Política

O 'MITO' DERRETEU NAS LABAREDAS DE FOGO QUE ELE PRÓPRIO CRIOU (TF)

Bolsonaro é o único responsável por deixar de ser a esperança de 53 milhões de brasis
Tasso Franco , da redação em Salvador | 18/01/2021 às 11:19
Bolsonaro isolado
Foto: REP
   O presidente Jair Bolsonaro brincou tanto com fogo que se queimou. Não era para menos. Há dois anos e 18 dias no poder exercendo o cargo máximo da Nação respaldado por 53 mihões de votos, Bolsonaro com o passar do tempo deixou de ser uma esperança dos brasileiros que não queiram mais o PT e sua trupe corrupta no governo e muito menos um representante da esquerda histórica folclorizada, e passou a ser um estorvo. 

  Uma assombração, aquele que embaraça, dificulta as coisas, põe obstáculos em tudo, não governa. 

  E muitos desses 53 milhões de brasis estão como párias, como órfãos, ainda sem ter para onde ir, não querem mais nem ouvir falar em Bolsonaro, e esperam algum novo lider para abraçarem. 

   Ainda não surgiu esse novo lider. Com a vacinação da Coronavac, uma vitória da ciência e do governador de São Paulo, João Dória, pode ser que o paulistano com raízes na Bahia, venha a ser essa esperança. 

   Ainda é cedo para se saber se isso será verdadeiro ou não. 

  Há, no entanto, sinais de fumaça nessa direção e a vacina será um mote valioso para 2022 não só por Dória ter peitado a assombração há algum tempo, pela importância do estado de São Paulo, por sua dimensão eleitoral, política e econômica, pelo poder de agregar outras siglas partidárias, enfim, por condições objetivas práticas na política. 

   Munição tem muita à disposição para o bom combate, as catalogadas nos erros seguidos do presidente e aqueles que ainda cometerá o chefe do Executivo.

  Bolsonaro é a negação. Foi eleito com a expectativa de que poderia ser algo de novo no Brasil, sem corrupção, pondo fim a uma montanha de estatais sem serventia e que solapam recursos públicos, executar as reformas esssenciais à modernidade de um país - a previdenciária, a política, a tributária, a do ensino público, o fim do toma lá dá cá, mas com o passar dos anos - apenas dois - vê-se que pouca coisa andou. 

  A Reforma da Previdência - o grande feito do seu governo - saiu mais por conta de um dos seus ministros e pela pressão da sociedade junto ao Congresso do que pela vontade expressa do presidente.

   As tais reformas da economia propaladas pelo ministro Paulo Guedes pouco sairam do papel e dos discursos. Emperraram de tal ordem que, um mínimo que se tenta fazer como fechar agências do BB deficitárias no país e que são ralos de recursos públicos, o presidente ameça demitir o gestor máximo do banco. 

   A Empresa Brasileira de Comunicação - EBC - que consome 1 bilhão de reais ano para manter uma TV e rádios institucionais que ninguém vê seguem adiante. O Correios que Guedes disse que um dia não valeria 1 real diante das novas tecnologias segue impávido como Bruce Lee.

   A pandemia do coronavirus foi o fogo onde Bolsonaro acabou de torrar a sua popularidade. Desde o inicio quando ainda havia 1.000 mortos pela Covid e classificou a pandemia como uma "gripezinha" até os dias atuais com 209 mil mortes "lamento, mas a vida continua" debochou o quanto pode, quebrou protocolos, aglomerou, falou do "porquê da pressa para a vacina", não usou máscara em vários momentos, disse que "ninguém pode obrigar ninguém a tomar vacina".

  Foram tantas maluquices, numa delas dizendo que o Brasil estava "quebrado" que foi matando a esperança que muitos brasileiros tinham nele, a ponto de hoje, ainda com alguma popularidade graças ao "bolsa coronavirus" (método muito parecido como o bolsa familia do Lula) está isolado, sem ninguém que queira defendê-lo. 

   Lembro que, em 2018, morador que sou de um bairro da classe média de Salvador, a Barra, familias do prédio onde moro, da rua onde habito, desciam a ladeira Guadalajara, a Alceu Amoroso Lima, a Sabino Silva, vestidas de verde amarelo, enroladas em bandeiras do Brasil, para participar de eventos no Farol em defesa de Sérgio Moro e eleger Bolsonaro. 

  Era o 'mito'. Hoje, 90% dessas pessoas, não querem nem ouvir falar mais de Bolsonaro e no último panelaço da sexta-feira passada estavam batendo panelas e gritando "Fora Bolsonaro". 

   E quem criou essa situação? Há alguma ameaça new-petista no ar? Os comunistas estão de volta como se falava? Nada. 

   Quem criou essa animosidade foi o próprio Bolsonaro o qual com suas tiradas de mau humor, pouca governabilidade, baixa resolutividade, foi provocando asco.

   A vacina é o ápice. A vacina é a ciência. E negar a ciência, negar a esperança de vida, foi seu maior erro. Desde o inicio da pandemia o presidente deveria ter sido solidário com a população, trabalhar em conjunto com os governadores e prefeitos, unir, agregar (líção pétrea defendida pelo velho Tancredo Neves) e ele fez o contrário : espalhou, destratou, debochou. 

   E agora chegou a conta política. Está desmoralizado, apagado, sem saída, abraçado ao 'centrão' a antítese da campanha de 2018.