Saúde

Ginecologistas registram aumento de doenças ginecológicas na pandemia

As ginecologistas da Clínica Emeg Ana Cristina Batalha, Cristina Sá e Ticiana Cabral também registraram aumento na procura por métodos contraceptivos
Comunicando Ideias , Salvador | 25/09/2020 às 07:29
Ginecologistas registram aumento de doenças ginecológicas durante a quarentena
Foto: Divulgação

Nos últimos quatro meses, a quarentena imposta pela pandemia do novo Coronavírus provocou uma profunda mudança nos hábitos, rotinas e relações humanas. Além de adaptar o dia a dia para manter ao máximo a realização de todas as tarefas dentro de casa, a exemplo do trabalho e estudo remoto, muitas pessoas estão lidando com novas condições, como o isolamento social, a convivência em tempo integral com a família ou companheiro(a) e todo o estresse e ansiedade provocados pela tensão e pela incerteza de como serão os próximos passos. As ginecologistas e sócias da Clínica Emeg, Ana Cristina Batalha, Cristina Sá e Ticiana Cabral destacam que o acúmulo de estresse, entre outros fatores, ocasionou um aumento significativo na procura de tratamentos para Candidíase por repetição, herpes por repetição e Síndrome do Ovário Policístico em seus consultórios.


“São patologias da região genital altamente associadas com ansiedade e aumento do estresse, o que provoca uma queda na imunidade”, explica Ana Cristina Batalha. Tudo isso se agrava com má alimentação e falta de atividade física, características vividas por muitas pacientes durante esse período de isolamento. “Logo no início, quando começou a pandemia, transferimos a maior parte dos atendimentos físicos para os atendimentos online, e vimos um elevado crescimento na quantidade de pacientes com queixas associadas a herpes, candidíase e ovário policístico. Agora, tem também as pacientes que estão buscando revisão antes de retornarem ao trabalho”, destaca a ginecologista.


A herpes é um vírus que pode ser transmitido sexualmente na maioria dos casos, mas uma pessoa que já teve contato com esse vírus pode nunca apresentar a patologia, conta Cristina Sá. “Tive muitas pacientes que a primeira manifestação da herpes aconteceu no período da pandemia”. Já a candidíase depende muito da análise do hospedeiro como um todo, considerando o ponto de vista imunológico, suas defesas e também a questão emocional, que pode provocar esse desequilíbrio. “Recorremos à utilização de muitas sessões de leds vaginais, neste momento, para acelerar a cicatrização das lesões de herpes, melhorar a dor e também aliviar os sintomas da candidíase”, comenta Cristina.


A Síndrome do Ovário Policístico tem ligação direta com má alimentação, falta de atividade física e desordem hormonal. Por se tratar de uma alteração metabólica, Ticiana Cabral explica que a adoção de hábitos saudáveis é fundamental para melhorar a qualidade de vida de quem recebe o diagnóstico. “Outra consequência direta da pandemia é que, em geral, todo mundo começou a se alimentar pior, aumentou o consumo de carboidratos e açúcares, principalmente o carboidrato fino, leite e derivados. São alimentos irritativos e inflamatórios, que provocam uma disbiose intestinal, ou seja, um desequilíbrio na flora intestinal, interferindo na imunidade. Somando tudo isso ao pouco ou nenhum exercício físico, dificuldades para dormir, temos uma paciente totalmente inflamada”, avalia.


Prevenção na Pandemia


Por outro lado, o período de isolamento também fez algumas mulheres mudarem seus planos, principalmente para aquelas que saíram em busca de prevenção da gravidez. Para as ginecologistas, houve um aumento de pelo menos 10% na procura por métodos contraceptivos nesse período de quarentena. Ana Cristina Batalha atribui esse aumento ao fato dos casais passarem mais tempo juntos durante o dia. “Por passarem mais tempo em casa, é normal o aumento da frequência sexual que, por consequência, elevam as chances de uma gravidez”, afirma.


Além disso, a médica alerta para os riscos de se relacionar com parceiros que moram em outra residência em meio a pandemia. “Sempre destaco que não adianta usar máscara, pois o risco é grande. A roupa que vestimos, o fato de ir na casa de uma outra pessoa, o contato com objetos de outras pessoas, tudo é fator de contaminação, não apenas o contato direto com a boca. É importante ficar alerta não só com a Covid-19, porque estamos em pandemia e a situação é muito séria ainda, mas também com as infecções sexualmente transmissíveis. A gente continua recebendo casos de contágio, então, a palavra é proteção, além de tolerância e companheirismo para conseguirmos passar dessa fase da melhor forma”.