Cultura

DICAS DO SERAMOV: OS SONHOS DA VIDA E A ARTE DE SER FELIZ PARA SEMPRE

Como praticar a heurística do sonho real com os pés no chão
Tasso Franco , da redação em Salvador | 01/08/2021 às 10:57
A Baía de Todos os Santos e as lanchas
Foto: BJÁ
  Tratamos de um tema geral e popular: sonhar, os sonhos da vida, desejos. Sonhar com os pés no chão. Essa é uma tentação que envolve todas as pessoas e há vários tipos de sonhos. Os realizados, os inatingíveis, os sonhos oníricos relacionados às ferramentas da psique - quando você está dormindo - cada uma tem um tipo de concepção. É também um tema popular que está muito na cabeça das pessoas. Ter seus sonhos acordados (noutro sentido) é, ainda, uma obsessão: o que vou fazer quando crescer, o que é que vou conquistar. 

Então a primeira definição é mais substantiva - sonhar no sentido de você conseguir obter uma realização factível, real. Por exemplo: você estuda, trabalha, consegue recursos financeiros e constrói sua casa ou compra um apartamento, ter seu próprio teto. Esse é um sonho de todo brasileiro, não só do brasileiro, mas de todos os 'sapiens' do planeta. Ter sua casa própria. Isso é um sonho real, factível. Muita gente consegue. 

        Então esse é o sonho real sonho possível. E há aquele sonho irreal, que é um sonho de curtição porém, muitas vezes, as pessoas misturam as coisas. É do tipo você ganhar na loteria e comprar um jatinho. Imagina! Você curte com isso no seu imaginário. Trata-se de uma coisa quase impossível até porque se você pode ganhar na loteria e nem sempre o dinheiro dá para comprar um jatinho. Mas você curte isso com os amigos. Então, esse é o chamado sonho irrealizável. 

        A terceira categoria é o sonho psíquico, que você sonha quando está dormindo. Que sua psique, seu inconsciente, projeta determinadas situações e que há uma série de interpretações. 

        O pai da psicanálise - o médico psiquiatra Sigmund Freud - escreveu um livro, em 1900, intitulado "A Interpretação dos Sonhos", que se tornou popular. Mas, ainda assim, com múltiplas variáveis em interpretações no campo da psicologia. E, de quebra, cada pessoa tem sua própria interpretação, mas, muitas vezes, fica encabulada com as opiniões desses profissionais da saúde mental. 

        Esse é um problema, porém, a pessoa não deve se apavorar porque sonhou com um defunto, porque sonhou com uma pessoa conhecida que já morreu - um irmão, um pai, um amigo - achar que vai morrer no outro dia, que o falecido está lhe convidando a fazer companhia. Ou sonhar que está num despenhadeiro sendo perseguido por um ladrão e ficar apavorado, ao acordar, achando que vai morrer no dia seguinte. Isso é irreal.

        Há, ainda, uma outra modalidade que é praticar ações que não estejam ao alcance de suas mãos e dos seus pés. E isso acontece muito. Pessoas que não tem condições de fazer determinadas coisas e fazem ou insistem em fazer e se endividam. E, muitas vezes, acabam perdendo tudo e indo parar na justiça. Então é preciso ter muito cuidado com essa prática e a família influencia nisso. 

     - “Meu pai, você precisa comprar um apartamento melhor, tem apartamento de 4 quartos à venda", sugere o filho. 

      O pai responde: - "Meu filho aqui onde vivemos está bem, confortável, com as condições financeiras que eu tenho”. 

       E o filho replica: "Vamos tomar um dinheiro emprestado no banco e fazer o negócio". E o pai entra nessa e se estrepa. 

