têm visto a sua privacidade violada utilizando, ao que tudo indica, esta tecnologia - que é licenciada exclusicamente a entidades governamentais.

Quase todas estas vultnerabilidades (bugs) foram já colmatadas pelos gigantes do software visados, mas entretanto o próprio spyware também evoluiu, naquele que é um eterno jogo de gato e do rato no ciberespaço.

Ainda esta terça-feira, a Amnistia Internacional acusou as autoridades marroquinas de utilizarem o Pegasus para espiar o telefone de Omar Radi, um jornalista marroquino. A NSO, por seu lado, declarou-se "profundamente perturbada pelas alegações".

E no início da semana houve os casos dos telemóveis de Roger Torrent, presidente do Parlamento da Região Autónoma espanhola da Catalunha, de Anna Gabril, dirigente do partido catalão Candidatura d'Unitat Popular, e do conselheiro para a Administração Pública da Generalitat, Jorgi Puigneró, que alegadamente sofreram "intrusões" por meio do Pegasus. É público que o governo espanhol é cliente do grupo NSO.