08/01/2016 às  19:28

OS OITO ODIADOS, um filme nota dez de Tarantino

O cinema pernambucano é magnânimo e essa em especial é a obra embriã do chamado cinema de macho, oriundo daquele estado.


   Os Oito Odiados, dirigido e roteirizado por Quentin Tarantino, EUA, 2016. Quem é rei nunca perde
a majestade, como já sugere o ditado. Não estou afirmando que Tarantino seja o melhor de todos, mas é visível que suas obras tenham a sua marca, a mão do diretor em todas elas, e isso, de certa forma é um mérito por conseguir imprimir um estilo próprio em um mundo cinematográfico onde as imitações reinam
por falta de criatividade. 

   Os oito odiados é o oitavo filme do diretor; e ele já avisa: “ Vou parar no décimo filme e nada mais”. Existe rumores que o próximo filme de Tarantino seja Kill Bill III; ele mesmo admite que pode rodar
a sequência sangrenta que deu ainda mais visibilidade a sua forma e timbre de fazer cinema. 

   Todavia a sua última obra fílmica volta ao tema Faroeste, já que tinha feito o filme: Django Livre com igual temática. Mas as igualdades entre: Os Oito Odiados e Django Livre param por aí, ou seja, pelo tema faroeste.

   Em Os oito odiados o diretor usa e abusa de diálogos inteligentes entre suas oito personagens que dão forma a sua obra. Trata-se de oito caçadores de recompensas em um Estados Unidos recém libertado das tropas inglesas. A sacada da trama “Tarantinesca” é um caçador querer ser mais astuto que outro. 

  Ações ou pretensões essas que fazem as quase três horas de filme se diluírem rapidamente sem que a percebamos. No início tem-se um caçador de recompensas que tem em mãos uma assassina procurada pela lei em sua charrete. No meio do caminho em que tal caçador iria ganhar sua recompensa pela prisioneira, aparece um outro caçador, interpretado pelo carismático ator Samuel L. Jackson. 

   Bem ao estilo do diretor se desenvolve um diálogo entre os dois caçadores, e o que tinha uma
charrete acaba sendo “ganhado” pela lábia do outro, que não tinha transporte até chegar a tal cidade que pagava aos caçadores. 

   No meio do caminho surge uma baita nevasca, impedindo que a charrete ande. A única solução é abrigar-se na casa mais própria: Uma mercearia, ao menos supostamente. Lá encontramos os outros
“cinco odiados”. Como de costume, o filme do diretor é dividido em capítulos, e isso não necessariamente em ordem, o que deixa a obra mais enigmática e por consequência interessante, pois o espectador tem que montar um quebra-cabeças para entender cada ação e reação das personagens da trama. 

   Por sua autenticidade e também virtuosidade Quentin Tarantino ainda é um diretor que está acima dos outros do seu tempo, pois não quer imitar ninguém ou nenhum formato pré-estabelecido, e isto faz toda diferença em seus filmes. Sem medo de errar posso afirmar: Os Oito Odiados é nota dez.
                                                  ******

   Amy Árido Movie, de Lírio Ferreira, 2006, Brasil. O cinema pernambucano é magnânimo e essa em
especial é a obra embriã do chamado cinema de macho, oriundo daquele estado. 

   Na trama temos o homem do tempo na tevê como protagonista. Ele tem de voltar a sua terra natal para enterrar o pai, ao qual não conhecera. Na preocupação com o amigo, seus três companheiros vão de carro para o local para encontrar “o moço do tempo” e dar aquela força que ele tanto precisara. 

   Esta é a sinopse do filme e acabaria por aqui se o filme fosse comum, mas graças não é, trata-se de um
típico cinema que anda a frente doutros; o pernambucano. 

   Em suma as personagens e o roteiro são bem comuns, mas a direção de tudo isso torna o ordinário em
extraordinários. Percebe-se a mão do diretor na caracterização das personagens (seus trejeitos, humores, etc.), e no roteiro dando visceralidade para transformar linhas lidas de atores em atitudes no sentido em incorporar o mundo dos seus trabalhos/personagens.

   Todavia todos atores estavam já em solo árido do sertão pernambucano. Uma puta de sacada legal é que em determinadas cenas, pôr o filme ser muito rodado dentro de um carro Mustang, as captações das falas e imagens dos atores eram pegos através do retrovisor ou dos espelhos de carona e motorista. 

   Sem dúvidas a obra fílmica nos permite adentrar no universo árido de pensar e fazer cinema de diretores do quilate do autor e sua trupe, capitaneados pelo virtuoso Chico Assis. Trupe essa sempre disposta a romper com o estabelecido ou politicamente correto, permitindo a nós, espectadores, olharmos o mundo de uma forma mais digna e também poética.


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