        Isso acontece muitas vezes. O cidadão ter um veículo modesto, que satisfaz a família, atende-os perfeitamente, mas quer comprar uma Hilux (porque seu vizinho tem uma) e se empepina todo, fica endividado e acaba tendo problemas judiciais. Essa é uma questão importante que as pessoas não devem confundir ou misturar o sonho real - que é muito importante - com o sonho e irreal, que não pode ser realizado. Essas coisas se devem ter muito cuidado e deve ter muita atenção.
 
Então como eu faço em todos os programas vou dar as cinco dicas da mão do Seramov, as cinco flechas douradas, para que você tenha uma orientação em relação a essa questão.

A primeira delas está relacionada a um provérbio econômico que diz o seguinte: - As pequenas economias fazem as fortunas. Claro que isso é uma coisa figurativa e ninguém junta um dinheirinho no mealheiro e imagina que vai fazer uma grande fortuna, isso é praticamente impossível. Mas tem um sentido importante que é o controle. Que é o controle que você faz do seu encaminhamento de vida, uma heurística. Isto é: uma regra geral simples, prática e fácil de aplicar. E você fica distante das bolsas de valores e outros; e tem sua vida tranquila e equilibrada.

A segunda dica também está na área da economia, que (dizem) é a base da prosperidade. Se você trabalha, se você se dedica a determinada coisa, você promove determinadas economias e prospera. Não pode ter pressa. O bom vinho é o mais antigo. Os livros mais lidos da história da literatura têm centenas de anos, até milhares. Eu posso dar exemplo próprio; já mudei minha vida em vários patamares (ciclo vida-morte-vida), desde a época de estudante, iniciante de jornalista (foca), profissional de imprensa, editor, empreendedor. Isso aí foi conseguido ao longo de muitos anos de trabalho e é assim que as pessoas devem se comportar. Não botar o carro à frente dos bois e se estropiar. Gerenciar os possíveis riscos ao longo da trajetória.

       A terceira dica é exatamente aquele ponto do inatingível. Você não deve se arriscar a praticar o que não pode, o que as suas condições financeiras não permitem. Não adianta você sonhar em ter uma lancha se você não tem condições de comprar. Eu curto, ando muito com minha mulher na orla da Barra, em Salvador, e a gente curte, vai na praia vai andando ali pelo calçadão da Barra e vê sempre aquelas lanchas bacanas ao mar. Aí eu digo a ela: “Meu sonho é comprar uma lancha daquela para passear com você, curtir o mar, convidar os amigos para degustar uma champagne...” e a gente dá muita risada, toma água de coco na tenda de Conceição e volta para casa feliz da vida sabendo que aquilo era uma brincadeira. Mas tem muita gente que pensa que pode fazer isso e acaba se endividando e se complicado financeiramente.

     A quarta dica é que os nossos sonhos se modificam ao longo da vida. Claro, o sonho de uma criança é um, o sonho de um adolescente é outro, o sonho da juventude é outro, o sonho do adulto é outro e o sonho da velhice também é outro. Eu tiro isso por experiência própria porque agora estou na fase da velhice. Então os meus sonhos hoje são muito limitados porque não adianta eu ficar querendo fazer determinadas coisas que não vou conseguir. Então, se eu imaginar que eu vou para Ásia, que eu vou conhecer o Oriente Médio - tenho até vontade - mas eu vejo pela televisão porque não tenho mais condições de fazer isso. Esse é um ponto importante. Cada tempo na sua vida tem um tipo de sonho, mas sempre pensando em sonhar com o pé no chão. 

E a quinta e última dica está relacionada exatamente a esse conceito de que cada pessoa tem um determinado tipo de vida. Não querer imitar determinados tipos de situações que você não tem condições para alcançar. Então se contente com o que você tem. A felicidade não está exatamente na riqueza, nos bens materiais. São importantes, são bons, são bacanas, mas não é por aí. A felicidade não está em ter uma soma de recursos em dinheiro. Pratique, no entanto, a opcionalidade racional, mude de opinião com base em descobertas, em novas informações e seja feliz para sempre.