Direito

Blocos tradicionais do RJ não têm autorização para desfilar

O Bloco das Carmelitas ainda não tem autorização para realizar a festa
Nara Franco , Rio de Janeiro | 01/03/2019 às 14:11
A 24h do começo do carnaval, blocos tradicionais do RJ não têm autorização para desfilar
Foto: divulação

Um impasse envolvendo a prefeitura do Rio, a Polícia Militar e os grupos culturais responsáveis pelos cortejos dos blocos pode impedir o desfile de alguns dos blocos mais tradicionais do Rio.

Pela lista oficial divulgada pela Riotur, amanhã (1º), às 13h, o Bloco das Carmelitas daria início ao tradicional desfile pelas ruas de Santa Teresa, no Centro do Rio. Mas faltando menos de 48 horas para o desfile, o bloco ainda não tem autorização para realizar a festa.

Orquestra Voadora, bloco da Favorita, Simpatia é Quase Amor, Suvaco de Cristo, Barbas e Amigos da Onça também não conseguiram autorização. 

"É uma situação muito grave. São blocos com mais de 30 anos. Não é uma situação razoável. Não é possível que alguns blocos consigam os documentos e outros não. Ou a Riotur flexibiliza a situação e junto à PM, ou não tem carnaval. A sensação que dá é que tem algum interesse especial para que o carnaval de rua não dê certo", comentou a presidente da Associação Independente dos Blocos de Carnaval de Rua do Rio (Sebastiana), Rita Fernandes em entrevista aos jornalistas. 

Um decreto municipal aprovado em 2010, estipula que os blocos precisam apenas do parecer da Companhia de Engenharia de Tráfego do Rio de Janeiro (CET-Rio) para desfilar no carnaval. Mas em 2014, um decreto do Governo do Estado definiu que a Polícia Militar, a Polícia Civil e o Corpo de Bombeiros também deveriam dar aval para que os grupos desfilassem.

Em 2016, um decreto do então governador Pezão deu mais liberdadr aos blocos que alegam que precisariam apenas comunicar a PM sobre a data e o local de desfile, e conseguir uma autorização da CET-Rio para garantir os desfiles. 

O problema é que cada entidade interpreta o decreto de uma maneira. "O carnaval foi ilegal até 2016. Ninguém nunca desfilou com autorização de nada. Até que veio o decreto do Pezão, isentando os blocos das ações das forças do estado. A única necessidade era a atualização dos documentos do carro de som. Alguns políticos tentaram derrubar esse decreto porque dava liberdade para os blocos. Agora, esse decreto do Pezão, que ainda está em vigor, começou a ser ignorado por algumas autoridades", criticou Rodrigo Rezende, presidente da Liga dos Amigos do Zé Pereira.

Na terça-feira (26), representantes da Sebastiana e da Liga dos Amigos do Zé Pereira participaram de uma reunião com o Ministério Público estadual para explicar a situação e tentar resolver o impasse, mas não se chegou a um acordo.