Política

PROJETO DA 3ª FORÇA DE LIDICE NA POLITICA BAIANA PODE RENASCER (TF)

Comentário do jornalista Tasso Franco
Tasso Franco , da redação em Salvador | 04/12/2020 às 18:40
Lidice da Mata e o projeto da terceira força política na Bahia
Foto: AG SENADO
  Na campanha política majoritária da Bahia, em 2014, a então senadora Lidice da Mata (PSB) decidiu lançar seu nome como candidata a governadora. Anunciou-se - na época - que seu projeto era criar uma terceira força política no estado para reduzir a influência das duas correntes predominantes, o PT e aliados; e o DEM e aliados.

  Diriamos que Lidice teve essa ousadia - no bom sentido da palavra embalada na campanha nacional de Eduardo Campos a presidente na disputa com Dilma Rousseff, Aécio Neves e Marina Silva. 

  Lidice deu uma boa largada, mas tinha consciência das dificuldades que enfrentaria pela frente. Wagner era o governador do PT - bem avaliado - e Rui Costa seu candidato. E, do outro lado, estava Paulo Souto, desgastado, porém ainda mais forte do que ela.

   Para azar de Lidice, em 13 de agosto, deu-se um acidente de avião em SP, que resultou na morte de Campos. Lidice, no entanto, sentiu bastante o baque desta perda, porém não se entregou e decidiu apoiar Marina Silva (Rede) e não a candidata petista Dilma Rousseff.

  Quando as urnas foram abertas em primeiro turno Rui Costa venceu a Paulo Souto, do DEM, com 54.34% dos votos válidos x 37.35%, Lidice obteve 6.62%. Para Presidente, Dilma teve 41.54%; Aécio 33.53% e Marina 21.32% levando esta eleição para o segundo turno vencido por Dilma.

  O importante salientar é que Rui, eleito em primeiro turno, estava tranquilo no apoio a Dilma e não precisava dos 6% dos votos de Lidice, no segundo turno para Dilma. 

  Quando começou o governo Rui, a senadora - ao que se diz pressionada por alguns dos seus correligionários que queriam uma boquinha no governo estadual - cedeu e aderiu a Rui. 

  Ora, quando tomou essa decisão, sepultou o projeto da terceira força política.

  Vieram as eleições municipais de 2016 vencidas por ACM Neto contra Alice Portugal, do PCdoB, apoiada por Rui e Lidice. Foi uma surra: 73.99% x 14.55%; Isidório (PDT) em terceiro com 8.61%

  A roda foi girando e vieram as eleições estaduais de 2018 com reeleição fácil de Rui contra Zé Ronaldo (DEM). Lidice tentou se manter como candidato ao Senado, porém, foi rifada por Rui uma vez que PSD, de Otto Alencar, havia feito o maior número de prefeitos, em 2016, e colocou na chapa, Angelo Coronel (PSD) e Jaques Wagner (PT). Sem alternativa, Lidice elegeu-se deputada federal.

  Quando chegou 2020, Lidice (sem falar em terceira força) lançou-se candidata a prefeita da capital. Rui não deu a mínima e lançou a major Denice Santiago, pelo PT. Lidice sentiu que seria aniquilada. O PSB decidiu, então, colocar a deputada estadual Fabiola Mansur (no sacrifício) na vice de Denice, e o resultado foi que o candidato de ACM Neto, Bruno Reis, venceu a eleição em primeiro turno com 64% dos votos válidos.

  O PSB, recentemente, soltou uma nota dizendo que se saiu bem nas eleições municipais no interior elegendo 30 gestores e Lidice já fez uma reunião com seus liderados.

  A pergunta que se faz, no momento, é se Lidice pretende ressucitar o projeto da terceira força ou vai seguir alinhada com o PT, cujo candidato - ao que tudo indica - será Jaques Wagner.

  Lidice é uma política experiente e certamente vai analisar o quadro e saber como vão se comportar o PSD, PP e PCdoB nesse novo cenário. 

  Diria que, de repente, seu projeto da terceira força ressurge com Fênix das cinzas.