Economia

Sindicombustíveis Bahia repudia fala do presidente da Petrobras

Nota de repúdio à fala do presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco
Najara Sousa , Salvador | 14/01/2021 às 20:31

O Sindicato do Comércio de Combustíveis, Energias Alternativas e Lojas de Conveniências do Estado da Bahia (SINDICOMBUSTÍVEIS BAHIA), que representa mais de 2.900 empresas revendedoras de combustíveis do Estado, responsáveis pela geração de 45.000 empregos diretos, repudia a fala do Presidente da Petrobrás, Roberto Castello Branco, em entrevista ao jornal Valor Econômico (13/01), sobre a lentidão dos postos no repasse das quedas dos preços dos combustíveis para os consumidores.

 

Senhor Presidente da Petrobras, o nosso desafio pela sobrevivência é diário, basta analisar os dados da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) e verificar que, enquanto apenas um agente econômico – Petrobras – é responsável pelo refino de mais de 95% dos combustíveis comercializados no país, a cadeia varejista da revenda tem mais de 45.000 postos, disputando diariamente o consumidor. Salientamos ainda que a Petrobras não produz, nem vende os combustíveis comercializados pelos postos revendedores. As distribuidoras são suas clientes diretas, quem compra os produtos refinados da Petrobras (gasolina A e diesel B, S10 ou S500) e formula os produtos gasolina C e biodiesel S10 e S500 e vende para os postos. Estranhamente, as distribuidoras não foram mencionadas na sua entrevista sobre a lentidão na queda dos preços.

 

No início de 2018, a ANP passou a publicar o preço dos produtos vendidos pela Petrobras e a composição dos custos até chegar ao preço final na bomba. Antes de chegar ao consumidor, os preços sofrem influência da Petrobras, das usinas de biocombustíveis, da carga tributária, das distribuidoras, das transportadoras e da margem de lucro dos revendedores. Essas informações disponibilizadas pela ANP, ajudaram a esclarecer como fica essa divisão. Com certeza, não são os empresários varejistas os responsáveis por distorções no mercado.

 

É a segunda vez que o Presidente da Petrobrás atribui, injustamente, a culpa dos aumentos dos combustíveis aos revendedores. Não podemos aceitar isso. Vale destacar que a escorchante carga tributária não sofre alterações quando a Petrobras faz seus ajustes de preços. Não podemos ser taxados de vilões. Enquanto o senhor Castelo Branco acusa os revendedores de combustíveis, os postos continuam prestando serviços à sociedade, mesmo com a pandemia do novo coronavírus. Os postos não fecharam um dia sequer com as restrições governamentais, pois prestam serviço essencial. Mas, sentimos uma queda de até 70% nas vendas, consequência do isolamento social.

 

Como se manter e seguir adiante com volumes e margens reduzidos e os aumentos de custos? Não está sendo fácil, senhor Castelo Branco. O mercado de combustíveis é muito competitivo, a carga tributária corresponde a 50% dos preços finais dos produtos no Brasil e trabalhamos com margens similares a de mercados como o europeu e o americano.

 

Por fim, estamos à disposição para esclarecer quaisquer dúvidas que ainda persistam sobre os verdadeiros culpados pelos preços dos combustíveis.