Colunistas / Literatura
Rosa de Lima

"NADA A PERDER" do bispo EDIR MACEDO narra sua trajetória de vida

Livro narra trajetória de Edir Macedo até a criação da Igreja Universal do Reino de Deus. Haverá um segundo volume para descrever a ascensão da igreja no mundo.
06/01/2013 às 21:47

Situado na lista dos mais vendidos livros do país em 16 semanas seguidas (não ficção), "Nada a Declarar", de Edir Macedo - minha biografia, momentos de convicção que mudaram a minha vida", com Douglas Tavolaro, Ed. Planeta, 235 páginas, não contém literatura na expressão da palavra. 


   O trabalho, no entanto, por ser um fenômeno editorial, de certa forma com sucesso previsível porque o bispo Edir é o mentor espiritual e organizacional da Igreja Universal do Reino de Deus, uma entidade religiosa que tem milhões de seguidores no Brasil e no mundo e se ramificou nos segmentos das comunicações e da política, natural que o depoimento de Edir fizesse tanto sucesso em vendas.

   Daí a curiosidade em se conhecer a trajetória de vida desse bispo até para se saber de como este personagem saiu do nada (expressão não pejorativa), de uma família classe média fluminense (Rio das Flores), para se tornar um dos homens mais influentes do país.

   Impressiona no decorrer do depoimento sua relação da fé em Deus (toda a honra para o nosso Deus), de uma intimidade coloquial quando esteve preso (o ânimo de que precisava estava no que o espírito de Deus iria me falar na leitura do texto sagrado), que o coloca senão como um predestinado, mas como de uma fé inabalável que o ajudou a construir uma nova forma das relações entre o homem e a Universal, ele que fora criado inicialmente com base religiosa na igreja católica romana.

   Nunca tinha visto antes nada igual em sentimento de fé, uma atitude tão perene na vida do bispo que se tornou o principal lema da Igreja Universal em ações, em resultados concretos, em sentimento de mudança, o que faz com que essa relação seja passada aos seus seguidores de forma muito intensa, uma paixão, e representa um plus no culto ao Evangelho.

   No plano do marketing, ao contrário de muitas biografias que começam suas narrativas com o nascimento do biografado, o ambiente onde nasceu, a família, a vida politica e social do lugar, Edir optou por iniciar "Nada a Perder" com o episódio de sua prisão no início dos anos 1990, em São Paulo, acusado de ser "charlatão, curandeiro e estelionatário", o que motivou protesto de fiéis na porta da delegacia e o alçou a uma personalidade mais conhecida no país, especialmente no Sudeste.

   É a partir deste fato que Edir ambienta o livro e revela nas páginas iniciais que sua fé era de tal forma inabalável em Deus (desabafar com Deus sempre foi uma das minhas armas de defesa e de ataque) que, ao ser libertado só faz aumentar o rebanho de seus seguidores e repassar para sua família e as demais que, quem se sustenta nos ensinamentos de Deus convicto de que não cometeu qualquer crime só tende a prevalecer o bem.

   Segue sua trajetória no livro mostrando que, quando católico era um indeciso e vivia cercado de demônios e outros atributos, até encontrar o verdadeiro Deus e acertar o passo.

   Edir também valoriza a sua familia, a base de tudo, os pais, a esposa Ester e filhas, muitas fotos, descrições de curas do espírito e a trajetória inicial da Uninersal do Reino de Deus. 

   Sem meias palavras com os santos católicos, os quais cultuava na parte inicial de sua vida  diz: "Desgraçados! vocês me enganaram! gritava, pisando com raiva naqueles pedaços de papel e na gargantilha" e revela o novo motivo que o levou a outro caminho motivando a pregar a palavra de Deus noutra dimensão, com a obediência a um explicito mandamente de Jesus: "Ide por todo mundo e pregai o Evangelho a toda criatura. Quer crer e for batizado será salvo" (Marcos 16.15.16).

   Justifica a cobrança dos dízimos em sua igreja: "Eu sabia que a condição de me tornar para o Senhor era começar pela fidelidade nos dízimos. Esta foi a condição de Deus imposta ao seu povo no passado. No meu caso não poderia ser diferente", e conta como se livrou dos demônios: "Eu, de fato, virei luz. Os demônio que habitavam meu corpo foram arrancados. Nunca manifestei com espírito malignos, mas era uma pessoa endemoniada. Isso mesmo: havia forças espirituais do mal que controlavam meu ser e minha maneira de pensar".
Na parte final do livro, Edir conta sua relação com a igreja Vida Nova, onde iniciou, sua crença no crescimento e o boicote que sofreu, as relações amigáveis e depois conflituosas com seu cunhado Romildo Ribeiro Soares (RR) e a decisão iluminada de fundar a Igreja Universal do Reino de Deus após o nascimento de uma de suas filhas com problemas de saúde (o nascimento de Viviane me despertou de vez).

    Por fim narra sua relação com o crente Albino, como retirou o satanás do corpo da mulher de Albino e como instalou a primeiro templo da Universal num antigo galpão de uma funerária, em Abolição, Rio, o primeiro culto, e a inspitração para instalar o dígito "Jesus é o Senhor" como marca da Universal.

    Muito interessante o livro do bispo Edir, independente de quem goste ou não dele, quem crer em suas pregações ou não. O importante é que neste documento inicial (haverá um segundo volume narrando a trajetória da Universal e sua expansão) é revelador da vida do bispo.