24/06/2017 às  01:28

Split, uma pessoa com personalidades distintas

Diogoberni@yahoo.com.br


Fragmentado (Split), escrito e dirigido pelo polêmico M. Night Shyamalan, com James McAvoy como protagonista, EUA, 2017. Quando tive a minha primeira e única experiência com LSD aos 17 anos, via estátuas trocarem muitas ideias comigo. Algumas quando chegavam, eu por sua vez saía, mas outras eu ficava para ouvir e conversar de montão (eram estátuas falantes muito agradáveis e gentis que só lhe traziam paz nesse mundo insano). 

Enfim, as coisas inanimadas se mexiam. Tive este insight por um filme que acabo de ver. Ou seja: se na experiência com LSD eu conversara com “enes” personalidades não imaginadas “realmente”, no filme acontece o oposto. Ou seja: era o mesmo que seria eu tentando conversar com os meus vários “eus”, enquanto que na experiência lisérgica eu conversei com “vários outros”; e não que o termos EU e os OUTROS não fossem exatamente a mesma coisa, ou não, como já diria o GIL.

 Mas bem: estávamos no que concerne do EU e os OUTROS, agora falando mais concretamente o filme aborda ou apresenta-nos a cabeça de uma pessoa que tinha 23 “eus” dentro dela, e isso sem falar de um outro eu: a besta, que seria o vigésimo quarto eu , onde cada desses “eus” dava cobertura ou iluminava os outros “eus” à terem a suas atuações.

 Confesso que contei só uns seis, no máximo, “eus” que o ator fez maestralmente. Sim, se tivesse exposto lá os 23 “eus” mais a besta isso daria uma película interminável, e seria melhor cursar psicologia. Mas que em certos momentos senti a ausência dos outros eus, ah isso eu senti, e esse fator acaba respingando na coesão roteirística de tudo. 

Não que o filme seja mau acabado ou com uma finalização para que não dê sentido. E nem que eu queira abandonar o curso de Letras e trocar pelo de Psicologia. O filme somente cometeu o erro de mentir tanto ao ponto de assinalar como protagonista uma pessoa com 23 personalidades distintas. 

Acho que errou somente no número. Se o filme só mostrou cinco ou seis delas, então que coloca na sinopse que tal protagonista sofria de distúrbio mental através de seis personas diferentes, uai. No mais, tirando esse erro de números, a trama se desenvolve numa casa só, praticamente. Feliz deve ter ficado o diretor de produção, então..

                                                                         *****
   A casa era a do multiplicador de personalidades e cativeiro de três garotas raptadas. As “seis” personalidades do Kevin se comunicavam com elas, que por suas vezes, tentavam e conseguia tirar vantagem das personalidades mais jovens e celestiais, como o caso de um menino de nove anos, idade essa quando o sequestrador sofrera seu primeiro e mais traumático abuso sexual oriundo de um tio, obviamente também socialmente e clinicamente enfermo mental, porque quem estupra criança que ainda nem tem os órgãos sexuais amadurecidos, é um doente. 

  Imagina você colocar o pênis numa descarga de carro e roçar com se fosse uma vagina. Porém no caso do protagonista esse trauma sexual se desenvolve de maneira completamente atípica. Sim, ele tem esse tal menino de nove anos como persona em si, mas os outros tomam o comando de forma que as gurias jamais conseguem que elas saiam do cativeiro. 

  Agora, pra mim e muitos, a mais mais( não errei não, quis repetir a palavra) esdrúxula do filme a sua atriz coadjuvante: uma senhorona psiquiatra que, com certeza, não entende porra nenhuma de mente humano; resultado: morre no aperto literal com seu paciente mais curioso e perigoso, tanto é que na hora da morte ele tenta evitar o inevitável, talvez esse seja o momento cômico do filme. Os loucos tem essa impulsão pela pureza, principalmente das pessoas. 

  Ou seja: a única que não morreu foi à garota que era abusada por outro tio, não o dele, mas sim o dela, aquele safadão. Desculpem pelos spoolers, mas, porém assim o filme vale a pena ser visto, porque sai do real, e nem que, de longe, seja o melhor filme do diretor ( o melhor na minha opinião foi Os Outros, de 1999), ainda assim é melhor que a maioria dos últimos tempos. Vemos no filme o RG do diretor, mesmo este tendo um carimbo fraco, meio apagado; mas tá lá a mão do cara, o que o faz o melhor do gênero suspense psicológico atual, porque o pai é o cara “dos passáros”: Alfred Hitchcock:  melhor dos melhores e viva São João.


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