O Dia da Consciência Negra foi celebrado na tarde desta segunda-feira, 20, pela Câmara de Salvador como uma série de homenagens. No Salão Nobre o presidente Leo Prates (DEM), abriu a exposição do quadro “Zumbi dos Palmares”, da artista plástica França, obra pintada em 1984, retratando o líder negro, em concurso popular realizado pela CMS na gestão do então presidente Ignácio Gomes, por reivindicação do movimento negro da capital baiana. A pintura ficará exposta no Memorial da Casa.

“O espírito de Zumbi hoje é resgatado na Câmara com essa obra. Esse dia simboliza a luta contra as injustiças e as desigualdades”, afirmou o democrata, que ainda parafraseou Martin Luther King: “Eu tenho um sonho. O sonho de ver meus filhos julgados por sua personalidade, não pela cor de sua pele”. Ele lembrou que o concurso público para preenchimento de cargos no Legislativo terá 30% das vagas destinadas aos candidatos negros, através do regime de cotas raciais.

Derrubar barreiras

Presidente da Comissão da Reparação da CMS, Moisés Rocha (PT) parabenizou Prates pela iniciativa e também ressaltou a importância da data: “Se o que nos impede de crescer é o racismo, então vamos derrubar mais essa barreira”.

Na mesma linha, o presidente da Comissão de Cultura, Sílvio Humberto (PSB) lembrou as batalhas diárias dos negros na luta por igualdade: “O racismo impede que a nossa sociedade seja plena. As nossas diferenças, a pluralidade do nosso povo, que são coisas fantásticas e de um potencial enorme, infelizmente são transformadas em hierarquias e ferramentas de opressão”.

Ao lado do quadro há um texto feito pela professora de História, Jéssica Paranaguá, formada pelo Instituto Cultural Steve Biko, que conta principais pontos da trajetória do “Rei dos Palmares”.

Mesa-redonda

Ainda dentro da programação do Novembro Negro, o Memorial da CMS abrigará, nesta quinta-feira, 23, a mesa-redonda “Negros, Museus e Representatividade, onde está sua Cultura?”, das 9 às 12 horas.

Segundo o coordenador do museu, André de Carvalho Conceição, o debate “pretende fazer uma reflexão sobre a representatividade de negras e negros nos espaços de poder, questionar os estereótipos e apontar alternativas para a diversidade étnica dentro dos museus”. Para ele, os espaços de museus retratam um relato dos colonizadores e a história do negro é excluída. “Por isso, questionamos onde está a representatividade?”.

Um dos palestrantes convidados para o debate é Sílvio Humberto, também professor e economista. formado pela Universidade Católica do Salvador (UCSal) e doutor em Economia pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Outro expositor será Henrique Carballal (PV), professor de História e  bacharel em Jornalismo pela Universidade Católica do Salvador (UCSal).

A professora e escritora Iray Galvão é outra convidada. Entre seus livros publicados está a obra intitulada “Lendas Africanas” (2009, Editora Kalango). Iray exerce o cargo de chefe de Intercâmbio da Casa do Benin.

Estudantes do ensino médio, universitários e professores integram o público-alvo do evento. “Entre outros objetivos, queremos estimular os alunos a serem multiplicadores dos conhecimentos sobre história e memória, fazendo a visita ao museu mais dinâmica e prazerosa”, diz André Conceição.

Mais atividades

Outras atividades estão programadas pela Câmara neste mês. Nesta terça-feira, 21, às 18h30min, será realizada uma sessão especial em comemoração aos 30 anos do Afro - Empreendimento Familiar e Afetivo da Família, por iniciativa de Marta Rodrigues (PT), no Plenário Cosme de Farias.

Na quarta-feira, 22, às 9 horas, o debate será sobre o Estatuto da Igualdade Racial, no Auditório do Edifício Bahia Center, na Rua Rui Barbosa, promovido pela Comissão de Reparação.