Saúde

Cirurgia minimamente invasiva acaba com excesso de suor nas axilas

Hiperidrose atrapalha a vida social de 2% da população
Carla Santana , Salvador | 23/11/2020 às 18:59
Cirurgia minimamente invasiva pode acabar com o excesso de suor nas axilas
Foto: Divulgação
A transpiração é algo normal no ser humano e sua função básica é o controle da temperatura corporal. Quando faz muito calor ou durante a prática de exercícios, a perda de água é ainda mais intensa. No entanto, algumas pessoas são acometidas pela hiperidrose, um quadro de suor excessivo principalmente nas axilas, palmas das mãos, plantas dos pés e/ou face, em diferentes combinações. Este problema pode incomodar muito algumas pessoas, como aconteceu com o administrador Renan Lacerda Brasil Souza (32), que desde os 12 anos sofreu com a doença até ser submetido a uma cirurgia minimamente invasiva. 

Quando começou a trabalhar na área de atendimento ao público, por volta dos 20 anos de idade, a transpiração excessiva começou a incomodá-lo ainda mais. Renan tinha que estar sempre bem arrumado e limpo, mas por mais que tomasse todos os cuidados, o suor das axilas sempre aparecia. “Eu achava que teria que usar desodorante ou botox como paliativo pelo resto da vida,  até que um amigo que tinha passado por uma cirurgia para corrigir o problema me falou sobre a experiência dele. A partir daí, passei a buscar informações sobre a hiperidrose junto a um cirurgião torácico. Quando soube que havia uma solução definitiva para o problema, a decisão por operar foi imediata. Meu único arrependimento foi não ter feito a cirurgia antes. Penei muito até os meus 31 anos, quando finalmente descobri que o excesso de suor nas axilas tinha jeito. Hoje, felizmente, estou livre do problema”, comemorou. 

De acordo com o cirurgião torácico Pedro Henrique Leite, que operou Renan, a hiperidrose pode ser agravada por estresse emocional ou fatores psicológicos. Os sintomas se iniciam normalmente na infância ou adolescência, sendo comum a presença de outros casos na família. “A doença acomete cerca de 2% da população e pode afetar bastante a qualidade de vida do indivíduo, principalmente as relações interpessoais, já que, muitas vezes, um simples aperto de mão pode virar um tormento na vida dessa pessoa”, destacou o especialista. O diagnóstico é clínico, baseado nos sintomas referidos pelo paciente. Não é necessária a realização de nenhum exame complementar.

Tratamento - Existem diversas opções de tratamentos para a hiperidrose, tais como medicação oral, cremes tópicos, toxina botulínica (botox), entre outros, com graus variáveis de eficácia e satisfação. De maneira geral, porém, os tratamentos clínicos para a hiperidrose são considerados temporários, pois a interrupção do uso dos medicamentos está associada ao retorno dos sintomas. “O botox tem o seu efeito diminuído com o tempo, sendo necessárias novas aplicações, além de ter um custo muito alto. O tratamento mais efetivo, com melhor resultado e efeito duradouro, é a cirurgia denominada de simpatectomia”, explicou Pedro Henrique Leite. 

A cirurgia é realizada por técnica minimamente invasiva, a videotoracoscopia, através de uma ou até duas pequenas incisões abaixo da axila. O procedimento é tecnicamente simples, seguro e com um alto índice de satisfação dos pacientes. “Um possível efeito colateral da cirurgia é a possibilidade de sudorese compensatória, definida como o aumento do suor em outras áreas do corpo como dorso, nádegas e coxas. Vale lembrar que a indicação e a técnica cirúrgica precisas diminuem bastante o risco dessa complicação”, concluiu o médico.