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12/01/2010 às 17:11

EM DEFESA DA CANDIDATURA DE JOÃO JORGE AO SENADO

Tâmara Azevedo é socióloga

Tâmara Azevedo

Foto: G1
João Jorge deve ser o candidato do PV a senador, em 2010
A Bahia durante muito tempo viveu sobre a égide de déspotas.

O estado é uma criança ainda aprendendo a dar seus primeiros passos em busca da democracia. Mas, e essa tão sonhada democracia, quando será alcançada? Será que é possível discutir democracia sem falar em desigualdade social? Será que uma sociedade democrática pode existir permeada pelo preconceito racial? Porque em um estado com 80% de negros, não tem negros nos espaços de poder?

Esses questionamentos movimentam o universo da grande maioria da população baiana, que é invisibilizada no cenário político. Garantir que pessoas comprometidas com uma mudança de postura possam ocupar espaços de poder real, deve ser o desafio verde nas próximas eleições.

O visionário Carlinhos Brown - homem responsável pela maior transformação social que um bairro pode passar em um centro urbano - conseguiu sintetizar em uma frase o anseio de parte da população, quando há quatro meses atrás lançou o nome de João Jorge, como candidato.

João Jorge possui ampla experiência internacional, fruto do consolidado trabalho há 30 anos, frente ao Olodum. Responsável pela divulgação da cultura afro baiana em todos os continentes e pela promoção da Bahia em todo globo terrestre. O papel social desenvolvido pelo Olodum ultrapassa em muito a questão cultural.
 
A política e o protagonismo nas tomadas de decisões são marcas dessa organização, sendo resultado da militância negra de seus integrantes desde a década de 60. João Jorge, através de seu trabalho seguiu divulgando uma parte esquecida da história até então. Lutou para afirmar os direitos dos negros na cidade de Salvador e no Brasil. Se posicionou em todas as disputas políticas nacionais e locais, sempre buscando estabelecer o elo perdido entre governos e a sociedade.

Mestre em Direito pela Universidade de Brasília (UNB) vem desenvolvendo projetos sócio-culturais e educativos no Centro Histórico de Salvador, muito antes da faxina étnica do local, se contrapondo a atuação do governo carlista. A história de João Jorge se confunde com a história do Pelourinho e de Salvador.
 
Em 1983, portanto há 27 anos atrás, o Olodum se ramifica e cria a Escola Olodum. Nascia naquele momento, o primeiro projeto pedagógico de conteúdo multiétnico e multicultural do Estado da Bahia e, provavelmente do Brasil. Chegava ao cenário sóciopedagógico, como uma escola sem paredes e sem carteiras, com o nome de Projeto Rufar dos Tambores, impulsionado pelo sonho de transformação de uma realidade social bruta e desoladora, que deixava sem perspectiva de futuro os jovens das cercanias do Maciel-Pelourinho.

Com o tempo, a Escola Olodum firmou-se como um espaço real de participação e expressão da comunidade negra, constituindo-se hoje numa referência nacional e internacional pela inovação no trabalho com arte, educação e pluralidade cultural. Basta agora aguardar a convenção do PV prevista para o mês de junho, onde será homologada a candidatura de João Jorge ao senado, pelo Partido Verde.


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