Saúde

Salvador vai sediar XVII Simpósio Nacional de Reprodução Humana

Evento acontece nos dias 22 e 23 de setembro
Carol Campos , Salvador | 21/09/2017 às 17:29
Salvador vai sediar XVII Simpósio Nacional de Reprodução Humana
Foto: div

       Congelamento de óvulos para preservação da fertilidade, aborto espontâneo recorrenteinfertilidade de causas inexplicadas, endometriose, Síndrome dos Ovários Policísticos e Infertilidade, medidas que previnem defeitos congênitos e Terapia Hormonal (TH). Esses são alguns dos importantes temas que serão abordados no XVII Simpósio Nacional de Reprodução Humana, promovido pela Sociedade Brasileira de Reprodução Humana (SBRH) e pela Associação de Obstetrícia e Ginecologia da Bahia (Sogiba), nos dias 22 e 23 de setembrona sede da ABM – Associação Bahiana de Medicina, em Ondina. O  Simpósio, que tem como presidente o ginecologista baiano  e especialista em Reprodução Humana, Joaquim Lopes, vai reunir médicos de vários estados do país para abordar temas importantes da área. Dentre os conferencistas convidados, os médicos Carlos Tantini (Itália), João Pedro Junqueira Caetano (MG), Jean Pierre Barguil Brasileiro (DF), Vinicius Medina Lopes (DF) e Maria do Carmo Borges de Souza (RJ). As inscrições podem ser feitas na ABM Eventos. Informações pelo telefone: (71) 3025-9701 ou através do sitehttp://www.abmeventos.org.br


Congelamento de óvulos

Nos dias atuais, muitas mulheres têm seu primeiro filho após os trinta anos. A mulher moderna tem cada dia mais adiado a maternidade para investir na sua formação e carreira profissional, buscar estabilidade financeira antes de ter filhos ou até mesmo por ainda não ter encontrado o parceiro ideal. O grande problema é que quando muitas mulheres resolvem ter filhos a fertilidade delas já entrou em declínio já que a idade é um dos fatores naturais que mais afetam a capacidade reprodutora feminina. O congelamento de óvulos possibilita que as mulheres adiem a gestação e ainda que engravidem utilizando os próprios gametas até mesmo depois da menopausa.

Para preservar a fertilidade feminina, a técnica de vitrificação, considerada eficaz e segura, é uma das que apresenta os melhores resultados. O método de criopreservação permite o ultrarresfriamento dos óvulos em baixíssima temperatura (-196ºC) e de forma muito rápida, garantindo a sua qualidade no ato do descongelamento ou desvitrificação para fertilização em seguida. Considerado um método mais avançado de criopreservação, a vitrificação proporciona taxas de gestação altas, uma vez que o procedimento preserva as características, a idade e a qualidade dos gametas femininos. Durante o processo de congelamento, os óvulos são desidratados e tratados com substâncias crioprotetoras antes de serem congelados.

A técnica também é indicada para mulheres submetidas à quimio ou radioterapia para tratamento de determinados tipos de câncer, pois esses tratamentos podem comprometer sua fertilidade por diminuição importante da quantidade de óvulos.

Ovários Policísticos e Infertilidade

Distúrbio de origem funcional e endócrina (hormonal), a Síndrome de Stein-Leventhal, mais conhecida como Síndrome dos Ovários Policísticos ou Polimicrocísticos (SOP), é relativamente comum e atinge entre 6 e 10 das mulheres em idade reprodutiva, causando a anovulação (falta de ovulação) e, consequentemente, levando à infertilidade.

"Nos casos em que a Síndrome compromete a fertilidade da mulher, o tratamento pode ser feito através do uso de medicamentos indutores da ovulação," explica o ginecologista e especialista em Reprodução Humana, Joaquim Lopes. Em cerca 80 a 90% dos ciclos acontece a ovulação e regularização dos períodos menstruais após o tratamento, mas os índices de gravidez nesses casos ficam em torno de 40 a 50%.  

Apesar de não ser uma doença grave, a Síndrome, se não for acompanhada pelo médico, causa a longo prazo implicações na saúde da mulher. Infertilidade, alterações do ciclo menstrual, produção excessiva dos hormônios masculinos (testosterona), excesso de pelos (hirsutismo), aumento da oleosidade da pele, acne, obesidade, diabetes mellitus (Tipo II) e câncer de endométrio são algumas das implicações que podem surgir decorrentes da Síndrome. Por estar associada à obesidade e distúrbios do colesterol, existe também um risco de desenvolvimento de doenças cardiovasculares. A Síndrome também aumenta o risco da mulher sofrer abortamento.

O especialista, no entanto, lembra que nem todas as mulheres que têm ovários policísticos vão apresentar os sintomas da Síndrome.

"Manter-se com o peso adequado, ter uma alimentação saudável e praticar atividade física regular são fatores que podem ajudar bastante na prevenção e no tratamento da Síndrome ", conclui Joaquim Lopes.


