Política

OS PAIS, os patronos e pongadores do Metrô de Salvador, em MIUDINHAS

No inicio, o PT amaldiçoava o metrô como o diabo a cruz
Tasso Franco , da redação em Salvador | 14/03/2017 às 18:34
Vários pais e pongadores e 4 presidentes
Foto:
   MIUDINHAS GLOBAIS:

   1. Há uma desinformação geral sobre o Metrô de Salvador, tanto de deputados da base do governo; quanto da oposição. A visita do ministro das Cidades, Bruno Araújo, com o prefeito ACM Neto, ao Metrô, para mostrar ou esclarecer que se trata de uma obra federal, resultou numa polêmica, uma vez que o governo do Estado, hoje, se sente dono da obra, ou pai. 

  2. A obra sempre foi tripartite: Governo Federal/Banco Mundial (90% dos investimentos), Governo do Estado e Governo da Prefeitura de Salvador. Vamos aos fatos:

   3. O Metrô foi lançado no marketing politico da campanha de Antonio Imbassahy (PFL), em 1996, tendo como adversário Nelson Pelegrino (PT). O PT foi radicalmente contra o metrô. Era, no entanto, uma intenção real porque outras capitais já tinham metrô e Salvador passava de 2 milhões de habitantes, com trânsito caótico.

   4. Eleito Imbassahy, em 1997, mandou desenvolver via Secretaria dos Transportes/CTS o projeto entre a Estação da Lapa e Pirajá, 12km. Idéia inicial: transportar 20 mil passageiros/dia. Negociações preliminar foram feitas com o Banco Mundial para financiar a obra.

   5. Em 1999, governo FHC, foi assinado empréstimo do governo federal junto ao Banco Mundial no valor de U$300 milhões e a obra foi iniciada.

   6. A obra começou a todo vapor até 2001 quando veio a crise financeira no governo FHC e parou. Retonou em marcha lenta, em 2002, ano eleitoral.

   7. Imbassahy foi reeleito em 2000 e tinha mandato até 2004. Lula foi eleito em 2002 e a obra parou de novo. Lula deu as costas a Bahia porque o governador era Paulo Souto. Ficou 1 ano sem vir ao estado e quando veio foi a Feira de Santana.

   8. Ainda no governo Lula, no ano eleitoral de 2004, a obra retomou na marcha lenta. Imbassay deixou a PMS dez/2004 com 65% das obras de infra prontas, inclusive o túnel sob a Av Joana Angélica até a Lapa.

  9. No segundo governo Imbassahy, a empresa espanhola que compraria o material rodante e operaraia o metrô, desistiu. O Estado, então, comprou os trens, algo em torno de R$60 milhões na época.

   10. João Henrique ganhou a eleição e fez uma aliança com o PT/Pelegrino, que fora líder na Câmara. O PT assumiu várias secretarias no governo João e o partido passou a defender o metrô.

   11. Em 2005, o metrô é destravado de novo. Em 2006, Wagner é eleito governador, e a marcha do metrô acelera. Quando os trens chegaram no Porto (comprados na época de Souto), quem faturou (ou pongou) foi Wagner, inclusice colocando imensas faixas.

   12. Veio uma crise financeira no governo Lula e o prefeito JH em acertou com Palocci municipalizar o Metrô e ainda ficar com os trens do subúrbio. Ademais, reduziu o Metrô de 12 km para 6km, passando a ser apelidado de calça-curta.

   13. JH foi reeleito em 2008 e rompeu com o PT. O metrô parou de novo e ficou na marcha lenta até o final 2012, ele e o vice-João Leão, concluindo a infra que tinha sido deixada por Imbassahy e inaugurado o metrô calça-curta, Lapa/Acesso Norte. 

   14. No dia, a imprensa foi convocada e o trem saiu da Estação Acesso Norte até a Lapa. Deveria, depois, entrar na Operação Assistida. O governador Wagner colocou o pé no freio. Tinha que ser discutida a tarifa, não sei o que mais, e a Operação Assistida ficou para o novo gestor municipal. 

   15. ACM Neto foi eleito em 2012 e quando assumiu entendeu que o Metrô, sempre quase todo com investimentos do governo federal, não poderia ter a chancela municipal. Negociou com o governador Wanger e o metrô passou para a administração do Estado.

   16. A partir de 2013, com Wagner/Dilma (eleita em 2010), retoma-se o projeto original até Pirajá (12 km) e faz-se o Projeto Executivo da Linha 2, pensada desde a época de Imbassahy. Diz-se que essa linha do Metrô foi pensada desde a inauguração da AV Paralela, em 1967.

   17. Wagner foi governador por 8 anos e a essa altura o PT já era mais do que favorável ao Metrô. Rui foi eleito em 2014 e deu segmento ao projeto com uma PPP/CCR.

   18. Em resumo da paternidade, o metrô é uma familia: pai original, Imbassahy; depois, JH; em seguida, Wagner; agora, Rui. Patronos: FHC, Lula, Dilma e agora Temer. É uma sequência de atores.

   19. O atual governo gosta de propagandear que Rui destravou um metrô que estava há 13 anos parado. Não conta a obra de infra? Não conta a compra dos trens? Não conta a instalação da rede elétrica? A colocação dos trilhos?

   20. Trata-se de uma sequência natural das obras no Brasil, com seus atrasos históricos e muitos, pais, padrinhos, patronos, pongadores e assim por diante. Bem típico do país e seu subdesenvolvimento.