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26/08/2018 às 08:48

O PÓLO EDUCACIONAL DE FEIRA e sua importância

Roberto A. Bittencourt - Professor Adjunto, UEFS - Universidade Estadual de Feira de Santana

Roberto Bittencourt

Segundo o Censo de Educação Superior de 2016, realizado pelo MEC, Feira de Santana tinha, neste ano, 28.281 alunos em cursos de graduação presenciais. 

Os números da Princesa do Sertão são consistentes, mas ainda não chegam aos de Campina Grande, na Paraíba, o pólo educacional mais tradicional dentre as cidades do interior do Nordeste. Enquanto Feira tinha 8 mil alunos de graduação em instituições públicas (UEFS, UFRB e IFBA) e 20 mil em instituições privadas, Campina Grande, com seus 35 mil alunos matriculados na graduação, tinha 20 mil alunos em instituições públicas (UEPB, UFCG e IFPB) e 15 mil em instituições privadas. Enquanto Feira contava com 4,5% de seus habitantes cursando a educação superior, Campina Grande, com uma população menor, contava com 8,6% de seus habitantes em um curso de graduação.

A capital baiana, por outro lado, supera, de longe, o segundo município do estado como pólo educacional. Em 2016, Salvador possuía 158,5 mil estudantes matriculados na educação superior (5,4% da população). Ainda assim, Feira de Santana é mesmo o segundo pólo educacional do estado, superando, também de longe, o terceiro (Vitória da Conquista, 16,5 mil estudantes, 4,7% da população na graduação).

Um dos problemas do pólo educacional de Feira de Santana é o pequeno número de alunos de graduação em instituições públicas. Embora estes dados devam melhorar com o crescimento do campus da UFRB em Feira (que deve chegar, talvez, a 2 mil alunos nos próximos anos), com o IFBA abrindo, em 2018, um curso de graduação em Sistemas de Informação no seu campus feirense, o pequeno número de estudantes de nossa maior universidade feirense (UEFS) é talvez o nosso calcanhar de Aquiles. Com 40 anos de existência, a UEFS cresceu bastante, ampliou a sua pós-graduação em nível de mestrado e doutorado, e é, sem dúvida, a instituição educacional mais influente da região. 

Entretanto, a UEFS não cresceu o suficiente para atender a uma enorme demanda no nível inicial da educação superior, fazendo com que os cidadãos da região tenham de dispensar recursos próprios de suas poupanças para atender à sua formação em instituições privadas.

Por outro lado, não se pode reclamar da quantidade de formação oferecida pela cidade. Até 2016, eram 116 cursos de graduação presenciais regulares, sem mencionar a formação não regular (graduação para professores não-licenciados, por exemplo) e a formação em EAD oferecida por várias universidades brasileiras com pólos no município. Destes cursos, 32 eram em instituições públicas e 84 em instituições privadas. Em termos de variedade, eram 48 as opções de graduação em todas as áreas do conhecimento, desde os populares cursos de Direito (3042 alunos), Enfermagem (2683 alunos), Administração (2045 alunos) e Psicologia (2015 alunos), até os menos procurados, como Letras com Francês (89 alunos), Design de Interiores (47 alunos) ou Teologia (19 alunos). 

As engenharias também são populares em Feira: embora formem menos da metade de seus alunos, eram 4477 matriculados em 8 diferentes habilitações de engenharia (que devem aumentar para 12, com os novos cursos do segundo ciclo da UFRB, realizados após a conclusão do Bacharelado em Energia e Sustentabilidade).

Quanto à pós-graduação stricto sensu, aquela que gera novo conhecimento através da pesquisa nos níveis de mestrado e doutorado, a oferta no município ainda é restrita. A UEFS é, por enquanto, a única instituição feirense a oferecer cursos de mestrado e doutorado, contando atualmente com 21 cursos próprios ativos, sendo 4 de mestrado profissional, 13 de mestrado acadêmico e 4 de doutorado, além de participar de mais 4 cursos de mestrado em rede nacional e em mais 3 cursos em parceria com a UFBA (1 mestrado e 2 doutorados), conforme os dados da CAPES/MEC.

 Com exceção das parcerias com a UFBA, os outros 25 cursos da UEFS tinham, em 2017, 767 alunos matriculados, sendo 247 no mestrado profissional, 359 no mestrado acadêmico e 161 no doutorado. Ter 767 alunos em mestrado ou doutorado é relevante, poucas cidades do interior do Brasil chegam a este número. Mas ainda é pouco perto dos 7524 alunos de Salvador (quase 10 vezes mais) ou mesmo os 2520 alunos de Campina Grande, na Paraíba. No interior da Bahia, estamos praticamente empatados com Ilhéus (786 alunos). Ou seja, ainda há bastante espaço para crescimento da pós-graduação feirense, o que pode ocorrer com a melhoria gradual da qualificação do seu corpo docente.

Em suma, Feira de Santana é mesmo um pólo educacional importante no estado da Bahia, oferecendo tanto quantidade de vagas como variedade de cursos. E a tendência é aumentar ainda mais, seja pelo crescimento das suas instituições privadas nos últimos dois anos, seja pelo potencial de crescimento de suas instituições públicas. Um incremento da pós-graduação stricto sensu, especialmente na UEFS, pode apoiar cada vez mais a qualificação de alto nível no município. Contudo, é importante ampliar a oferta de vagas de graduação nas instituições públicas de modo a não comprometer o orçamento dos cidadãos em busca de qualificação em nível superior.


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