Economia

FUNDAÇÃO ODEBRECHT QUER COMPARTILHAR PROJETO DO BAIXO SUL PARA A BAHIA

Modelo sustentável que usa muita tecnologia e um sistema cooperativista
Tasso Franco , da redação em Salvador | 20/02/2019 às 09:45
Miguel Fontes, da JS Brasil
Foto: BJÁ
    A Fundação Odebrecht deseja compartilhar a experiência do Programa de Desenvolvimento e Crescimento Integrado com Sustentatbilidade (PDCIS) com órãos governamentais, empresas e instituições para que o programa possa se transformar numa política pública mais abrande em todo território baiano. 

   O trabalho de avaliação dos impactos do PDCIS realizado em 2018 pela consultorria JS Brasil com familias das cidades de Piraí do Norte, Nilo Peçanha, Ibirapitanga, Presidente Tancredo Neves, Camamu, Taperoá, Igrapiúna, Ituberá e Valença (Baixo Sul do Estado) revelou o surgimento de uma nova geração de agricultores, com incresmento de renda e maior consciência ambiental. 

   Miguel Fontes, diretor da JS Brasil, em conversa com a imprensa na na sede da FO, diz que o resultado dos impactos são bem expressivos com ganho de riqueza generalizado, um maior nível de organização e consciência coletiva. 

   "Os jovens rurais do Baixo Sul estão 113% mais preparados para enfrentar o mercado de trabalho e a taxa de desocupação entre eles é bem menor quando comparada com a média baiana: 9,7% contra 17.9%", afirma.

   Para Fábio Vanderley, superintendente da Fundação Odebrecht, o PDCIS conseguiu transformar social e economicamente as pessoas e se trata de um programa sustentável de grande sucesso. O PDCIS foi uma das ideias e programas idealizados e implementados por Norberto Odebrecht que o visitava com frequência e era uma espécie de 'menina dos olhos' do empresário. 

   Presente na roda de imprensa dois jovens egressos do PDCIS, Jailson Ribeiro e Benivaldo dos Santos, os quais puderam dialogar com os jornalistas e revelar como suas vidas mudaram após o programa. 

   Fala Jailson: "Hoje, tenho orgulho da terra onde moro, onde trabalho e produzo usando novas tecnologias e vivendo com dignidade", atesta. Já Benivaldo dos Santos comenta que "a gente vê a mudança social das pessoas e familias com um planejamento sustentável para os dias de hoje e do amanhã, agregando valores aos noossos produtos e integrados dentro de uma cooperativa sem negociar com atravessadores".

    O QUE É O PDCIS

   Promover o desenvolvimento territorial sustentável nos âmbitos econômico, social e ambiental é o objetivo do Programa de Desenvolvimento e Crescimento Integrado com Sustentabilidade (PDCIS). Criado em 2003, essa é uma iniciativa idealizada e coordenada pela Fundação Odebrecht que incentiva a formação de uma geração de jovens protagonistas e multiplicadores de conhecimento para suas famílias e comunidades, fomenta o cooperativismo, a conservação dos recursos naturais e a promoção da cidadania. 

   Em 2018, a instituição pôde constatar os resultados da atuação do PDCIS por meio de um trabalho de Avaliação de Impactos, conduzido pela JS/Brasil Consultoria e abrangendo nove municípios do Baixo Sul da Bahia, região de atuação da Fundação: Piraí do Norte, Nilo Peçanha, Ibirapitanga, Presidente Tancredo Neves, Camamu, Taperoá, Igrapiúna, Ituberá e Valença.

VEJA OS RESULTADOS DA AVALIAÇÃO DE IMPACTOS NO VÍDEO ABAIXO:

"Avaliar impactos é uma etapa que gera conhecimento sobre a ação que se realiza, disponibiliza informações para verificação se é ou não efetivo o caminho escolhido e permite ajustes e correção de rotas. O objetivo era compreender se o PDCIS produz reais impactos para os jovens, suas famílias, comunidades e sociedade em geral. 

Por meio de um trabalho com rigor científico, pudemos confirmar que tais iniciativas conseguem atingir retornos financeiros, econômicos, sociais e ambientais para além dos indicadores que, muitas vezes, apenas relatam o esforço da ação", afirma Fabio Wanderley, superintendente da Fundação Odebrecht.

