Cultura

IGREJA DE SÃO ROQUE EM LISBOA É ALMA GÊMEA DA CATEDRAL DE SALVADOR

Primeiro templo da Companhia de Jesus no mundo, hoje pertencer a Santa Casa de Misericórdia
Tasso Franco , Lisboa | 15/01/2022 às 07:42
Igreja de São Roque
Foto: BJÁ
      A Igreja de São Roque foi edificada no final do século XVI, em Lisboa, e pertenceu à Companhia de Jesus. É a mais rica e mais bela da capital portuguesa sendo a primeira igreja em Portugal e uma dos primeiros templos jesuítas em todo o mundo, o principal da Companhia em Portugal durante mais de 200 anos. Tem muita semelhança com a catedral basílica da Sé, em Salvador, que é do século XVII, com um altar mor principal e diversas capelas ao redor da nave principal dos dois lados. A semelhança impressiona e é provável que esse modelo tenha sido exportado pelos jesuitas onde a Companhia de Jesus foi pioneira na pregação religiosa e difusão da fé cristã.

  Quando os jesuitas foram expulsos de Portugal e Brasil pelo marquês de Pombal no século XVIII esses templos cairam em decadência, mas sobreviveram após a reincorporação da Ordem. A igreja de São Roque foi um dos raros edifícios em Lisboa a sobreviver ao Terramoto de 1755 relativamente incólume. Tanto a igreja como a residência auxiliar foram cedidas à Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, e continua a fazer parte da Santa Casa hoje em dia.

 Primeira a ser erguida no estilo "igreja-auditório", especificamente para pregação. Tem diversas capelas, sobretudo no estilo barroco do século XVII inicial, sendo a mais notável a de São João Baptista, do século XVIII, projecto inicial de Nicola Salvi e Luigi Vanvitelli, depois alterado com a intervenção do arquitecto-mor João Frederico Ludovice, Foi encomendada na Itália por D. João V em 1742. Chegou a Lisboa em 1747 e só ficou assente em 1749. É uma obra-prima da arte italiana, única no mundo, constituída por quadros de mosaico executados por Mattia Moretti, sobre cartões de Masucci, representando o Batismo de Cristo, o Pentecostes e a Anunciação. Suspenso da abóbada, de caixotões de jaspe moldurados de bronze, é de admirar um lampadário de excelente execução da ourivesaria italiana, enquadrado por um admirável conjunto de estátuas de mármore. Supõe-se que à época tenha sido a mais cara capela da Europa.

A fachada, simples e austera, segue os cânones impostos então pela igreja reformada. Em contraste, o interior é enriquecido por talha dourada, pinturas e azulejos e constituiu um importante museu de artes decorativas maneiristas e barrocas. Tem azulejos dos séculos XVI e XVII, assinados por Francisco de Matos.

O tcto, com pintura de interessante simbologia apresenta caixotões. A talha, maneirista e barroca, é rica e variada, com retábulos de altares e emoldura pinturas. Há mármores coloridos embrechados à italiana e um boa coleção de alfaias litúrgicas.

Ao lado do edifício, no Largo Trindade Coelho, está o Museu de Arte Sacra de São Roque, que tem compartimentos ligados com a igreja. O acesso a igreja é gratuito.