04/08/2017 às  19:52

Nova Timbalada e velhos conceitos das bandas axé

O conceito é que tem que ser modificado: os grupos de axé precisam deixar de ter donos.


 Com anos de estrada, os donos dos grupos de axé parecem que não aprenderam que o público se identifica com os integrantes e não com o nome da banda. O mais recente exemplo disso é a ‘Timbalada’. Com a saída de Denny para seguir carreira (sub) solo, o músico Carlinhos Brown e seu irmão, o empresário Gílson Freitas, donos da banda do ‘Candyall Guetho Square’, substituíram o vocalista por três cantores: Buja Ferreira, Paula Sanffer e Rafa Chagas. 

   Parece que a ideia é de voltar a configuração inicial dos primórdios do grupo, quando contava com os vocalistas Ninha, Patrícia e Xexéu, não deu certo.

   Em recente apresentação no programa 'Domingão do Faustão', da Rede Globo de Televisão, os novos cantores foram 'detonados' pelos fãs nas redes sociais. “Que bosta foi essa que fizeram com a Timbalada? Chega a ser um pecado”, disse uma internauta. Outra seguidora do grupo no Twitter foi mais direta: “alguém avisa que esses cantores da Timbalada não deram certo!!”. Um outro fã da banda foi ainda mais incisivo e suplicou “Devolvam minha Timbalada!!!”

   Não é possível que os proprietários das bandas não se toquem que a identidade do grupo está diretamente relacionada aos componentes, principalmente aos vocalistas. O cantor Netinho, quando saiu da ‘Banda Beijo’ para seguir uma bem-sucedida carreira solo, foi substituído pela cantora Gilmelândia. Resultado, a nova ‘Banda Beijo’ não foi para lugar nenhum. Situação parecida aconteceu com o ‘Cheiro de Amor’. A voz marcante e a presença de palco da cantora Márcia Freire foram determinantes para alavancar o sucesso do bloco e da banda.

   Com a saída do grupo nada amigável de Márcia Freire, que também optou por uma carreira (sub) solo, a banda nunca mais foi a mesma nem conseguiu repetir o sucesso de outrora. Sua substituta, a cantora Carla Visi, até que tentou impor um novo estilo ao grupo e teve até um relativo sucesso, mas não decolou. Tanto é que Márcia Freire, que havia saído como problema, voltou cinco anos depois como solução. 

   Não poderia dar certo, como não deu. Aí veio Aline Rosa – uma Márcia Freire 'recauchutada' sem um terço do seu talento. E por fim, a cantora Vina Calmon, que ainda não disse para que veio e na banda 'Cheiro de Amor' ninguém ouve mais falar.

   Poderia passar horas citando exemplos desastrosos de mudanças de formação das bandas baianas, mas não é esse o cerne da questão.  Não adianta mudança dos integrantes, imaginando que o sucesso vai permanecer. O conceito é que tem que ser modificado: os grupos de axé precisam deixar de ter donos. 

   Engana-se quem pensa que eles são formados por uma meia dúzia de amigos que um dia resolveu tocar. Esqueça isso! Existe um proprietário, que paga salário ou cachê aos músicos, meros empregados e que, na maioria das vezes, ficam às margens das leis trabalhistas, sem carteira assinada, férias, horas extras, 13º salário e quase sempre desrespeitado quanto ao pagamento do piso salarial.
         
    Antigamente, os donos de bandas enriqueciam às custas do suor dos músicos. Hoje, não dá mais. A pindaíba, pela qual passa a música baiana, não permite mais a exploração dos artistas. Estão todos juntos “vendendo o almoço para comprar a janta”. 

   Para seguir adiante e retomarem o caminho do sucesso, os grupos baianos necessitam urgentemente encontrar novos talentos, sem necessariamente terem 'donos'. Até porque, quem tem dono é cachorro.


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