Avaliação do casal infértil

Cerca de 15 % da população brasileira em idade fértil é afetada pela infertilidade conjugal, caracterizada pela ausência de gravidez em um casal com vida sexual ativa e que não usa medidas anticonceptivas por um período de um ou mais anos. Cerca de 40% dos casos de infertilidade de um casal são atribuídos à mulher, 40 % aos homens e em 20% dos casos o problema é resultado de uma combinação de fatores em ambos os parceiros ou de causas inexplicadas.  

Várias são as causas mais comuns que podem levar à infertilidade nas mulheres, dentre elas as Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST's), os distúrbios hormonais, obstrução nas trompas, problemas de malformação ou tumores no útero, endometriose, miomas e ovários policísticos.

Nos homens, um dos principais fatores de infertilidade é a varicocele, que consiste na dilatação anormal das veias que drenam o sangue na região dos testículos. Há também causas genéticas, homens que não têm espermatozoides (azoospermia) ou que apresentam uma concentração inferior a quinze milhões de espermatozoides por mililitro de sêmen (oligozoospermia severa). As Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST’s), o uso de cigarro e o consumo de álcool e anabolizantes também podem comprometer a fertilidade.

É importante saber que uma mulher com menos de 30 anos pode esperar até dois anos para que aconteça a gravidez. Caso a mulher tenha mais de 30 anos não deve aguardar mais que um ano para iniciar uma investigação com o especialista. Se atingiu 35 anos, o prazo de espera não deve ultrapassar seis meses. Após os 40 anos se a mulher deseja engravidar deve, de imediato, iniciar a investigação da sua capacidade fértil.

Outros fatores também podem influenciar a saúde reprodutiva como o estresse, tabagismo, obesidade, poluição, consumo de álcool e de drogas, uso de alguns medicamentos, problemas da tireoide e a própria ansiedade.


Aborto espontâneo recorrente


De acordo com a Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva, entre 15% e 25% das mulheres em idade fértil vão ter pelo menos uma perda gestacional e 5% delas terão duas. Cinquenta por cento das perdas não têm causas definidas. No Brasil, estima-se que por ano um milhão de casais percam seus bebês por conta de abortamentos espontâneos.  O aborto espontâneo é caracterizado por uma gravidez interrompida por causas naturais antes de completar vinte semanas de gestaçãoO abortamento espontâneo recorrente, também conhecido como abortamento habitual ou de repetição, acontece quando há duas ou mais perdas gestacionais espontâneas e consecutivas antes da vigésima semana de gravidez. Além de grande sofrimento, o aborto recorrente causa constrangimento e impacto emocional para as mães, seus parceiros e familiares e, muitas vezes, efeitos devastadores na vida do casal.

Dor abdominal intensa, febre, sangramento vaginal e calafrios são alguns dos sintomas que podem sinalizar a perda do bebê. “Ao sentir qualquer um desses sintomas, a gestante deve procurar imediatamente seu médico”, alerta Joaquim Lopes.  

Em boa parte dos casos, as perdas gestacionais sucessivas são multifatoriais, mas em 50% dos casais não é possível definir as causas. Infecções, obesidade, alterações imunológicas, malformações uterinas e outros problemas anatômicos, distúrbios hormonais, fatores genéticos (anomalias cromossômicas no casal), doenças crônicas da mãe, como diabetes não controlada e hipertensão, e uso de drogas podem ser responsáveis pelo abortamento recorrente.


Endometriose e infertilidade


Considerada uma doença da mulher moderna, que retarda a maternidade, tem menos filhos e, consequentemente, tem mais ciclos menstruais, a endometriose acomete cerca de seis milhões de mulheres brasileiras em idade fértil. Uma grande parte dessas mulheres só descobre que tem a doença quando não consegue engravidar. A endometriose pode causar infertilidade, principalmente, em seu estágio mais avançado, quando a doença atinge as trompas, órgão que conduz o óvulo ao útero. A doença também é associada a alterações hormonais e imunológicas, que podem dificultar a gravidezA depender do quadro, o tratamento pode ser com o uso de medicamentos hormonais ou através de procedimento cirúrgico,  como videolaparoscopia (técnica de cirurgia minimamente invasiva).

A endometriose consiste na presença de endométrio (tecido que reveste o útero internamente e que é renovado mensalmente pela menstruação) em locais indevidos, ou seja, fora da cavidade uterina. Quando não ocorre a fecundação, o endométrio se fragmenta e é eliminado junto com o sangue menstrual, podendo migrar através das trompas para órgãos como o ovário, intestino, apêndice e bexigaCólica menstrual aguda, dores pélvicas entre as menstruações, dor durante a relação sexual e infertilidade estão entre os principais sintomas da doença. As dores decorrentes da endometriose comprometem bastante a qualidade de vida da mulher.

Apesar da doença ser um dos principais fatores associados à infertilidade feminina, nem todas as mulheres que têm endometriose são inférteis. A infertilidade decorrente da endometriose pode ser tratada com a inseminação artificial, técnica de reprodução assistida que consiste na estimulação ovariana e posterior colocação do sêmen dentro da cavidade uterina através de um cateter flexível. Em casos mais avançados, quando a endometriose já atingiu vários órgãos, geralmente, a paciente precisa de uma técnica mais complexa para engravidar, como a Fertilização in Vitro (FIV).