Colunistas / Causos & Lendas
Lobisomem de Serrinha

LOBISOMEM DE SERRINHA, Rosa costureira, viúvas de São Pedro e a Arena

Sugestão do Lobi, nesta crônica, é arregimentar Rosa Costuteira viúva de Sêo Pi e mais viuvas de S. Pedro para consertar o rasgo da Arena Fonte Nova
04/06/2013 às 10:39
 Nosso estádio de futebol na Serra se chama Marianão. Não tem cobertura e foi construido no governo Roberto Santos quando Ivete Oliveira, secretária do Trabalho, serrinhense filha de Mané Geraldo e dona Alzirão, isso na gestão do prefeito Mariano Santana (daí o nome Marianão), ergueu o empreendimento imaginando ganhar popularidades e ser uma provável candidata a deputada estadual. 

   Mariano, já falecido, era irmão de Popó, também ex-prefeito, Paulino Alexandre Santana, médico, ambos filhos do farmacêutico Biêta e dona Lindaura.

   O Marianão é, portanto, bem diferente da pomposa Arena Fonte Nova: não tem cadeiras, nem camarotes, nem cobertura e outras chiquezas. Mas, atende nossa comunidade numa boa. Como nossos times são autêncos e não cópias de Flu e Fla, se chamam ACEC, Copo, Santa Fé, Sukatão, Cajueiro e assim por diante.

   Eu até tinha combinado com meus amigos frequentadores do Buteco do Teco, na Bela Vista, o vereador Reizinho, o empresário Alírio Vermelho, o serventuario da Justiça Tolentino Caneco, o churraqueiro Pinguinha, os "irmãos" Foba e Teco para irmos assistir o jogo Brasil x Itália, na Copa das Confederações, e haviamos reservado o carro de praça de Sêo Zé Luis, mas, diante do acontecido com o rasgo de parte da cobertura da Arena, temendo uma nova tromba d'água decidimos suspender a viagem.

   Aqui na Serra chuva é coisa rara. Tanto que guarda-chuva, "paraáguas" para los espanhóis, se chama guarda-sol. Minha esposa, dona Ester Loura tem uma sombrinha sol para ir a feira, ir a missa, ir ao dentista, ir a rodoviária e assim por diante. Tanto que a gente não cultua muito São Pedro, santo das viúvas, e sim São José, o santo da chuva fina da plantação de milho. 

   Meu avô Jovinão-ão-ão, por exemplo, quis Deus levar sua esposa em tempos idos e ele se tornou devodo de São Pedro, comprou uma imagem do santo, reverenciava na data oportuna com um foguetório na porta de sua casa onde também acendia uma fogueira, no mês de junho. Hoje, a imagem do santo pertence a minha irmã Laizão da Pinharada, também viúva, e cervejeira, que louva o santo em sua fazendola. 

   Acompanhando o noticiário do rasgo da cobertura da Arena Fonte Nova, que dizem vai ser consertada dia 7 próximo, daí estranhei as declarações do doutor do consórcio gestor do equipamento dando conta de que o acidente foi humano, sem dizer o nome do responsável, isentando o glorioso São Pedro, responsável, segundo o dito popular pelas chaves do céu e do torneirão de chuvas, o qual, salvo melhor juizo é o culpadp.

   E então lembrei-me do caso de Santo Antonio das Queimadas o qual foi processado no tribunal do juri de Água Fria, a imagem amarrada no lombo de um burro e vigiada por soldados armados, diante de um crime que aconteceu no adro da igreja onde o taumaturgo era padroeiro e herdeiro dos bens de dona Isabel Guedes de Brito, que ele (o santo) embora não tivesse nada a ver com o crime, em sendo dono do templo e das terras herdadas da viúva Guedes de Brito, teve seus bens penhorados para indenizar a dita familia do morto.

   Sendo suas terras, então, colocadas em hasta pública e disputadadas, também na Justiça pelos coronéis Vicente Ferreira da Silvfa, o qual habitava algumas das áreas do querido santo, e negou-se a pagar os foros pelo arrematante coronel Francisco de Paulo Araújo Brito, entendo que, se devia alguma coisa era ao santo. 

    Funcionaram como advogado da causa do santo, Raul Alves, e pela familia do proponente da causa, o advogado Ponciano de Oliveira, sendo que  a Justiça deu ganho de causa ao arrematante, o santo (e também Vicente) perdendo mais uma vez. Logo depois, Água Fria que era sede de Comarca, perdeu essa condição para Irará, e os documentos do processo foram levados para Serrinha, mas, o processo original contra o santo sumiu, ninguém sabe; ninguém viu.

   De modo algum estou aqui a sugerir que o consórcio da Fonte Nova leve São Pedro a júri diante do rasgo da cobertura, por alguma recomendação da promotoria do Ministério das Causas Divinatórias, que se mete em tudo, ainda que o fórum Ruy Barbosa esteja ao lado da Arena. 
 E aí, se isso acontecesse, a imagem do santo poderia ir de bicicleta para não usar uma carroça e o vereador Marcell protestar, pondo  a termo o santo e sua responsabilidade diante daquela chuva, com cobertura televisiva da fiel Ana Valéria em especial para o Bahia Revista.

   De nossa parte, para dizer que não ajudaríamos em nada, colocaríamos à disposição do santo nosso advogado da Serra, Arnaldo Freitas irmã de comadre Nalvinha casada com meu primo cabo Tadeu, e, caso o juri não se processe contra o santo, podemos conseguir junto ao meu amigo Ancelmo da Farinha dozes agulhões de costurar sacos de alinhagem e mais dois ou três rolos de linha de cera curtida com meu compadre Aprígio tocador de pandeiro, e acertar com Rosa Costureira, viúvia de Sêo Pi Relojoeiro, para comandar os trabalhos de cozer de dez viúvas selecionadas a dedo na Igreja de São Pedro Velho da Piedade para costurar a cobertura da Arena.

   Juro de pés juntos que se esse trabalho for feito com esse material não rasga mais nunca e sequer precisa levar o santo a juri popular. Fica o dito pelo não dito, isenta-se o tal erro humano; salva-se o santo de um processo e a cobertura da Arena fica novinha em folha.