Esporte

GABRIEL MEDINA É TRICAMPEÃO MUNDIAL DE SURF NO RIP CURL WSL FINALS

Medina venceu Felipe Toledo na final realizada em San Clemente, California, nesta terça-feira(14)
João Carvalho , San Clemente | 15/09/2021 às 05:34
Gabriel Medina é tricampeão mundial de surf no Rip Curl WSL Finals
Foto: WSL / Pat Nolan

O fenômeno Gabriel Medina é o sexto surfista da história a conquistar três títulos mundiais, sacramentando o pentacampeonato do Brasil com um show na decisão verde-amarela com Filipe Toledo nas boas ondas de 4-6 pés de Lower Trestles. na terça-feira em San Clemente, na Califórnia, Estados Unidos. O Rip Curl WSL Finals foi encerrado com Tatiana Weston-Webb tentando ser a primeira campeã mundial do Brasil. Ela tinha vencido a primeira da melhor de três baterias com Carissa Moore, mas a havaiana ganhou as outras duas e festejou seu quinto título no pódio, junto com o camisa 10 da seleção brasileira da WSL, Gabriel Medina.

“Estou muito feliz. Consegui atingir minha maior meta e estou chorando agora porque é uma mistura de muitas emoções de uma vez só”, disse Gabriel Medina, ainda dentro d´água, após a segunda vitória sobre Filipe Toledo. “Foi um ano longo e estou muito feliz por estar fazendo parte de tudo isso. Os brasileiros estão dominando, indo muito bem e é uma sensação muito boa, difícil até de descrever, poder ajudar nessa evolução e eles sempre me incentivam a melhorar cada vez mais também”.

Gabriel Medina entrou no seleto grupo de agora seis surfistas que conquistaram três títulos mundiais, mas é o primeiro goofy-footer (que usa o pé direito à frente da prancha) a conseguir isso. Todos os outros surfam com o pé esquerdo à frente da prancha, o onze vezes campeão mundial Kelly Slater, o tetracampeão Mark Richards e os tricampeões Tom Curren, Andy Irons (in memoriam) e Mick Fanning. Medina foi o primeiro brasileiro a ser campeão mundial em 2014, ganhou seu segundo título em 2018 e o terceiro sacramentou o pentacampeonato do Brasil. Adriano de Souza também foi o melhor do mundo em 2015 e Italo Ferreira em 2019.

 

“Estou muito feliz. Não é todo dia que você atinge sua meta, o seu sonho que parece ser impossível, até você conseguir”, disse Gabriel Medina, após ser carregado pela torcida que lotou a praia de Lower Trestles. “É um dia muito especial para mim e toda glória para Deus, que sempre me fez trabalhar forte e nunca desistir. Eu não falo muito bem, então tento deixar meu surfe falar por mim. Hoje foi um dia histórico na minha vida e vou poder contar para meu filho, quando tiver, que precisa surfar e se dedicar muito para ganhar um título”.

A decisão do título de 2021, em uma melhor de três baterias no Rip Curl WSL Finals, nem foi para o tira-teima. Isso porque Medina ganhou os dois primeiros duelos contra Filipe Toledo, que já tinha passado pelo californiano Conner Coffin e pelo medalhista de ouro, Italo Ferreira. Com a vitória sobre o potiguar, Filipe já confirmava o melhor ano da sua carreira, garantindo um inédito vice-campeonato mundial. Mas, ele usou todas as suas armas para conquistar o primeiro título. Só que Medina respondia cada ataque com uma performance ainda melhor.

Os dois brasileiros deram um show no primeiro confronto da decisão, com cada um mostrando a potência do frontside e backside nas direitas e esquerdas de Lower Trestles. Filipe começou com nota 7,00 e Gabriel respondeu com 7,33 nas direitas. Depois, a batalha foi para as esquerdas e Filipe destruiu a onda com seu backside para ganhar 8,33. Medina fez o mesmo com seu frontside, finalizando com um aéreo muito alto que arrancou a maior nota do dia até ali, 9,00. Filipe ainda surfa outra direita boa, mas o 7,37 recebido não é suficiente para vencer e Medina larga na frente na decisão do título por 16,30 a 15,70 pontos. 

Na segunda bateria, Filipe pegou a primeira onda, combinando aéreos com manobras de borda, para largar na frente com nota 7,83. Gabriel também começa numa direita, mas a esquerda que pegou depois foi melhor. Ela formou as rampas para ele mandar dois aéreos de frontside, um logo como primeira manobra, seguido por batidas e rasgadas, até voar de novo na finalização e assumir a ponta com notas 8,50 e 6,33. Quando restavam 18 minutos, a bateria foi interrompida com alerta de tubarões na área.

Os dois foram rapidamente resgatados pelos jet-skies e aguardaram cerca de 10 minutos para recomeçar a batalha do título. Medina pegou outra esquerda boa para voar e acertar um black flipp espetacular, voltando na base. Ele comemora e manda mais três manobras para ganhar nota 9,03. Filipe responde numa direita, fazendo rasgadas e batidas muito fortes que valem 8,53. Depois, não entrou mais ondas com potencial para Filipe reverter o placar de 17,53 a 16,36 pontos e ele abraçou Medina, parabenizando-o pelo tricampeonato.

Essa foi a segunda decisão de título mundial consecutiva entre dois brasileiros. A primeira foi em 2019, quando Medina tentava um inédito bicampeonato consecutivo, mas perdeu a final do Billabong Pipe Masters para Italo Ferreira, que ganhou seu primeiro troféu de melhor surfista do mundo. O potiguar era até favorito para repetir este confronto, depois de se tornar o primeiro medalha de ouro da história do surfe nas Olimpíadas e por ter ficado em segundo lugar no ranking das sete etapas do World Surf League Championship Tour 2021.

RIP CURL WSL FINALS – DECISÃO DOS TÍTULOS MUNDIAIS DE 2021:

DECISÃO DO TÍTULO MASCULINO:

Campeão: Gabriel Medina (BRA) com 17,53 pontos – notas 9,03+8,50

Vice-campeão: Filipe Toledo (BRA) com 16,36 pontos – notas 8,53+7,83

1.a decisão: Gabriel Medina (BRA) 16,30 x 15,70 Filipe Toledo (BRA)

3.a bateria: Filipe Toledo (BRA) 15,97 x 12,44 Italo Ferreira (BRA)

2.a bateria: Filipe Toledo (BRA) 16,57 x 14,33 Conner Coffin (EUA)

1.a bateria: Conner Coffin (EUA) 15,00 x 9,84 Morgan Cibilic (AUS)

DECISÃO DO TÍTULO FEMININO:

Campeã: Carissa Moore (HAV) por 16,60 pontos – notas 8,60+8,00

Vice-campeã: Tatiana Weston-Webb (BRA) com 14,20 pontos – 8,03+6,17

2.a decisão: Carissa Moore (HAV) 17,26 x 15,60 Tatiana Weston-Webb (BRA)

1.a decisão: Tatiana Weston-Webb (BRA) 15,20 x 14,06 Carissa Moore (HAV)

3.a bateria: Tatiana Weston-Webb (BRA) 13.17 x 11.73 Sally Fitzgibbons (AUS)

2.a bateria: Sally Fitzgibbons (AUS) 11.33 x 6.66 Johanne Defay (FRA)

1.a bateria: Johanne Defay (FRA) 12.17 x 6.70 Stephanie Gilmore (AUS)