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Sites americanos relatam que guerra na Rocinha tem influência das FARC

Guerra é pelo comércio internacional de drugs
Nara Franco , RIo | 25/09/2017 às 11:53
Favela da Rocinha no Rio entre a zona Sul e Oeste
Foto: DIV
      Para quem acha que a "guerra" na favela da Rocinha, no Rio de Janeiro, é apenas um problema local, o site Small Wars Journal  mostra que o problema é bem mais complexo e assustador. De acordo com a matéria dos repórteres John P. Sullivan e Robert Bunker, a batalha entre Nem e Rogério 157 pelo controle de uma das maiores favelas da América do Sul tem ligação com a Colômbia e as FARC. 

A derrocada do grupo, segundo site, "criou um vácuo de poder na produção e distribuição de drogas no continente". O acordo de paz entre o governo colombiana e as Forças Armadas Revolucionárias Colombianas fomentou a associação entre grupos brasileiros e o BACRIM - Bandas Criminales Emergentes. 

O PCC, de São Paulo, estaria recrutando ex-integrantes das FARC para contrabandear armas para o Brasil e "passar conhecimento sobre o tráfico de drogas". Matéria publicada em 31 de janeiro no Wall Street Journal revela o conhecimento do governo brasileiro sobre o assunto. 

Enquanto a imprensa carioca cobre o assunto de forma alarmista e superficial, o site Small Wars mostra que a verdadeira intenção dos grupos brasileiros é entrar no mercado internacional em associação com os colombianos. O mercado da cocaína no Brasil, estima-se, movimenta de R$ 4 a 5 bilhões. As rebeliões em presídios e conflitos nas favelas em todo o Brasil se dá, segundo o site, pela briga entre PCC, Terceiro Comando Puro, Comando Vermelho e Família do Norte. 

A matéria dá um amplo panorama do poder do tráfico na América Central e Latina, listando ações da polícia americana contra as famosas gangues de Los Angeles, que deportou centenas de traficantes para países como Guatemala, El Salvador e Honduras, apenas fortalecendo o crime nesses países. 

O Governo Federal brasileiro ignora o assunto e joga para os estados a responsabilidade de combater grupos criminosos com mais de 20 mil integrantes (estimativa do tamanho do PCC). Ignora ainda o fato de as prisões brasileiras servirem como escritório de luxo para traficantes de alto poder de fogo como Nem, ex-chefe da Rocinha, que de Rondônia deu a ordem para o início do conflito na favela. 

O ex-secretário de Segurança do Rio de Janeiro, José Mariano Beltrame, passou oito anos batendo na mesma tecla: é preciso integração e investimento nas fronteiras para deter a entrada de fuzis e drogas. Pedia ainda mudanças na legislação que permite a soltura de bandidos e indultos. Sem falar na visita de advogados às cadeias, levando celulares e bilhetes para os bandidos. 

A situação é bem mais profunda do que aparenta e o Governo brasileiro tem pouco poder de reação, enquanto o presidente Temer governa apenas para se manter no cargo. Foram anos de olhar relapso para a segurança, que deixou de ser apenas um problema crônico do Rio de Janeiro para se espalhar por todo o Brasil. Para deter Pablo Escobar, na Colômbia, o governo daquele país se aliou aos americanos e juntou exército e polícia na caçada ao traficante, que acabou morto (quem quiser saber sobre o assunto pode assistir a documentários e séries sobre Escobar na Netflix). 

Enquanto isso, vamos fingindo que o problema da violência no Brasil é apenas por falta de acesso à educação. É também, mas não dá mais para fugir do fato de que os criminosos querem muito mais que apenas as bocas de fumo das pobres favelas brasileiras. 

Imagem: https://ichef-1.bbci.co.uk/news/624/cpsprodpb/1555B/production/_90078378_f80b0e8c-da8c-4974-9527-b783dbde8653.jpg