05/04/2014 às  10:10

CINEMA: Francis Ha, relações humanas complicadas

procura do amor, de Nicole Holofcener, EUA, 2013


Francis Ha, dirigido por Noah Baumbach, EUA, 2013. A maturidade por vezes tende a chegar, e o pior, muitas vezes nem chega. Temos como protagonista uma mulher na casa dos seus trinta anos e que ainda não sabe o que quer da vida. 

  De algumas coisas ela gosta e de certo modo se empenha a avançar, mas falta-lhe foco para galgar voos maiores. Sempre relapsa Francis faltava ensaios na escola que pretendia pedir um emprego de dançarina. Para Francis a vida e as relações humanas eram complicadas. 

   Por ser uma mulher que se entregava sempre de coração aberto às pessoas, por vezes se decepcionava ou até mesmo esperava que “se entregassem” para ela também, assim como fazia. Mas a vida, transportada a essa ficção, não é simples mesmo sendo que necessariamente carecemos de amadurecer, e melhor que isso por bem, ou seja, sem muitos traumas. A nossa protagonista era uma menina-moça alegre que beirava a infantibilidade com as brincadeiras que fazia com os amigos ou simples e puramente dançando na rua com um deles. 

   Também como não tinha grana ficava pulando de casa em casa dos amigos, passando uma semana na casa de um e outra na de outro. Como fazia o papel de psicóloga os amigos sempre a acolhiam para contar as picuinhas de suas vidas monótonas cotidianas. De certa maneira os amigos via Francis como uma mulher que ainda não sabia o que queria, mas também sentiam uma pontinha de inveja pelo desprovimento da moça de fugir dos padrões e estereótipos em que eles tinham que suportar para pagar seus alugueis e luxos desnecessários, que nós próprios capitalistas, acabamos por criar e achar como indispensáveis, o que na realidade são. Percebemos um certo distanciamento da Francis em relação a sua família de modo que seus amigos mais que nunca eram essenciais para a sua vida. 

   E assim: De dúvidas após outras dúvidas e algumas dividas Francis ia caminhando sem se esquecer de quem era e o que queria colocar como fundamental em sua vida, que em seu caso era a dança. Sem dúvidas um filme que nos envolve e salva a cena underground norte-americana atual por lembrar a Nouvelle vague  dos gênios Goddard e Troufaut. 
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   Trem noturno para Lisboa, de Bille August, Alemanha, 2013. Como um filme adaptado através de uma obra literária portuguesa quer fazer sucesso sendo falado em língua inglesa e ainda por cima em uma determinada data importante, a revolução dos Cravos de 1974, para o país lusitano?

  Poderia enrolar e só escrever que o filme é péssimo somente no final da resenha, mas é que fiquei intrigado com tamanha burrice das pessoas que fizeram o filme. Até um cego enxergaria que esse filme tinha que ser narrado em língua portuguesa, com certeza. Por esse desvio de idioma a obra cinematográfica se compromete totalmente e por mais que seus atores tentem salvar o filme, este não se sustenta pelo diretor investir em uma carga dramática excessiva em seu protagonista, um professor universitário solitário que vai a busca de um místico livro por trens rodando a Europa até chegar a Portugal ( que fica na Europa também ). 

   Na verdade o diretor dinamarquês Bille August quis dar essa carga dramática ao professor porque no livro acontece exatamente isso: um professor em crise existencial e depressiva que busca algo para mudar sua vidinha sem graça. Eis que surge o tal livro mágico na mão de uma garota que estava prestes a suicidar-se com o livro na mão em uma ponte de Viena, capital da Áustria, onde o professor lecionava na melhor universidade da cidade. 

   O professor então salva essa garota, que após desaparece do filme, e esta garota conta a história do livro, e porquausa deste livro a garota quis se matar tamanho o poder desse tal livro. Quando o professor sabe da história, ele pira de vez e vai atrás dos personagens do livro até chegar a Portugal, como já fora mencionado. Como já mencionamos também, tínhamos um protagonista descontente com sua vida e angustiado pela história do misterioso livro, assim como era o personagem principal escrito pelo francês Pascal Mercier em sua obra literária de titulo homônimo.

    Todavia isso é principal problema do filme e por isso o classifiquei como fraquinho, por o diretor dinamarquês Bille August insistir em colocar em cena um ator igual a da obra literária, e é aí que não dá certo, pois certas emoções são intransponíveis de um livro para a tela grande. Como diria Gil: “Cada macaco no seu galho”, entretanto parece que certos diretores não conseguem entender isso, paciência. 
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   À procura do amor, de Nicole Holofcener, EUA, 2013. Apesar da protagonista ser experiente no oficio de atriz, em À procura do amor é sua estreia na tela grande em 16 anos de carreira. A atriz ficou conhecida por fazer muitas séries para a TV americana e nunca houve um interesse verdadeiro em “boicotar” seus três meses de férias que tinha no ano para entrar num set de filmagem. 

   Casada com diretor de cinema a atriz preferia usar esse tempo para acompanhar o crescimento dos dois filhos que tem com o diretor, deixando este que se embrenhasse sozinho na sétima arte. Contudo a atriz não decepciona em sua primeira atuação no cinema fazendo o papel de uma massagista divorciada e prestes a “perder” a companhia de sua única filha para uma faculdade distante. Em uma festa despretensiosa de uma amiga conhece um homem com a sua mesma situação: divorciado e preste a perder sua filha para outra faculdade. 
O homem, qual acabara falecendo em junho do ano passado, era interpretado por James Gandolfini. No drama, James fazia o papel de ex-marido de uma amiga da massagista. Amiga e cliente dela, uma bela poetisa na casa dos seus cinquenta e pouco. A massagista e o ex-marido da poetisa acabam se envolvendo em um ardente romance para cinquentões. 

   Como estavam com medo de ficar só devido à saída das filhas de casa, o romance do casal maduro engata de vez e os dois fazem planos de morarem juntos, porém por um descuido da massagista, ela acaba com tudo a perder na relação. O vacilo dela foi o de não contar que a ex-esposa do cara que estava namorando era também sua amiga pessoal e cliente, e ainda para piorar as coisas nas sessões de massagem ela contava detalhes da sua relação para a poetisa justamente com seu ex-marido. Quando o cara soube ficou logicamente puto e se sentiu traído acabando com a recente relação amorosa. 

   O filme nos deixa uma mensagem, que é: Tome atitudes, mesmo que estas pareçam superfulas, as tome mesmo assim. Ser uma pessoa introspectiva acaba só sendo ruim para ela mesma e machuca os outros que gostam de você de verdade.


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