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03/04/2009 às 14:01

BATENDO BOLA NA BAHIA E NO BRASIL

Uma panorâmica no futebol local e nacional

ZÉDEJESUSBARRÊTO

: G1
Ronaldinho perdeu a vontade de jogar futebol e faz malabarismo
  Duas grandes novidades aconteceram este ano no futebol baiano, mexendo com as grandes torcidas. Uma, a reabertura de Pituaçu. Um belo estádio de porte médio que vem servindo como mando de campo ao Bahia. Os torcedores aprovaram e vêm  conservando bem os equipamentos. Ingressos a 20 e 30 reais por jogo, o que, de fato, elitiza a platéia. E todos sabemos que o futebol é um esporte de massa, povão. Mas, e quando o tal ‘arenão' da Fonte Nova estiver pronto? Manter um equipamento de primeiro mundo tem um custo alto.  Eis a questão.


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Um outro aspecto, que não se resume a Pituaçu, é o excesso de jogos.  Dia sim, dia não, a dupla Ba Vi está em campo, atuando pelo campeonato baiano ou pela Copa do Brasil.


Não tem bolso que aguente. Nem as pernas e os pulmões do atletas suportam uma maratona assim. Culpa de um calendário apertado, com objetivos puramente lucrativos.

Resultado: jogos a cada rodada mais fracos, atletas exauridos, treinadores sem tempo de treinar os fundamentos básicos de um time de futebol, arrecadações cada dia menores...


Pergunta-se: não é chagada a hora de se repensar a validade desse campeonato regional deficitário, os clubes do interior falidos, salários atrasados e baixo nível técnico? Ou de se fazer uma tabela/modelo mais enxuta?  Para suportar uma maratona dessa os clubes, sobretudo Bahia e Vitória, precisariam de  elencos  maiores, basicamente dois times, substitutos à altura dos titulares. Cadê a grana?


Como está, quando chegar a hora de os clubes entrarem pra valer no Campeonato Brasileiro ( o filé do futebol brasileiro)  os atletas estarão fisicamente acabado, sem condições de competir em igualdade de condições com os grandes times do Sul, sempre mais bem planejados e com jogadores em melhores condições atléticas que os nossos.


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    Um outro acontecimento que mexeu com o futebol baiano, neste ano, foi a ida do gestor (?) Paulo Carneiro, de tantos serviços prestados ao Vitória, clube de seu coração, para o Bahia. Inicialmente a torcida gostou, em função da contratação de bons atletas para um novo time tricolor, como o goleiro Marcelo, os laterais Rubens Cardoso e Patrício, o zagueiraço Nem, os meias Leandro e Elton, o craque Leo Medeiros...   


Mas o decorrer dos jogos tem mostrado que o time não tem reservas, caiu de produção na metade do campeonato baiano e as cobranças do torcedor por melhores resultados e exibições dignas já começam a incomodar, tanto o PC Grandão como o seu treinador Gallo.  No futebol, sobrevive-se de resultados e a torcida tricolor não suporta mais...


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Já no Vitória...  um tira e bota de treinador e muito resultado de goleadas contra os times pequenos, resultados facilitados  por seguidas expulsões de jogadores adversários (inclusive no Ba Vi) , todas no primeiro tempo, no início dos jogos. Coincidência? Armação de bastidores?  O time é inferior, tecnicamente, ao do ano passado.  Mas o retorno de Ramon reanimou a torcida. Apesar dos anos, é um craque e dentro de campo faz a diferença com a sua malandragem e passes certeiros.  Esse plantel não encara a primeira divisão.


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No âmbito internacional, o destaque foi a goleada da Bolívia, nas alturas de La Paz, contra a Argentina de Maradona: 6 a 1 inacreditáveis. Bom, porque quebra a arrogância dos hermanos, a crista de Dom Diego, e mostra que jogar acima de três mil metros de altitude é desumano e injusto.  A não ser que o presidente cocaleiro Evo Morales convença a FIFA e que os velhinhos da entidade  permitam a todos os jogadores entrarem em campo mascando a folha, tomando o chá de coca e ‘dando tapa' na dalila.


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Quanto à seleção canarinho, algumas constatações: Júlio César tornou-se um senhor goleiro; o baiano Daniel Alves, de Juazeiro, é o ala pela direita; temos bons zagueiros de área; não temos ainda um substituto de Roberto Carlos na lateral esquerda;  Felipe Melo e Gilberto Silva são clones, ou um ou outro, e prefiro o mais novo, só;  Ronaldinho Gaúcho acabou, perdeu a vontade, a velocidade, a gana de jogar bola, virou um malabarista inócuo; o mesmo caminho segue Robinho, se não lhe puxarem as orelhas; Luis Fabiano conquista com suor e garra a camisa que foi do Ronaldo gorducho, na tora e enfiando a bola nas redes adversárias; e Kaká é indispensável, pela bola que joga e pelo que fala em campo.


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No mais, o futebol burocrático que se joga hoje é muito pobre tecnicamente. O domínio de bola é difícil, o drible é raro, o lançamento longo preciso quase não se vê, o talento é ofuscado pela pegada. Obra dos treinadores, que querem aparecer mais do que os atletas.  Parodiando o inesquecível Armando oliveira, que Deus o tenha : Vê-se muita transpiração e nenhuma inspiração em campo.


Amém.


https://bahiaja.com.br/artigo/2009/04/03/batendo-bola-na-bahia-e-no-brasil,370,0.html