26/04/2014 às  10:16

Um final de semana no Hyde Park

Veja outras dicas no final de semana


Um final de semana em Hyde Park, de Roger Michel, Reino Unido, 2012. Baseado em um fato verídico o filme conta a primeira visita de um parente da realeza britânica em solo norte-americano. 

   O parente em questão viria a ser o futuro rei da Inglaterra; Um homem gago e tímido (o rei George VI). Por sua extrema gagueira o homem não conseguia se enxergar como rei, se achava incompleto para o posto. A visita do futuro rei da Inglaterra aos Estados Unidos tinha um caráter político já que naquela época a relação dos países “irmãos” estavam sob tensão por guerras mundiais e interesses econômicos de ambas as partes. 

   O presidente americano era Franklin Delano Roosevelt (1881-1945), o 32º presidente dos EUA, interpretado por Bill Murray. O presidente tinha poliomielite, porém não deixava de “pular a cerca” com suas inúmeras amantes que tinha. A sua esposa, uma mulher forte, de certo modo entendia o lado poligâmico do marido. Era uma maneira que o presidente arrumara para “equilibrar” a sua incapacidade de andar. 

   De certo modo ter várias mulheres para Franklin era como falasse para si próprio: “Sou poderoso como qualquer outro presidente que sentou nessa cadeira mesmo tendo a paralisia infantil”. 

   Uma de suas amantes era uma sensível prima de quinto grau dele. A moça acabara por se apaixonar pelo sedutor político e sua lábia, e isto de fato fora um erro da parte dela, pois em momento algum o presidente deu esperanças a ela, apenas a tratava com cavalheirismo, o que para ela já bastara para se apaixonar perdidamente e além do mais ter ciúmes das outras namoradas dele e até da sua esposa, esta que, se alguma tinha o direito de se enciumar, esta era ela: a primeira dama, mas como mencionamos: tratava-se de uma mulher forte , racional e sabia que seu marido precisava daqueles mimos femininos para conseguir administrar o país. 

  Entretanto apesar deste romance com a sensível prima de quinto grau ser um tema bastante mostrado no filme, porém sobretudo a história principal do filme se pautava no final de semana em que os dois chefes de estado se encontraram e trocaram ideias e segredos sobre suas vidas e das suas nações fortalecendo a relação caída dos países. Uma cena em especial mostra esse “ficar de bem novamente” entre os EUA e a Inglaterra, que fora quando o futuro rei inglês prova uma exótica e simbólica comida norte-americana: o cachorro quente. Um filme que nos mostra os bastidores dos interesses políticos onde a gentileza ou educação, por vezes, é a melhor arma estratégica.
                                              ***********
   O palácio francês (Quai d´Orsay) , dirigido e mal roteirizado por Bertrand Tavernier, França, 2014. Um dos grandes problemas da sétima arte é esta não ter a mesma força em todos os lugares, ou seja, o que é sucesso em um lugar não necessariamente é noutro local. Esse é o caso de Palácio Francês; 

   Um filme que agradou critica e publico em seu país, porém não agradou ao redor do mundo. O filme se baseia na relação de um jovem recém-formado em administração de empresas com seu novo chefe: O temido ministro de relações exteriores da França. O filme se torna monótono porque tal ministro insiste em ser um patrão rabugento que a todo o momento cita versos de seu filosofo preferido: Heráclito, e por isso o filme fica dando voltas a piadas “sem sal “ do ministro " pilhado" para com seus subordinados. 
  
   De uma certeza saímos após a sessão: Que cultura difere-se de nação para nação,obviamente, e por vezes tamanhas diferenças são tão gritantes que determinada obra/produto não se encaixa em determinado mercado ou país. Por fim podemos afirmar que trata-se de um filme fraco, em que seu diretor- roteirista "erra a mão" em insistir em piadas repetitivas e bobas e por isso tem seu ritmo comprometido no sentido em ser convidativo para outras nações que não compreendem a língua francesa.
                                             ************
   A criança ( L`Enfant ), com direção dupla dos irmãos Jean-Pierre Dardenne e Luc Dardenne, França, Bélgica, 2004. O filme foi palma de ouro em Cannes neste mesmo ano, e com mérito, escreva-se de passagem. Difícil fazer um paralelo entre os adolescentes europeus com os sul-americanos, todavia o filme nos instiga a fazer isso, ou seja, ver uma realidade de jovens europeus e na medida do possível perpassar para nossos trópicos. A história começa com uma garota de dezoito anos saindo da maternidade com seu recém-nascido bebe de sexo masculino. Tal garota procurara o pai da criança, que na hora do parto,“partiu”.