JOVENS EMPREENDEDORES

O processo levou oito meses para ser concluído, onde foram visitadas 190 propriedades rurais e realizadas mais de 300 entrevistas. A metodologia científica adotada foi a de Caso-Controle, comparando-se dois grupos: o Caso, formado por beneficiários do PDCIS, e o Controle, constituído por não beneficiários, mas com características semelhantes ao outro grupo. O resultado mostrou que o Programa gera riqueza considerável para jovens, suas famílias e comunidades do Baixo Sul da Bahia. Em termos monetários, para cada R$ 1,00 investido no PDCIS retornam R$ 2,13 em benefícios para a sociedade.

Ficou comprovada que a taxa interna de retorno do PDCIS é de 57,8%: no caso de não haver recursos para investimentos no Programa, empréstimos em bancos de fomento poderiam ser feitos até esta taxa de juros anual e ainda seriam economicamente viáveis. Também são significativos os impactos da participação do jovem no PDCIS em sua vida produtiva: a taxa de desocupação de um adolescente beneficiado pelo PDCIS é de apenas 9,7% - para o grupo Controle, o dado é de 46,8%, sendo a média da Bahia 17,9%.

“A terra ensina muito, ensina sobre a vida. Onde eu estudo, aprendemos tudo relacionado à agricultura. Na escola, trabalhamos com a Pedagogia da Alternância. Passamos uma semana na escola, aprendendo a teoria, e depois 15 dias em nossas propriedades, colocando em prática. Eu tinha vontade de ir para a cidade grande e trabalhar em uma empresa. Mas, quando descobri que eu já estava trabalhando em uma, tudo mudou. A minha propriedade é uma empresa: você empreende e alimenta as pessoas. Isso é muito importante”, afirma Carolaine dos Santos, jovem beneficiada pelo PDCIS e moradora do município de Camamu (BA).

A partir de experiências como a de Carolaine, é possível afirmar que o jovem atendido pelo PDCIS está 113% mais preparado para enfrentar o mercado de trabalho do que aquele que não participou da iniciativa, segundo a avaliação de impactos da consultoria.

MEIO AMBIENTE

A atuação do PDCIS trouxe aumento da consciência ambiental para os agricultores envolvidos no Programa. Segundo a pesquisa, eles são três vezes menos propensos a enterrar, jogar ou queimar embalagens de agrotóxicos vazias e quase seis vezes menos propensos a enterrar ou queimar lixo doméstico. Além disso, produtores que fizeram uso racional de recursos do meio ambiente obtiveram retorno anual em média R$ 20 mil acima do grupo Controle.

Com os resultados da avaliação de impactos, também foi possível indicar aspectos para aprimoramento no PDCIS. De acordo com o estudo, é necessário fortalecer ainda mais a sinergia entre as instituições que fazem parte do Programa, buscando maior integração entre elas. Além disso, estão previstas melhorias no acompanhamento dos jovens egressos, maior estímulo ao protagonismo feminino e à inserção econômica da mulher no campo.

IMPACTOS DO 
PDCIS
ECONÔMICOS

•             Os beneficiários reduziram em 65% a sua dependência do Bolsa Família.
•             Aumento médio de R$ 25 mil na renda anual dos beneficiários do PDCIS, podendo chegar a R$ 40 mil a mais quando o agricultor é associado a uma cooperativa.

SOCIAIS

•             Os jovens beneficiários têm mais confiança em falar e se posicionar, têm menos intenção de sair de suas propriedades, são mais propensos a ajudar e compartilhar conhecimento e têm mais participação social.
•             As famílias beneficiadas enfrentam menos dificuldades no período de seca (falta de água para beber e cozinhar), na obtenção de alimentos, além de destinar mais corretamente o esgoto.

AMBIENTAIS

•             Os agricultores atendidos pelo PDCIS são cinco vezes mais propensos a ter seu Cadastro Estadual Florestal de Imóvel Rural regularizado do que o grupo Controle.
•             As propriedades agrícolas atendidas pelo PDCIS são três vezes menos propensas a usar queimadas e possuem em média 0,58 a mais de nascentes do que as propriedades do grupo de controle.