Uma das mais recentes afirma que 62% da população não fazem atividade física.
Gordo emagrece e engorda, enche e esvazia mais rápido do que balão de oxigênio. De tempo e tempo surge uma novidade, para assustar o obeso, que se sente praticamente com os dois pés na cova, ou para renovar as esperanças, com dietas e medicações milagrosas. E foi assim, “nesse tique, nesse taque, nesse toque, nesse pique” que pintou Moçambique, segundo Moraes Moreira - no caso, outra pesquisa sobre gordo, assunto que dá mais audiência do que a Lava-Jato.
Uma das pesquisas fresquinhas da hora conclui que mais da metade da população brasileira (62%) é sedentária, não faz qualquer atividade física, não move uma palha sequer. “Ainda bem que não sou só eu!”, ironizou Jeffinho, no seu tom esculhambadeiro, como diria o grande escritor Barretinho de Jesus, exímio neologista.
Jeffinho sabe que a inatividade faz mal à saúde, até já chegou a malhar por cerca de um ano. Mas abandonou tudo, vencido por exercícios que lhe dão prazer: levantamento de copo e garfo e balanço na rede. Não tem jeito, é da sua natureza, vem do coração e da mente, e domina o corpo, confessa o gordo convicto, de raiz.
Na mesma leva, outra pesquisa sentencia: quem dorme pouco fica doente com frequência e envelhece mais cedo. O ideal para ficar saudável e evitar a velhice precoce seria dormir diariamente entre 7 e 9 horas. Aí Jeffinho mata a pau! Como tem a consciência limpa, o cara é bom de cama, deita e dorme feito um vigia, em torno de 8 a 10 horas. Além do mais, assim como herdou a obesidade, a genética também lhe concedeu o direito de viver muito - seus pais e avós foram e são longevos. Sem contar que Jeffinho tem orelhas grandes. Reza a lenda, na qual acredita fervorosamente, que orelhões indicam quem vai passar dos 90 anos.
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Mas como não se pode acreditar em pesquisa de olho fechado, ainda nessa temporada saiu outra, negando uma anterior, mais antiga. Antes, era garantido: obeso que mantivesse controladas pressão arterial e taxas de colesterol, glicemia, triglicérides e afins corria risco de ficar doente como qualquer pessoa normal. A pesquisa de agora, simplesmente, afirma que não é mais nada disso, é tudo o contrário. Quer dizer: Jeffinho está fudido; gordo “saudável” já não existe mais.
Então, “é nesse vai e vem, nesse vai e vem que a gente se atrapalha” todo. Menos Jeffinho, que sempre mantém um pé atrás, desconfiado feito São Thomé, com relação às pesquisas, todas elas, e especialmente as que lhe dizem respeito.
Com a sua pouca crença, jamais abandonou, por exemplo, o ovo de galinha, quando era apontado como o pior dos vilões. Indiferente, o gordo seguiu comendo seus ovinhos fritos na manteiga, com pão, com cuscuz de milho, com inhame, aipim ou o que ocorrer, pois “qualquer maneira de amor vale a pena”. Hoje, o ovo é quase santo, é até recomendado; descobriram que o danado faz muito bem à saúde. “Ora, mas quá!”, diverte-se Jeffinho.
Há também o caso do café, o antigo assassino negro, segundo as pesquisas. Jeffinho jamais abandonou seu café preto, quente e forte. Hoje, o café é praticamente um alimento funcional e faz um bem danado ao coração, quem diria! Ah! Aquele café verdadeiro, moído na hora e passado no coador de pano! É indispensável após uma bela refeição demorada, sorvido entre baforadas de um Cohiba curto, de médio calibre, e goles generosos de um bom conhaque francês. Para saber como isso é bom não precisa de pesquisa alguma.
