Saúde

Doença da apneia acomete 6% das crianças e adolescentes

Titulada em Odontologia do Sono, Kenya Felicíssimo discute diagnóstico e tratamento em Congresso Internacional de Odontologia

Brava Inteligente , Salvador | 28/10/2014 às 13:23
Dados da Associação Brasileira do Sono apontam que cerca de 6% das crianças e adolescentes são portadores da Síndrome da Apneia Obstrutiva do Sono (SAOS). O distúrbio, que faz com que a pessoa pare de respirar durante o sono, desencadeia uma série de complicações na garotada. “A apneia provoca microdespertares que fragmentam o sono. Nos jovens, as consequências estão relacionadas à falta de atenção na aula, queda no desempenho escolar, hiperatividade, agressividade e cansaço persistente”, explica Kenya Felicíssimo, única cirurgiã-dentista na Bahia titulada em Odontologia do Sono.
 
Os fatores de predisposição, diagnóstico e tratamento da doença serão discutidos por Kenya na tarde do próximo sábado, 1º de novembro, durante o CIOBA – Congresso Internacional de Odontologia da Bahia. Felicíssimo ministrará uma conferência para profissionais da área da Odontologia, no Centro de Convenções, em Salvador. O evento, que tem público estimado em 8 mil pessoas, receberá cirurgiões-dentistas de toda a América Latina.
 
Kenya explica que o tratamento da SAOS é multidisciplinar e é necessário que os pais fiquem atentos ao sono dos filhos. “É importante que os pais observem se os filhos dormem normalmente. Nem todo mundo que ronca tem apneia, mas todos os apneicos roncam, além de terem pequenos engasgos (que ‘acordam’ o organismo, para que ele volte a respirar) durante o sono. Estes sinais devem ser relatados ao médico e dentista com título em sono, para que a suspeita seja investigada. Pesquisas indicam que crianças com problemas para dormir tiram notas piores na escola e têm mais dificuldade para aprender”, aponta Felicíssimo.
 
Saiba mais sobre a Síndrome da Apneia Obstrutiva do Sono
A SAOS é uma doença crônica caracterizada por paradas respiratórias parciais ou totais durante o sono. Entre suas principais consequências em crianças e adolescentes estão o déficit de atenção, de concentração e de memória, baixo rendimento escolar, comportamento agressivo e impaciente, ansiedade e ganho de peso. O tratamento envolve uma avaliação e diagnóstico confirmado com exame de polissonografia.

A SAOS em crianças e adolescentes tem epidemiologia, quadro clínico, diagnóstico e tratamento distintos do adulto. Na infância, a principal causa para a ocorrência da apneia está nas amígdalas e adenoides, que possuem tamanho incompatível com a dimensão do crânio. “Respirar com a boca aberta durante o sono não é normal e pode causar deformidades faciais e problemas com a dentição”, pontua a profissional.

É importante o tratamento preventivo, pois a longo prazo a doença pode desencadear hipertensão, infarto, impotência sexual, alterações de memória e raciocínio, além de acidentes no trânsito e no trabalho, devido a noites mal dormidas. Nos adultos, a prevalência da SAOS é de 33%, segundo o Ministério da Saúde.
 
Transtornos psicológicos e distúrbios do sono
Segundo a Associação Brasileira de Psiquiatria, mais de 3 milhões (8,7%) de crianças e adolescentes têm sinais de hiperatividade ou desatenção; 7,8% possuem dificuldades com leitura, escrita e contas (sintomas que correspondem ao transtorno de aprendizagem); 6,7% têm sintomas de irritabilidade e comportamentos desafiadores; e 6,4% apresentam dificuldade de compreensão e atraso em relação a outras crianças da mesma idade. Os mesmos sintomas podem ser adquiridos em crianças portadoras da apneia.

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