Colunistas / Política
Tasso Franco

A SURPREENDE E INÉDITA QUEDA DE UM SECRETÁRIO NA POLITICA BAIANA

Sete anos de gestão meritória na Saúde e uma queda em menos de 48 hs
04/08/2021 às 14:54
  Na história da politica baiana a exoneração a pedido do secretário Fábio Vilas Boas, da Saúde estadual, depois de ter xingado a proprietária do Restaurante Pretas, na Ilha dos Frades, de "vagabunda", invadir o espaço que estava fechado por recomendação da Capitania dos Portos usando uma máscara de proteção contra a covid dessarrumada no rosto foi fato raro e inédito da ascensão de uma autoridade que vinha executando um trabalho meritório na saúde pública em 7 anos de gestão e uma queda em menos de 48 horas. 

    Na elegante nota distribuida pela Secom há a citação de que o cardiologista Fábio Vilas-Boas entregou uma carta com pedido de exoneração do cargo de secretário estadual de Saúde, que ocupava desde janeiro de 2015 e a solicitação foi aceita pelo governador Rui Costa.

    Na carta, o médico agradeceu a confiança do governador que lhe fez o convite e que "me deu a oportunidade de contribuir para uma verdadeira revolução na saúde visando atender a quem mais precisa". Fábio também desculpou-se por episódios recentes envolvendo a empresária Angeluci Figueiredo. O governador Rui Costa agradeceu pelo empenho com que o médico conduziu a pasta durante sua gestão.

   Imagina-se o quanto o governador sofreu com essa exoneração. Fábio chegou ao governo por indicação de Rui. Na época, noticiou-se que era uma escolha pessoal do governador do seu médico particular. Houve certa desconfiança em colocar um novato, sem experiência no meio político, numa secretaria estratégica do governo, além do que, estava deixando a pasta para ser deputado federal pelo PT, o médico Jorge Solla, e imaginava-se (no meio político) que este iria fazer o sucessor.

   Para surpresa de todos - nos meios político e administrativo - Fábio, aos poucos, foi se impondo como um secretário técnico e dando visibilidade a pasta nesta direção dentro do prometido por Rui em campanha de construir 7 hospitais regionais em sua gestão inicial (2015/2018) e outros na segunda gestão com a participação dos municípios no programa de Policlínicas, atualmente com 20 ianguradas e 16 hospitais (2016/2022). Um programa desse porte - justiça seja feita - nunca aconteceu na Bahia e a dobradinha Rui-Fábio estava embalada. 

   A Bahia enfrentou a pandemia do Coronavirus de forma correta com uma rede de atendimento bem estruturada num estado do tamanho da França apresentado 25 mil mortes do letal virus quando o país passa da casa dos 550 mil óbitos. 

   Morte nunca é bom, mas, observando-se a estatística a Bahia teve 5% dos óbitos no cômputo geral do pais num estado que faz fronteira com 6 outros estados, com maior semiárido do Nordeste e pobreza acentuada, sem que houvesse pânico e superlotações nos hospitais. 

   Fábio chegou a ser citado por partidários da base governista para ser o candidato a prefeito da capital, em 2018. O então secretário, desde 2019 e um pouco mais, passou a dar entrevistas a jornalistas e radialistas e, nunca se saberá, poderia ser um nome pré-candidato a deputado federal e até a governador.  

   E, num lance ditado por seu inconsciente (a psicologia explica esse fenômeno) seu cérebro o conduziu ao abismo político com uma palavra, um gesto, uma encenação. 

   Não citarei suas querelas com o prefeito de Feira de Santana, Colbert Martins Filho, e a cantora Ivete Sangalo que são de menor monta, mas, agredir uma mulher dá forma que praticou ficou insustentável. Ele e o governador não tiveram alternativas. Ele com o gesto de pedir a exoneração; e o governador com o gestão de aceitá-la. Dloroso para ambos. 

   Há lições a tirar desse episódio. E, ambos, hoje, estão em busca dessas lições. (TF)