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12/03/2010 às 18:21

O CENTENÁRIO DO 8 DE MARÇO E A SAÚDE DA MULHER

Alaldice Souza é vereadora em Salvador pelo PCdoB

Aladilce Souza


Foto: ACORDA BRASIL
A violência contra a mulher é considerada uma epidemia e vem sendo monitorada
  (Por Aladilce Souza)

Nesses cem anos de lutas, o movimento feminista brasileiro obteve
importantes vitórias no terreno social e político, que contribuíram para
ampliar os direitos das mulheres na sociedade. Dentre estas conquistas,
destaca-se em 1984, a implantação do Programa de Atenção Integral a Saúde da
Mulher - PAISM, o qual prevê, no âmbito do Sistema Único de Saúde, ações e
serviços de atenção à saúde da mulher durante todo o seu ciclo de vida.

Esta importante política de saúde justifica-se pelas necessidades
específicas que decorrem da condição própria de ser mulher, que representa
um expressivo e importante contingente populacional da população. De acordo
com o IBGE(2003), as mulheres são 50,77% do total da população que ocupa
mais de 42,7% da População Economicamente Ativa.

Com uma expectativa de vida de 72,6 anos, as mulheres vivem cerca de oito
anos mais que os homens. As mulheres têm como principais causas de morte as
doenças cardiovasculares, o câncer de mama, o câncer de útero, este último
já extinto em países desenvolvidos.

A mortalidade materna das mulheres brasileiras, aquela ocorrida em fase de
gravidez, parto e puerpério situa-se entre as mais altas do mundo,
74,5/100.000 nascidos vivos(BRASIL, 2003). Em Salvador, o aborto destaca-se
como a mais importante entre as causas de mortalidade materna, especialmente
entre as mulheres jovens, pobres e negras. Nos países desenvolvidos, a
mortalidade materna situa-se entre 6 a 20 óbitos /100.000 nascidos vivos.

Outro importante problema de saúde que vem ceifando vidas de centenas
mulheres e lhes deixando fortes marcas no corpo e na alma são as agressões
praticadas pelos homens, onde 90% dos casos são seus companheiros.
Considerada como uma epidemia, a violência contra a mulher tem sido
monitorada por diversas instituições públicas e, recentemente, constatou-se
que a cada 15 segundos uma mulher sofre agressão no Brasil. A violência
sofrida pela mulher, além de ser um problema de saúde publica, constitui-se
como a expressão mais clara da desigualdade de poder entre homens e
mulheres.

Neste ano de 2010, a melhor comemoração que devemos fazer para homenagear as
mulheres é reforçarmos a luta para que o SUS garanta, de fato, atenção
integral e de qualidade a mulher, ampliando o acesso a ações de orientação
sobre direitos sexuais e reprodutivos, bem como a métodos adequados de
planejamento familiar, serviço de pré natal, parto humanizado e atenção à
mulher em situação de climatério. Reduzir a incidência do câncer de mama e
de útero devem ser também alvo das nossas preocupações diárias.

Concomitante a estas lutas, no âmbito do SUS, temos que contribuir com o
enfrentamento da violência à mulher, tomando como base a Lei Maria da Penha
e com uma prática qualificada para reconhecer, denunciar e ajudar na
reabilitação das milhares de mulheres vítimas de agressões físicas,
psicológicas e abusos, que diariamente batem na porta do serviço de saúde
buscando socorro, proteção e acolhimento.

Da nossa parte, como vice-presidente da Comissão de Saúde e membro da
Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher da Câmara Municipal de Salvador,
há e sempre haverá um compromisso de darmos o melhor do nosso mandato para
contribuir com esse esforço coletivo, de ampliação e melhoria da qualidade
da atenção à saúde da mulher no nosso município e Estado.


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