Colunistas / Literatura
Rosa de Lima

"Guia Politicamente Incorreto da AL" mostra outro lado das lideranças

"Obra de Leandro Narloch e Duda Teixeira mostra como esses líderes prejudicaram seus paises, mas, ainda assim são adorados
20/10/2013 às 08:07
  Sempre é bom ter visões múltiplas sobre personagens que fizeram histórias em seus países ou em continentes sem o "patrulhismo" ideológico que tomou conta de alguns segmentos do Brasil, onde não se pode contestar os "revolucionários" Che Guevarra, Carlos Marighela, Tiradentes, Carlos Lamarca, João das Botas e tantos outros. Ainda há quem cultue como íncones sagrados um Salvador Alende e adote o discurso do "chavismo" bolivariano como o regime politico e administrativo ideal (Venezuela), país que sofre até com a falta de papel higiênico para limpar bumbuns.

  A série de livros da Editora Leya sobre o "politicamente incorreto" nos presenteou com o "Guia Politicamente Incorreto da América Latina", por Leonardo Nardoch e Duda Teixeira (333 páginas, Leya, Ago. 2012) revela exatamente isso, como alguns desses personagens fizeram males enormes aos seus países, mas, ainda assim, têm legiões de admiradores no continente, como são os casos de Fidel Castro, Che Guevara, Salvador Alende, Domingos Peron e Evita e o mexicano Pancho Vilas. 

  A seleta de Nardoch abriga 10 personagens e ícones : Che Guevara, Astecas, Incas, Maias, Simón Bolívar, Haiti, Perón, Evita, Pancho Villa e Salvador Allende. 

   Sobre Guevarra os autores relatam o que era Cuba na década de 1950 com uma classe média florescente e cidades em desenvolvimento e o que representa o país em crescente decadência nos dias atuais, sob o controle de uma ditatura. "Che montou o primeiro campo de trabalho forçado de Cuba, na região de Guanahacabibes, a mais oriental da ilha, em 1960, para reeducar pelo trabalho pessoas consideradas imorais pela revolução". Os campos de concentração cubanos - segundo os autores - abrigavam todos aqueles que não se encaixavam na ideia de homem novo - gays, católicos, testemunhas de Jeová, alcoólatras, sacerdotes do candomblé e, mais tarde, portadores de HIV. Guevarra era proponente do homem novo e um dos "mais convictos líderes homofóbicos do país".

   Relatam como nasceu o mito Guevarra pela América Latina e pelo mundo ocidental, a foto de Alberto Korda, durante visita a Cuba dos intelectuais franceses Jean-Paul Sartre e Simone de Beauvoir difundidas pelo editor italiano Giangiacomo Feltrinelli na Europa, na famosa Paris Match e em "banneres" nas ruas de Milão, e o desenrolar da Revolução Cubana que resultou na ineficiente economia da ilha e nos subsidios da então União Soviética que passou a comprar a produção do açucar criando um mercado garantido a longo prazo até que essa dependência economia ruiu com mudanças na URSS e o fim do bloco.

   Ainda hoje, intelectuais e "revolucionários" de botequins no Brasil adoram visitar Cuba, passear em charetes e andar naqueles Buicks e Chevrollet anos 1950 caindo aos pedaços.

   Os autores desmestificam a história corrente de que os espanhóis exterminaram as civilizações inca, maya, asteca sem que isso fosse possível sem a ajuda dos próprio nativos dissidentes de líderes dessas organizações, alguns dos quais, ou a maioria, agia de forma autoritária para não dizer sanguinária. Aliás, esse é o mesmo raciocínio que segmentos intelectualoides do Brasil e entidades negras atribuem aos portugueses, o tráfico negreiro para o Brasil, como também se isso fosse possível sem a colaboração de chefes tribais africanos, os quais, em guerra e lutas internas usavam seus prisioneiros como mercadoria à venda aos europeus.

  Os autores narram, o caso de Ataualpa, senhor de milhões de índios, líder dos Incas entre a Colômbia e a Argentina, o qual era poderoso e sanguinário e mandou assassinar seu irmão Huáscar, na cidade de Cusco, temendo que este se aliasse aos espanhóis para tentar matá-lo. Só que, quando os espanhóis chegaram a América os incas já estavam em guerra há 100 anos e isso facilitou enormemente a conquista, dada as adesões de grupos e líderes tribais para exterminar seus adversários.

   Se os povos andinos fossem organizados em torno de uma única liderança seria muito dificil e demorado o trabalho dos conquistadores espanhóis. Mas, aos olhos  e na difusão da escola "marxista" acadêmica os espanhóis foram  os únicos torturadores.

   A história de Simon Bolivar é ainda mais curiosa. Tido como maior herói venezuelano e cultuado em outros países da América Latina, sua familia integrava parte da elite branca espanhola, de origem basca, e este era um "mantuano", dono de terras e escravos e comandante do exército colonial. O objetivo de Bolivar era juntar vários países sob sua ditadura, mas isso não agradou os donos das terras. Equador, Colômbia e Venezuela já eram países com identidades nacionais, daí que seu projeto fracassou e Bolívar morreu ao cruzar uma região dos Andes repleta de mercenários ingleses quando se dirigia a Boyacá, Colômbia. 

  Segundo os historidades, Bolivar é atraido para a esquerda só em 1992, quando Hugo Chávez, após o golpe militar na Venezujela passa a citá-lo e Bolívar "tornou-se um dos rarissimos casos de uma pessoa que, com o tempo, passou da direita para a esquerda". 

  O peronismo argentino é emblemático. Capitão do Exército, em 1930, Domingos Perón participou do golpe que derrubou o presidente Hipólito Yrigoyen, governo assumido por outro militar, general José Félix Uriburu. Perón virou agregado militar no Chile e adido na Europa. Ao voltar para Buenos Aires, em 1940, estava embuido pelo fascismo. Em 1945, chega ao poder após exigência dos sindicalistas e passa a controlar a economia com mão-de-ferro com benefícios desmedidos aos trabalhadores. Entre 1946 e 1950, o salário mínimo subiu 33%. 
A médio prazo o país quebrou e o ditador se divertia com estudantes. Com a morte de Evita, 1952, sua segunda mulher, Perón se envolve com a jovem Nelly Rivas, uma menor de idade. Com o país desorganizado e quebrado aconteceu novo golpe de estado e Perón exilou-se na Espanha. Mas, suas ideias persistiram (o peronismo) e ele, que já vivia na Espanha com Maria Estela Martinez de Perón (Isabelita) "el Brujo" retorna ao poder em 1973. Morre em 1974 e passa o "abacaxi" para Isabelita, sua esposa e vice-presidente. Até hoje, a Argentina não se aprumou mais.

  Por fim os autores abordam a vida de Pancho Villa, o latifundiário mais famoso de hollywood e aclamado como heroi mexicano; e o presidente socialista Salvador Allende que afundou o Chile e foi morto durante golpe militar, em 1973, quando se suicidou com um tiro de fuzil AK-47 na cabeça.

  Esses autores, portanto, mostram o outro lado da história, mais real do que imaginário e difundido pela propaganda marxista na América Latina, adorada por parte de intelectua