27/09/2014 às  15:22

Um Belo Domingo, de Nicole Garcia, França 2013

Em Um Belo Domingo, Baptiste (Pierre Rochefort) é um homem solitário, que trabalha como professor no sul da França. Na véspera do fim de semana ele vê que um menino foi esquecido pelo pai negligente


Se queres, ou melhor, se desejas ver um filme genuinamente francês de corpo e alma, então nesse caso eu tenho uma boa dica para você: Trata-se de Um Belo Domingo (Um Beau Dimenche), dirigido e co-roteirizado pela Nicole Garcia, França, 2013. 

   Quando me referi a um autêntico filme da escola francesa, leia-se que escrevo que é um filme que terás de entender o lado psicológico das personagens, e por isso o filme se torna denso por essa peculiaridade dos filmes franceses ( e essa característica do destaque do psicológico das personagens é “marcada” até nas comédias dos filmes deste país, criador do cinema, por sinal ). 

   Entretanto Um Belo Domingo parece exagerar, ou melhor, o filme consegue ser mais denso do que “ os mais densos” dos filmes franceses que já vi, ao menos, os desse ano. 

   Apesar da densidade exacerbada, o que ao ver é ótimo, mas tenho certeza que para maioria é um martírio; Mas o filme nos conquista por ser uma obra de fragmentos ou mistérios que vão “dando as caras” na sequência da obra fílmica em seu roteiro ajustadíssimo e sem nenhuma brecha que avinhe-se a comprometer ao filme negativamente. 

   De início temos a impressão que trata-se um filme infantil e besta com um professor de matemática que não consegue ficar mais de um trimestre em cada escola que leciona. Eis que um dia o solitário professor francês se vê em uma situação atípica: Um dos seus alunos mais sensíveis e inteligentes, e por isso o que ele gostava mais entre todos da classe, é esquecido pelo pai na escola depois da aula. 

   O professor então, prontamente pega sua moto e o leva ao pai, mas ao perceber que este não estava a fim de passar o final de semana com o filho, o professor se dispõe a ficar com o menino duranteesse tempo enquanto o pai iria se divertir com uma nova namorada que não ia muito lá com a cara do garoto. 

  O pai do garoto diz que ele tinha caído do céu e libera para que seu filho passe dois dias com um professor desconhecido. O garoto no dia seguinte pede ao professor que o leve ao encontro da sua mãe: Uma garçonete que trabalhava em uma barraca de praia mais ou menos próxima da escola do guri. 

   Chegando à praia o solitário professor de matemática sente algo diferente pela mãe do garoto. Papo vai e vem, e os dois acabam por ficar para dormir na casa da mãe do garoto, separados, obviamente. Paralelo a este inicio de um talvez relacionamento existia um problema por parte da mãe do garoto. Antes de se tornar garçonete ela tinha tentado abrir um restaurante para manter a sua tradição familiar, já que seus pais tinham um restaurante quando estes ainda eram vivos; 

   Entretanto sua filha não era muito boa em negócios, de modo que o restaurante em que ela queria abrir deu um prejuízo financeiro volumoso e volta e meia os cobradores vinham lembrá-la da dívida antiga, porém vigente, e ainda com juros e correções monetárias a cada dia em que ela não pagava.

   Por puro desespero após ter tido apanhado certa noite por um dos seus cobradores, a mulher explica sua situação para o até então introspectivo professor de matemática do seu filho. A segunda parte do filme ou a virada deste acontece neste exato momento da explicação do olho roxo da mulher para o professor, até então desconhecido. 
 Como não tinham grana para pagar a dívida os dois e o garoto fogem para Barcelona para a casa de alguns conhecidos. Eis que o filme muda pela terceira vez para seu desfecho; Parte esta que preenche setenta e cinco por cento do filme, ou seja, uma boa parte e a mais legal e importante também. No caminho de fuga para Barcelona o professor pede para que fizessem uma parada em frente ao portão de uma mansão, e para surpresa do professor cigano e de todos do carro existia uma pessoa olhando fixamente para eles de um modo convidativo; 

  Eles se mandam dali e do olhar compenetrado de uma mulher e vão dormir num hotel a três quilômetros daquele casarão. No dia seguinte os três voltam e o professor resolve entrar na mansão sozinho, deixando o garoto e a garçonete no carro. Realmente só posso contar até aqui, pois mais uma única linha escrita com certeza contaria o filme todo ou ao menos a ideia principal ou dilema principal dele. 

   O que posso adiantar é que será um filme que ficará algum tempo mexendo com seu inconsciente, e acho que mexendo de uma forma legal; Excelente pedida para qualquer dia da semana, entretanto sugiro que tome um café antes e outro depois da sessão. 


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