23/01/2016 às  13:22

BOI NÉON, baita filme nacional da safra de Pernambuco

Sim, o Juliano manda muito bem como um vaqueiro ligado em corte e costura, mas o filme é bem mais que ele


   Boi Néon, dirigido e roteirizado pelo competentíssimo Gabriel Mascaro, Brasil, 2016. Sabe aqueles filmes que acabam e você faz questão de ver até há aos últimos créditos? Pois bem, é exatamente este que resenharemos a seguir; trata-se de mais uma obra fílmica do genial Pernambuco. 

   O filme já vem rodando o Brasil e o mundo afora há pouco mais de um ano, sendo que seu principal prêmio internacional foi o prestigiado festival de Veneza como melhor filme entre todos os participantes da competitiva, e, todavia, em solo Brasilis o filme não fez nada feio também, abocanhando o prêmio de melhor filme no último festival do Rio.

    Uma das principais virtudes da obra fílmica de Mascaro, e por isso chamar tantos holofotes em festivais de cinema, e agora em salas comerciais, é exatamente a ousadia do diretor propor uma concepção de gêneros atípica.

   Para melhor esclarecimento temos uma miscelânea de valores entre as personagens do filme. Protagonizando a estória tem-se um peão que é amarradão em moda, costura e adereços. Quando me refiro a peão, falo do cabra que vai até onde o boi está e pega-o pelo bucho, segurando-o, até que outro cabra consiga marcar o gado para que a tal marca feita na brasa no tônus do animal ficasse registrada como uma tatuagem sem anestesia de modo que nenhum gaiato o roubasse.

   O filme intriga porque menospreza os valores pré-estabelecidos; Quem disse que um filho da peste de um cabra que mexe com vaquejada tem de ser bruto e ignorante, e também quem falou que uma mulher que dirige o caminhão para carregar esse bois de cidade em cidade, ou de vaquejada em vaquejada é tida como um sexo frágil? 

   Em entrevistas em festivais de cinema dos quais acompanhei o diretor é taxativo em dizer que a proposta do filme é realmente tirar as pessoas da zona de conforto e “desreotipar” os estereótipos estabelecidos. E ele vai mais além;
em sua última entrevista afirma que Boi Néon é um filme de transformação e na maioria das vezes o seu ator principal, Juliano Cazaré, é mais importante que o filme, opinião da qual não compartilho e só citei o nome do ator global para
dar exemplo e me posicionar ao lado do diretor e da sua obra genial premiada.

   Sim, o Juliano manda muito bem como um vaqueiro ligado em corte e costura, mas o filme é bem mais que ele; a estória como um todo nos faz afirmar de trata-se de um filme de transformação, de pensamento de novos paradigmas para o homem moderno. 

   Voltando a trama temos uma família que sai de cidade em cidade para fazer eventos de vaquejadas (com direito a strip-tease a noite). Como já mencionamos o protagonista era vidrado em tecidos e manequins, e este fazia as roupas da tal mulher que dirigia o caminhão para os seus stripes nas noites aos vaqueiros mais sedentos. 

   Ainda na família temos uma pirralha que quer, e às vezes consegue, pirraçar a todos; e para completar a “família” temos dois peões que são de fato quase figurantes no filme; mas sabem qual é o trunfo do filme?

   Sem dúvidas é a magia do roteiro e a baita fotografia do nordeste brasileiro. Se você vai ao cinema distraído, e quando entra na sala até pode pensar trata-se de um filme internacional, por ver tantas locações inóspitas que jamais
poderíamos imaginar que estas são no próprio Brasil. 

   Por tal estranhamento visual e também indentitário somos “comidos” por olhos mais espertos que taxam
a obra fílmica como estupenda, sendo que nós, deste país tropical bonito por natureza, nem se quer sabemos que um baita filme nacional está em cartaz nos cinemas e este é bem melhor que todos os outros que estão passando também nos cinemas e concorrendo ao Oscar, inchando nossas salas com a maioria desses filmes gringos, tirando esse espaço para obras nacionais de valor como é Boi Néon.

   O filme de Gabriel Mascaro é, de longe e sem dúvidas alguma, até agora o melhor filme que assisti em 2016, e não me canso em escrever: O cinema pernambucano está um passo à frente dos demais porque não come nada de ninguém e por isso é nitroglicerina pura, vale com certeza a ida ao cinema para assistir esta baita obra nacional.



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