Direito

MPT lança o projeto de aprendizagem Conexão Negra na sede do Ilê Aiyê

Valdirene Assis lembra que devem ser adotadas ações afirmativas de inclusão de negros no mercado de trabalho.
Da Redação , Salvador | 29/05/2019 às 21:07
Procuradora Valdirene Assis
Foto: MPT
Unir as maiores empresas aos jovens negros de Salvador. Essa é proposta do projeto Conexão Negra, que será lançado nesta quinta-feira (30/05)  com a aula inaugural na sede do bloco afro Ilê Aiyê. Ao todo, 400 jovens negros serão capacitados em cursos realizados por profissionais de grandes empresas dos ramos de publicidade, advocacia, empresarial e estética afro. Serão quatro módulos de três meses cada, com aulas aos sábados. No final da capacitação, o objetivo é que as empresas absorvam a mão de obra treinada.

Para a procuradora Valdirene Assis, coordenadora da iniciativa, é preciso desenvolver ações afirmativas para a inclusão de negros e negras no mercado de trabalho. “Hoje já existe um número de profissionais capacitados e prontos por causa das cotas nas universidades. Mas a dificuldade que esses profissionais têm de adentrar o mercado de trabalho é que motiva o MPT a chamar a sociedade para essa discussão e para o enfrentamento da raiz desse problema, que é a discriminação”.

Valdirene Assis lembra que devem ser adotadas ações afirmativas de inclusão de negros no mercado de trabalho. A procuradora diz que o MPT dispõe de uma nota técnica com fundamentação jurídica para orientar o mercado a direcionar a seleção de funcionários e estagiários negros. Para ela, é preciso incentivar as empresas a contratar essas pessoas que já estão capacitadas. Um dos problemas que ainda persistem e que devem ser combatidos é a diferença de rendimento entre brancos e negros. “Uma mulher negra que soma fatores discriminatórios de gênero e de raça vai ganhar 50% a menos do que um homem branco. Isso mostra que políticas pensadas adequadamente para a população negra ingressar no mercado de trabalho são fundamentais”.

Além do MPT, o projeto conta com a parceria da Cáritas do Brasil, do Pacto Global da ONU e das empresas parceiras. Somente esta semana, para articular o curso de publicidade, as oito maiores agências de publicidade participaram de reunião preparatória do curso e disponibilizaram seus profissionais para executar a capacitação.

“O desemprego, a informalidade, a dificuldade de progressão na carreira, os piores salários e outras questões relevantes sobre trabalho são discutidas quando a gente centra na população negra. É aí que o MPT atua com o projeto de inclusão. A ideia do projeto é promover a diversidade étnico-racial envolvendo vários segmentos empresariais, como setor bancário, empresas de beleza e estética e setor farmacêutico. Nós trabalhamos com as empresas que tem maior capacidade de inclusão”, concluiu Valdirene Assis.