    O pai era um garoto da mesma idade que vivia de pequenos furtos. Comandava uma mini-quadrilha, onde aliciava garotos de onze, doze anos para praticar pequenos furtos. O rapaz recebe a visita da namorada com a criança de colo e a garota avisa-o que tratava-se de seu filho aquele bebe. Não sei se para se safar ou para simplesmente mentir para ele mesmo, o rapaz revoltado, no seu intimo, não acredita que o bebe era seu filho, mas não diz nada a namorada, alias diz que ficou feliz em revê-la e ainda mais contente pela criança. 

  De fato o rapaz gostava da garota, mas não esperava ser pai tão cedo. De qualquer sorte os dois voltam a ficarem juntos, apesar de o carinha ter alugado o apartamento da namorada para descolar uma grana extra, pois os furtos estavam difíceis de rolar. 

   Quando escrevi no inicio que tentaria, por livre e espontânea tentativa mesmo, fazer uma suposta comparação entre jovens europeus aos brasileiros, de fato achei que pudesse, mas hoje sei que isso é impossível, e explicarei o por quê. Seguinte: na Europa quando se adota uma criança em cartório o governo daquele país dá, uns mais outros menos, uma receita para pais jovens e desempregados ampararem seus recém-nascidos, de modo que com essa grana esses pais jovens não necessariamente precisem trabalhar, pois o estado já dava uma bela grana somente pelo fato de ser pai. 
   Aqui no Brasil a realidade é completamente diferente da de lá ou do filme europeu. Entretanto sem perder a conexão com nosso filme, voltemos a ele após essa tentativa torpe de comparação das políticas de estado ou consciência do que governantes deveriam fazer e não fazem , mesmo estes se autointitulando como socialistas ou com slogans do tipo: “Brasil : um país rico é um país sem pobreza”. Mas voltemos a em definitivo a película, pois bem: Por esse incentivo governamental o casal de jovens vai ao cartório mais próximo para registrar a criança e assim receber as regalias as que tinham por direito de pai e mãe. 

   Todavia como lhe diz o ditado que dinheiro não consegue se plantar, é preciso trabalhar para tê-lo, que no caso especifico do jovem, era furtar. Em resumo, para o pai da criança o dinheiro que o estado lhe dava era pouco ainda para viver, o rapaz então resolve bolar um esquema genial onde ganharia uma  bolada e ainda por cima se livraria daquela criança chorona que tinha roubado sua namorada dele e ainda por cima existia o risco do filho não ser dele. 
O rapaz não tem dúvida e resolve vender a criança para uma quadrilha envolvida com trafego de menores. O seu primeiro problema fora o fato de não ter comunicado a sua namorada esta decisão da venda do bebe, coisa que obviamente a deixara puta da vida e chamasse a policia para ter seu bebe de volta. O rapaz percebe a cagada que acabara de fazer e volta para buscar o bebe. Ele até que consegue pegá-lo de volta, porém agora estava devendo a quadrilha que o comprou.

   Sem muitas escolhas o jovem pai volta ao seu oficio de furtos de bolsas e paletós, e em uns “furtos desses”, seu comparsa é pego, mas ele não. Não sei se por motivo de amadurecimento em “cair à ficha” que era pai ou pela amizade para com seu comparsa de treze anos, mas o rapaz vai a delegacia e se entrega a policia e esta libera o outro menor infrator.

   Quem ganha uma palma de ouro em Cannes nunca ganha por acaso ( quero acreditar nisso ainda ). A criança, é portanto um filme corajoso, de descobertas, de amadurecimentos dolorosos, de transições ( de criança para adulto por um acontecimento inesperado ), mas sobretudo de amor, mesmo este  sentimento sendo por vezes opaco, nebuloso , mas sem dúvidas fala-se e cria-se em tela um sentimento maior que todas as dificuldades citadas. Um filmaço, e por isso um merecido palma de ouro em Cannes.


echo getBaseUrl() . fullLink('/' . string2Url(getNomeColunistaSessaoByColuna($idColuna)) . '/' . string2Url(getNomeColunaSessao($idColuna)), $idMateria, $objColunaMateria->arrMateriaColuna['dia'], $objColunaMateria->arrMateriaColuna['mes'], $objColunaMateria->arrMateriaColuna['ano'], stripslashes($objColunaMateria->arrMateriaColuna['titulo'])); ?>