01/08/2015 às  10:17

Samba aborda tema da emigração africana na Europa

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  Samba,dirigido por Eric Toledano, França, 2015. Embora o título pareça que o filme tenha alguma relação com o ritmo brasileiro, este não tem.

    Samba refere-se apenas ao sobrenome do protagonista: Um senegalês que vive por dez anos em
território francês sem o visto de cidadão daquele país. O tema do filme é mais uma vez a emigração na Europa, tema este que está sempre presente, basta assistirmos a qualquer telejornal para termos uma ideia acerca disso com inúmeros refugiados africanos sendo pegos pela guarda costeira italiana, estes
fugindo da fome ou de guerra civis. 

   Entretanto voltando ao “Samba francês” como mencionávamos, este vivia ilegalmente no país trabalhando em restaurantes ou bistrôs, como preferirem chama-los. Fato é que de tanto o cara trampar neste ramo ele acaba por se tornar um bom Chef de cozinha, mas só que ilegal, ou seja, um prato cheio para contratarem por seus empregadores não terem a obrigação de assinarem a sua carteira de trabalho, e por isso estarem livres dos altos impostos do governo gaulês ( quem disse que só existe o jeitinho brasileiro? Está aí o jeitinho francês também ). 

   O desenrolar do filme se passa em uma leve e cômica história através do seu protagonista abordando de certo modo um tema delicado e pesado para o continente europeu que é questão da emigração.

   Para não dizer que o filme não tem nada de brasilidade o seu diretor nos presenteia com canções de Gil e Jorge Ben, e ainda temos um personagem que se passa por brasileiro para ser bem visto e quisto pelos franceses, pois segundo tal personagem , interpretado por Olivier Nakache, que era um argelino que se
fazia de brasileiro, principalmente às francesas eram taradas por um sul-americano. 

   Dúvidas à parte ( pois já estive e não aconteceu nada disso ) o protagonista, interpretado pelo queridinho do cinema francês atual Omar Sy, conhece uma funcionária do serviço de emigração quando o pegam, interpretada por Charlotte Gainsbourg, e de primeira rola uma química entre ambos: Ele;
ávido por uma chance de ter um visto permanente para continuar sustendo sua família no Senegal, e ela por sua vez uma empregada solitária e estressada com um passado negro de surtar em trabalhos anteriores com crises de ira. 

    O relacionamento dos dois consome praticamente o filme do início ao fim, sendo que algumas “cositas” e traições se sucedem no decorrer deste. Samba, portanto, fica na lista dos inúmeros filmes dedicados ao tema da emigração na Europa, mas ainda assim permite bons momentos de risadas com situações em seu enredo, e por isso vale  assisti-lo. 
                                     
                                                    *****

   Neruda, dirigido por Manoel Basoalto, com José Secall, Chile, 2015. Segundo Pablo Neruda: Poesia, política e vida não têm de ser separados, ao contrário do que pensa a maioria. A produção chilena já começa com o poeta no poder no cargo de senador da república em 1948. 

    Como Neruda, por questões morais e humanas, era ferrenho crítico do presidente da época do Chile, foi logo literalmente caçado por este tendo que fugir pelos Alpes em direção à Argentina para não ser
um preso politico. Todavia “tem males que vem para o bem “. 

    Clandestinamente e escondido Pablo Neruda continua a escrever textos esculachando o presidente e
mostrando seus cambalachos para a sociedade chilena. Além de continuar escrevendo tais textos políticos no caminho para a Argentina a cavalo, Neruda se embrenha a escrever um novo livro de poesia chamado Canto Geral, recebendo o premio Nobel de literatura em 1971 e doutrinado como um dos livros mais importantes do poeta. 

   O livro tem o papel de observar as paisagens dos Alpes chilenos, e ter como produto principal a natureza exuberante daquele local belíssimo, ora por neve ora por verde. Não sei quem ficou como responsável pela coluna de cinema do jornal A Tarde após a precoce morte do amigo João Carlos Sampaio, mas o que parece é que essa pessoa, ou não sabe o significado da poesia em uma obra fílmica ou não viu o filme do Neruda, classificando-o somente com duas míseras estrelinhas tal obra de tamanho gabarito.

   O filme vale no mínimo quatro estrelas, e isso sendo rabugento para não dar as cinco estrelas máximas. Fato é que a poesia existe para ser sentida, captada através dos nossos sentidos e o filme em questão é puramente isto: Uma catarse poética, onde somente quem tem o privilégio de sentir é quem conhece o seu poder de transformar o mundo e as pessoas. 
Se analisarmos no sentido da sua direção cinematográfica a obra peca por tentar lançar, erroneamente, flashes backs de um Neruda jovem em contraste a um mais maduro nesta fuga pelos Alpes até a
Argentina. No mais o sentimento da poesia através da natureza e das coisas simples da vida o faz de Neruda e de seu filme coisas inteiramente genais, onde pela primeira vez tive o privilégio de ver um poeta genuíno no poder, e como senador. Acho que é exatamente isto que a nossa politica tupiniquim atual
necessita. 

    De poetas no poder, de pessoas que conheçam a alma das outras e não de Tiriricas ou outros fanfarrões que cansamos de ver no plenário nacional em Brasília. Um “Neruda brasileiro” no poder cairia bem no momento para consertar esta nação que anda tão mal entre às pernas, pena que ainda não fomos capazes de conhecer tal político.


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